30 junho 2008

Textos de Administração










5 Falas dos Líderes
10 Mandamentos do E-Mail, Os
10 Mandamentos do Feng Shui Moderno
12 Dicas para Combater Spams e Vírus
17 Leis Universais
18 Características de um Bom Mentiroso

Abertos à Mudança
Ação e Vida em Equipe
Administrando as Coisas de Casa
Administrando o Erro
Ajustamento e Produtividade
Algoritmos e Redes Sociais
Aprendizagem pela Ação
Atendimento ao Público

Bons Ouvintes

Cérebro e o Erro, O
Cliente e Recepção
Como Administrar o seu Chefe
Como Convencer Mais Facilmente as Pessoas
Como Ser um Bom Líder
Conceito de Liderança
Concentração e o Barulho Externo, A
Conservação de Alimentos
Conversas Difíceis
Criatividade: Frases
Criatividade e Propaganda
Criatividade e Redação (Frases)

Desafio à Autoridade
Descobrir Talentos
Dicas de Cursos: Internet
Direção e Reclamação
Diretoria Executiva e Bem Comum
Dirigente, a Psicologia e as Necessidades
Discussão em Grupo
Disputa pela nossa Atenção, A

Eficiência Pessoal
Esforço Intelectual, O
Excesso de opções

Faça Agora: Eficiência Pessoal
Feng Shui: Algumas Notas
Foco Define a Sorte - Papo de Líder
Frases sobre Liderança

Grandes Estrategistas e Administração
Grupo e Oposição
Grupo: Pontos Fortes e Fracos

Indivíduo e o Grupo
Influência e Resultados
Infoempresário
Informática
Internet: para o Bem ou para o Mal

Líder, a Comunicação e o Comportamento
Líder Motivador

Manual de Ginástica Mental: Algumas Notas
Marketing de Interrupção ou de Permissão?
Metáfora da Mala
Místicos e a Liderança
Modelos Mentais de Liderança

Neuropedagogia
Níveis de Conflito
Noções de Criatividade
Nossa Ginástica Mental de Cada Dia
Notas do Livro "Seu Filho Pode Ser Einstein

Oitavo Hábito: da Eficácia à Grandeza
Origem dos Algarismos

Por que Ouvimos Mal?
Princípios de Diálogo

Regra 80/20, A
Relação entre o Mestre e o Discípulo

Sentindo-se Leve: Desfazendo-se do Supérfluo
Solução Positiva de Conflitos

Técnicas para Liberar a Criatividade

Urgência e Importância

Ver, Julgar, Agir
Verdade e os 13 Motivos (Notas de livro)

Zen e a Clareza da Mente

Textos de Oratória












5 Passos para Aprender Qualquer Assunto
6 Características dos Comunicadores Fora de Série
10 Erros Graves
100 Erros mais comuns na Comunicação, Os

Abrir a Mente para Aprender Mais
Agrupamento de Palavras
Algumas Atitudes que o Orador Espírita deve Evitar
Aprenda a se Comunicar (+ áudio)
Aprender a Desaprender
Aprendizagem Contínua
Aprendizagem e Memorização
Argumentação
Argumentação Científica
Argumentando com o Auditório
Argumentar: Convencer e Persuadir
Argumento e Argumentação
Arte da Audição
Arte de Argumentar
Arte de Calar
Áudio: Curso de Expositor e Oratória
Aula versus Palestra
Aumentar a Inteligência

Banquete de Platão e a Oratória, O
Barreiras à Comunicação Humana e sua Minimização, As
Bom Português, O
Blogs e Sites do Autor

Cérebro e Alimentação
Cérebro e Pensamento
Cinco Palavras para Estimular o Cérebro
Como Estudar e Como Aprender
Como Falar para as Pessoas Ouvirem
Como Preparar um Tema
Comunicação: Ênfase
Comunicação e Interesse
Comunicação Genuína
Comunicação Interpessoal
Cone do Aprendizado
Confiança e Determinação
Contador de Histórias
Conversação e Oratória

Debate e Refutação
Demóstenes e os Quatro Elementos da Retórica
Diálogo
Dicas para Ler em Público
Dicção e Impostação da Voz
Discurso
Discurso Político
Discurso: Lógica e Dialética
Drama, Tragédia e Comédia

Educação: Discurso Humano e Discurso Filosófico
Educar os Ouvidos
Eloquência
Ensino
Ensino e Aprendizagem
Enunciação do Discurso: Lógica e Dialética
Escrever
Escrever: Exercício do Pensamento
Etimologia e Semântica
Exercício para Dicção e Impostação da Voz
Exercitando a Escrita

Fábula
Folha em Branco
Frases sobre o Dia do Professor
Frases sobre Oratória

Gestos e Gesticulação
Google e a Memória, O

História da Palavra

Ideias Afins
Informação e Comunicação
Início de Discurso: Alguns Exemplos
Instrutor Espírita
Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade

Leitura Eficaz
Leitura em Voz Alta
Linguagem e Discurso

Mapas Conceituais
Medo de Falar em Público
Memória: Seis Etapas para uma Boa Memorização
Métodos de Ensino

Notas do Livro "Confissões de um Orador Público"
Notas do Livro "Oratória Descomplicada"

Orador e o Tédio
Orador e Palestra Frustada
Orador e Temas Correlatos
Ouvir os Outros

Palavra, A
Persuasão
Persuasão e Retórica
Persuasão na Religião
Poeta Nasce e o Orador se Faz, O
Postura Correta para Sentar-se frente ao Computador
Preparação de Sermões
Professor Emancipador
Provérbios - em Inglês

Recursos Audiovisuais
Reinaldo Polito no Papo de Líder
Relação Ensino-Aprendizagem
Retórica: Anedota de Protágoras
Retórica: Exemplo de Demóstenes
Roteiro de Palestra Usando o Mapa da Mente (MM)

Sem Compreensão não Há Comunicação
Semântica
Sete Quês, Os
Signo e Comunicação
Símbolo e Comunicação
Sintonia entre o Orador e o Auditório

TED: Palestras de 18 minutos
Tentativa e Erro: Método Eficaz de Aprendizagem
Trava-Língua
Três Inimigos da Oratória, Os

Uso da Crase, O

28 junho 2008

Ver, Julgar, Agir

Ver-Julgar-Agir é um método de ensino. Ele pode ser, tranquilamente, aplicado em grupos pequenos, sejam quais forem os seus objetivos. No que ele consiste? Em exercitar o senso crítico, que é ter plena consciência dos nossos atos. Por quê? Há grupos que se formam somente para a ação; há grupos que se formam apenas para a reflexão. Neste caso, propõe-se a ação fundamentada na reflexão, reflexão esta auxiliada pela aplicação dos ensinos morais trazidos por Jesus Cristo.

O método ver-julgar-agir permite que os grupos tenham uma visão mais acurada da realidade. Muitos grupos arrumadinhos acabam formando quase que um gueto: todos pensam do mesmo modo, sem contradições, o que pode ocasionar o comodismo. Muitos nem sabem o que se passa ao seu redor, nos seus bairros, nas suas escolas, nem qual é o sentimento daqueles que os acompanham diuturnamente. É preciso, pois, quebrar essas amarras do pensamento. Como? Aplicando esse método em tudo o que passar pela nossa cabeça.

Há, na sociedade, muitos dispositivos para nos iludir. A propaganda, na televisão, por exemplo, quer nos vender produtos de que não temos necessidade. Observe com que tintas e com que cores são pintadas as propagandas de cigarros e bebidas. Vende-se a ideia de que, saboreando aquela bebida ou aquele cigarro, seremos pessoas importantes, teremos o nosso automóvel, conquistaremos parceiros ou parceiras bonitas e tudo o mais. Aí está a falsa realidade que precisa ser repensada.

Educação, como é comentada nos meios acadêmicos, pode tomar dois rumos bem diferentes: a) como "recipiente vazio"; b) como libertadora de consciência. Na educação tipo "recipiente vazio", também chamada "educação bancária", porque ela funciona como uma conta bancária, em que se deposita e saca-se dinheiro, não há manuseio das informações. Há o professor que explica e o aluno que aprende. Na educação libertadora, tanto o aluno quanto o professor aprendem.

Na educação para a liberdade, os alunos também ensinam. Observe que a tese espírita muito concorre para essa percepção. Segundo o Espiritismo, o Espírito já viveu muitas vidas. A idade física não tem muita relação com a idade intelectual e moral. Se um Espírito fez progressos em encarnações passadas, ele pode perfeitamente estar matriculado como aluno numa sala de aula, mas possuir mais conhecimento do que o professor que o ensina, de modo que ele, com sua experiência de outras vidas, pode também ser útil à propagação do ensino.

Olhemos tudo com muita atenção, procurando exercitar o juízo crítico, não de crítica. Posteriormente, lembremo-nos de colocar em prática o que foi exaustivamente refletido. Este é o método por excelência.

Fonte de Consulta

BORAN, J. O Senso Crítico e o Método Ver-Julgar-Agir: Para Pequenos Grupos. São Paulo: Loyola, 1971.

 

Ouvir os Outros

Segundo Ralph G. Nichols e Leonard A. Stevens "A eficácia da palavra falada não depende tanto do modo como as pessoas falam, mas principalmente de como elas escutam". Podemos afirmar, sem medo de errar, que a maioria dos seres humanos não sabe ouvir corretamente. Entre tais desvios da audição encontra-se a falta de tolerância para com as necessidades de expressão do interlocutor. Quando lhe fechamos os ouvidos, além de sermos injustos, não lhe concedemos o respeito que merece como ser humano.

Fomos educados para a leitura e não para a audição. Se tomarmos qualquer unidade escolar – do primário ao doutorado –, verificaremos que a educação está centrada na leitura. Esquecemo-nos de que ¾ da nossa vida de relação se processa através dos ouvidos. A palavra nos vem por intermédio do rádio, da televisão, da conferência, da aula. Se todos os empregados de uma empresa fossem bons ouvintes, não haveria necessidade de tantos papéis circulando em forma de memorando.

Qual o principal entrave à audição? De acordo com alguns estudiosos do assunto, a grande dificuldade está em ajustar a velocidade do pensamento com a velocidade das palavras articuladas. A velocidade média com que as pessoas falam é aproximadamente 125 palavras por minuto. Pergunta-se: enquanto estamos ouvindo, o que estão fazendo as bilhões de células do nosso cérebro? Observe que o tédio surge justamente quando temos de ouvir algo e não sabemos o que fazer da audição, ou quando não sabemos adaptar o fluxo de informações com o fluxo do pensamento.

Como ouvir melhor? Há alguma regra? A principal delas é ajustar o pensamento às palavras recebidas. Ao falarmos, transformamos o pensamento em palavras; ao ouvirmos, fazemos o contrário, ou seja, transformamos as palavras em pensamento lógico. Em virtude do nosso interesse e dos nossos filtros emocionais, a quantidade de informações armazenadas em nosso cérebro acaba sendo irrisória. Isto porque só admitimos a entrada daquilo que afirma nossas próprias convicções. O que nos contraria é eliminado logo de entrada.

Quais são os ganhos de sermos bons ouvintes? Primeiramente, haverá maior eficácia na comunicação, pois todos os interessados ficam concentrados no tema. Em segundo lugar, aproveitaremos melhor o tempo, pois não faremos crítica de imediato, esperando o término da exposição para tal mister. Quando nos exercitamos em ouvir bem, o nosso pensamento antecipa as palavras que o interlocutor irá proferir. Além do mais, estando com a mente aberta podemos, de vez em quando, fazer um resumo mental do que o orador disse e com isso nos mantermos focalizados no objeto da discussão.

Esforcemo-nos por ouvir coisas que nos contrariam. Esta atitude mental amplia sobremaneira a nossa capacidade de tratarmos racionalmente os problemas que nos visitam. Tornamo-nos mais flexíveis e cônscios de que os outros também pensam e têm as suas razões.

Fonte de Consulta

HARVARD BUSINESS REVIEW. Comunicação nas Empresas. Tradução por Marylene Pinto Maciel. Rio de Janeiro: Campus, 2001 (Harvard Business Review)

 


Orador e Palestra Frustada

Um orador novato sobe ao tablado para fazer a sua primeira peça oratória diante de um público exigente. Dá-se mal, perde-se no meio do seu discurso e não consegue responder satisfatoriamente às questões formuladas. Como avaliar positivamente uma situação aparentemente negativa? Como transformar o fracasso, a experiência frustrada num êxito triunfal?

Uma peça oratória tem regras bem definidas, embora a maioria de nós não se dá conta. Em primeiro lugar, deve-se preparar um roteiro. O roteiro deve incluir não só a conceituação do tema central como também dos seus correlatos. Há que se preocupar com um histórico, a fim de introduzir o ouvinte naquilo que estamos dispostos a transmitir. Além disso, deve-se ser fiel à ideia central, a fim de que o nosso pensamento não se desvie do assunto.

Em se tratando de uma palestra no Centro Espírita, o orador deve se fundamentar nas Obras Básicas do Espiritismo. Sem um conhecimento profundo de "O Livro dos Espíritos", do "Evangelho Segundo o Espiritismo", da "Gênese" etc., fica difícil responder satisfatoriamente às questões formuladas. Faltando-nos essa base, respondemos sem muita convicção e o público, sequioso de conhecimento, embaraça-nos mais ainda, ao tentar obter uma explicação razoável da sua dúvida.

O orador atento a esses detalhes poderá melhorar substancialmente o conteúdo de sua palestra. Lembremo-nos de que os grandes homens, principalmente os cientistas, tiveram muitas experiências frustradas, até conseguirem êxito em suas pesquisas. Observe a vida de um Édison, de um Einstein, de um Lincoln etc. Por isso, afirma-se que o "êxito é um por cento de inspiração e noventa e nove por cento de transpiração". Assim, qualquer situação constrangedora em nosso caminho deve ser mais um desafio aos nossos brios do que motivo de desânimo.

Convém fazer uma analogia entre o cientista e o orador. Tanto um quanto o outro deve experimentar. Uma nova palestra pode ser considerada um ensaio. Falar, ouvir críticas e corrigir são as tônicas do bom orador. Consultar livros, perguntar para quem sabe mais auxiliam sobremaneira. "Errando, corrige-se o erro", diz o anexim. Somente pelo erro aprendemos bem. Por isso, o expositor que souber fazer uso de sua limitação terá condições de crescer e tornar-se um divulgador valioso da Doutrina Espírita.

O mérito do ser humano está centrado na sua capacidade de transformar as experiências negativas em realizações produtivas. Para isso, tem que estimular os seus dotes interiores, a fim de angariar forças para a continuidade de sua nobre tarefa.




27 junho 2008

Linguagem e Discurso

cérebro é o órgão mais volumoso do encéfalo, ocupando quase toda a caixa craniana. Pesa aproximadamente 1.100 gramas. Desempenha, entre outras funções, a do raciocínio e da linguagem. Nosso propósito é relacioná-lo com o discurso.

cérebro é um ordenador de palavras. Suponha que haja várias palavras anotadas numa folha de papel. O cérebro registra-as, procurando ordená-las logicamente. Por isso, quando cometemos um erro de linguagem, nosso cérebro põe-se logo a corrigir para dar sentido ao pensamento. Por exemplo, a indagação filosófica sobre o tempo deve ser feita através da questão: "Que é tempo?". Invertendo a ordem das palavras, ou seja, perguntando: "É que tempo?" ou "Que tempo é?", não atendemos ao objetivo proposto, embora, também, sejam questões filosóficas.

Expressamo-nos pela linguagem. O uso da palavra, articulada ou escrita deve ser ponderado, a fim de nos comunicarmos eficazmente com os nossos semelhantes. Para que a mensagem não se dilua, emissor e receptor devem estar em perfeita sintonia. Fazendo uso de nossa maquinaria cerebral, esforcemo-nos por bem exprimir o que pensamos. Somente assim criaremos o hábito de processar logicamente as ideias em nosso cérebro.

discurso de um ser mede a estatura espiritual de sua alma. Podemos usar palavras de efeito, mas comunicamos somente o que somos. Quando expressamos unicamente o conteúdo dos livros, tornamo-nos cópias dos autores. Porém, se refletirmos criteriosamente sobre os escritos, construiremos um sólido conhecimento. A partir daí, o nosso discurso adquire característica própria, que nos distingue dos demais.

A fala e a escrita são criativas. Começamos a falar e subitamente notamos que se desenvolvem novos pensamentos enquanto falamos; começamos a escrever o que sabemos, porém, muitas vezes, surgem novos conhecimentos enquanto se escreve. Para que a criatividade torne-se um fato concreto, precisamos de segurança pessoal, comunicação e atividade. Eis o fundamento básico para a criação de novos conteúdos da consciência.

O discurso, falado ou escrito, é mola propulsora de nosso desenvolvimento moral e intelectual. Saibamos exercitá-lo com confiança e determinação, a fim de melhor aproveitar as oportunidades que a vida nos oferece.

Fonte de Consulta

PÖPPEL, E. Fronteiras da Consciência, a Realidade e a Experiência do Mundo. Rio de Janeiro, Edições 70, 1989.


História da Palavra

Um estudo sobre a história da palavra leva-nos naturalmente a questionar a sua origem: como surgiu? Em que época? Por que o ser humano precisa da palavra? O que a palavra difere da comunicação animal? O homem passou progressivamente do grunhido à articulação da palavra ou foi dotado dela logo de início? Há dificuldade em responder a essas perguntas. As pesquisas antropológicas pouca luz nos oferecem. O desconhecimento da origem não nos impede de classificá-la em três estádios, de acordo com as condições sociais vigentes: democracia, individualismo e recuo da violência.

A sociedade pré-histórica e o mundo primitivo dão-nos algumas informações sobre o uso da palavra. O homo sapiens sapiens, de 100 mil anos atrás, por exemplo, vivia da caça e da pesca, num clima propício às geleiras. Em vista disso, surgiram os povos nômades que, uma vez explorada uma região, partiam imediatamente para outra. Nesse estádio da evolução, os "estilos gráficos" são apontados como uma das formas de comunicação. Além disso, ao contrário da sociedade moderna, dominada pela imagem, a palavra oral é a que mais se utilizava naquela época.

Em termos históricos, a sociedade grega da Antiguidade oferece-nos as condições necessárias – a democracia – para a verdadeira manifestação da palavra oral. Foi no regime democrático que a téchne rhetoriké, a "arte de convencer", a arte da manipulação da palavra como instrumento do "parecer" desenvolveu-se rapidamente. Nesse regime, a palavra era um meio de igualdade social, pois todos tinham o direito de expressar o seu pensamento. Daí, a figura proeminente do sofista, o artífice da argumentação, que ensinava as pessoas a bem conduzir uma discussão.

Na Idade Média, a democracia cede espaço ao absolutismo. A religião tem um domínio amplo sobre todas as atividades, inclusive as econômicas. É o regime feudal, em que as pessoas viviam isoladas, fechadas em seus feudos. Os escolásticos abusavam da palavra, principalmente pela disputatio. Posteriormente, surgiu a Renascença, fator estimulador do individualismo – o segundo estádio do uso da palavra. Nesse período, as Confissões de Santo Agostinho abre caminho para a metáfora da interioridade: cada pessoa é única e a sua palavra, também única, reflete a sua interioridade.

A característica das sociedades modernas é o recuo da violência, o terceiro estádio do uso da palavra. A ênfase histórica é dada às sociedades modernas, mas nada nos impede de observá-la ao longo do tempo. Na tábua dos Dez Mandamentos, está implícito um verdadeiro combate à violência. O "não matarás", o "não roubarás" e o "não cobiçarás a mulher do próximo" são normas para coibir a violência da época. Os regimes democráticos da atualidade propiciam, através da discussão de seus legítimos representantes do povo, as condições necessárias para debelar a violência que graça em todas as esferas sociais.

A palavra é força propulsora. Com ela podemos dominar, aprisionar, matar, mas também libertar, enaltecer e fazer as pessoas direcionarem os seus pensamentos para a verdade e o progresso de si mesmas.

Fonte de Consulta

BRETON, Philippe. Elogio da Palavra. Tradução de Nicolas Nyimi Campanário. São Paulo: Loyola, 2006.

 


Relação Ensino-Aprendizagem

Ninguém ensina ninguém? É possível o aprendizado? Está correta a frase de Kant em que afirma que não devemos aprender filosofia e sim aprender a filosofar? Há métodos de ensino? E de aprendizagem? Quem é que mais aprende: o professor ou o aluno? Ensinamos somente com as matérias expostas na sala de aula? Reflitamos sobre esse tema da atualidade didática.

Comecemos, primeiramente, com uma certa dose de desconfiança em relação à perfeita sintonia entre o ensino e a aprendizagem, ou seja, entre aquilo que ensinamos e o que o aluno aprende, entre o que transmitimos e o que aluno assimila. A comunicação interpessoal tem muitas barreiras: barulhos, distrações, ignorância do assunto, falta de interesse etc. Isso tudo impossibilita que a mensagem transmitida pelo emissor (professor) chegue inteira na mente do receptor (aluno).

A relação ensino-aprendizagem assemelha-se à Parábola do Semeador. Nessa parábola, contada por Jesus, o semeador saiu a semear: algumas sementes caíram à beira da estrada, outras entre os pedregulhos, outras no meio do espinheiro e outras em terra fértil. As sementes que caíram em terra fértil germinaram e deram frutos cento por um. Do mesmo modo são os ensinamentos: o professor transmite uma única mensagem; como há diversos tipos de cabeças, haverá diversos tipos de aprendizado. Somente a cabeça concentrada na mensagem receberá cento por um.

Um professor, quando prepara a sua aula, pensa na melhor forma de transmitir os seus conhecimentos. Ele planeja o seu roteiro, cria seus gráficos, elabora suas transparências e utiliza toda a sorte de recursos, para tornar o ensino o mais produtivo possível. Se, por outro lado, a cabeça do aluno estiver em outra dimensão, com certeza não atingirá o seu objetivo, porque o ensino foi transmitido, mas não houve recepção por parte do aluno. É por isso que não se pode confiar plenamente nessa relação cômoda de ensino-aprendizagem.

Para que tenha êxito em suas explanações, o professor não deve se colocar como o "sabe-tudo", aquele que é superior ao aluno. Convém partir de um não-saber, de um não-professor, a fim de que tanto um quanto o outro se empenhe numa espécie de "oficina de conceitos", onde, juntos, procurarão uma nova relação entre o ensino e a aprendizagem. Em pé de igualdade, haverá maior produtividade do ensino: muitas coisas que ele imaginava importantes deixam de ser e, muitas outras, que não dava importância acabam tendo.

Se há métodos para ensinar, não os há para aprender: o ensino é público; o aprendizado, pessoal. A aprendizagem depende muito do que o aluno já conhece, do seu interesse em aprender e da sua atitude frente ao conhecimento. É possível que, na educação voltada para a memorização, ele dedique pouco tempo na absorção da matéria; contudo, na educação voltada para o "conceito", ele pode se empenhar cem por cento. Uma árvore produz somente os frutos de que é capaz: um abacateiro só pode dar abacate e não uvas.

É preciso, pois, muita cautela, para transmitir com qualidade. Não nos esqueçamos de que os nossos gestos e a nossa conduta ensinam muito mais do que o discurso didático.

 

26 junho 2008

Ensino

A etimologia da palavra ensino deriva de ensinar, que vem do latim in+signare e significa pôr marcas ou sinais, designar e mostrar coisas. O professor, quando ensina, coloca uma marca no aluno. Na linguagem espanhola, a palavra ensinar corresponde a enseñar e significa mostrar, como na frase enseñame tu livro (mostra-me o teu livro). A dinâmica do ensino tem muito a ver com sua etimologia, ou seja, tornar as coisas legíveis, que se traduz na clareza da exposição para um aprendizado eficiente dos alunos.

O conceito de ensino abarca muitos sentidos. Algumas vezes fala-se de ensino como sendo um setor da organização social de um país, tal como a Saúde e a Segurança Pública; outras vezes, como uma ação da qual se espera um determinado efeito; pode também significar a maneira de estruturar ou organizar a própria ação de ensinar; há ainda a acepção de ensino como domínio de especialização e investigação, consagrado ou não academicamente.

ensino ação remete-nos a uma situação em que o emissor A deve transmitir uma mensagem ao receptor B. A é o professor; B o aluno. Nessa relação há um professor que ensina e um aluno que aprende. Se um ensina e o outro não aprende não podemos dizer que houve ensino. Por isso, o par ensino-aprendizagem tem mais peso do que simplesmente a palavra ensino. Como pôr marcas no outro se este não as aceita, se este não as entende? Por isso, a inclusão dos meios didáticos na relação entre o professor e o aluno é de vital importância.

A comparação entre a Escola Tradicional — docendicêntrica — e a Escola Moderna — discendicêntrica — está sempre presente na relação ensino-aprendizagem. No conceito de escola tradicional aliam-se outros conceitos tais quais diretividade do professor, passivismo do aluno, memorização da aprendizagem e ensino oral. No conceito de escola nova ligam-se conceitos como ativismo do aluno, aprendizagem por intuição e descoberta, ensino audiovisual e não-diretivdade do professor. Esse antagonismo vara os séculos e, ainda hoje, serve de tema para muitos debates a respeito da educação.

Uma avaliação mais crítica mostra que não há uma separação radical entre a Escola Nova e a Escola Velha. Observe que um professor da escola velha pode ser mais dinâmico e mais didático do que o professor da escola nova. O método serve apenas para obter um fim; ele não deve ser um fim em si mesmo. Podemos estar usando as tecnologias modernas, tais como o retroprojetor e o data show e não estarmos comunicando eficientemente as nossas idéias. Por outro lado, o professor que não faz uso desse instrumental pode estar construindo um saber muito mais consistente.

O ensino é o ponto central de qualquer comunicação. Moderemos nossas palavras para transmitirmos tudo com clareza e correção gramatical.

Fonte de Consulta

POLIS - ENCICLOPÉDIA VERBO DA SOCIEDADE E DO ESTADO. São Paulo: Verbo, 1986.

Compilaçãohttps://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/ensino-esp%C3%ADrita-crist%C3%A3o

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O erro fundamental do projeto de transmissão consiste na crença de que se podem transmitir conhecimentos como se passam os conteúdos de um recipiente para outro, ou como se transfere um objeto de um proprietário para outro.

O conhecimento é a capacidade de ação efetiva ou simbólica, material ou verbal, e essa capacidade está ligada à existência de esquemas provenientes da ação. Um esquema é uma disposição para agir, uma estrutura potencial para ações futuras, tais como elas se desenvolverão segundo formas semelhantes àquela assumida pelas ações anteriormente organizadas em circunstâncias semelhantes. 

"Tudo o que inventa sobre a educação é lastimável, se não refletirmos sobre a dificuldade de pensar." (Alain — Propos sur l'education)

"As crianças de quem se espera menos podem aprender rapidamente se todos simplesmente lhes derem os meios de aprender e se evitar instruí-las." (C. R. Rogers — Liberdade para Aprender)

Fonte de Consulta

NOT, Louis. Ensinando a Aprender: Elementos de Psicodidática Geral. Tradução de Carmem Sylvia Guedes e Cláudia Signorini. São Paulo: Summus, 1993. 




Educar os Ouvidos

"Dois olhos, dois ouvidos, só a boca que não tem par. Por isso, é mais prudente ver ouvir do que falar".

Ouvir é solidarizar-se com o próximo, é prestar o devido respeito à sua personalidade. Quem ouve pratica a caridade dos ouvidos, pois os empresta a quem fala. A caridade de ouvir, porém, deve ser espontânea, fazendo parte do desenvolvimento integral do ser humano. Reflitamos sobre a arte de ouvir, muito esquecida nos dias que correm.

Ouvirmo-nos mutuamente é um aprendizado constante. As escolas ainda não perceberam essa verdade, pois dão mais ênfase ao ler (usar os olhos) do que ao ouvir. Esquecemo-nos de que passamos muito mais tempo ouvindo do que falando. E, mesmos sozinhos, estamos ouvindo a voz de nossa consciência, que é como algo que fala ao nosso ouvido, ao nosso cérebro. É na alteridade que os seres humanos se complementam. Assim, podemos aprender muito ouvindo o trabalhador braçal, o arquiteto e também o homem religioso.

Aristóteles, em sua Metafísica, deu muita importância ao olhar, mas não se descuidou do ouvir. J. Grimm, por sua vez, afirma que "O olho é um senhor, o ouvido um escravo, aquele olha em redor, para onde ele quer, este acolhe o que a ele é levado". Daí, a tirania do olhar desenvolvida no ocidente. A religião, ao contrário, procurou atingir os ouvidos dos seus fiéis. Observe que Martinho Lutero, bem como todo o movimento protestante posterior, enfatizou a dimensão do ouvir a palavra em oposição à veneração e contemplação da imagem.

O ouvido é a porta de entrada às orientações espirituais. Para captarmos, porém, as vozes dos Espíritos superiores, há um requisito básico: fazermos silêncio interior e exterior. Pergunta-se: como os Espíritos de luz podem se comunicar conosco, se permanecemos o tempo todo presos às necessidades materiais da subsistência física? É preciso reservar alguns minutos do nosso precioso tempo para o cultivo de nossa vida espiritual. Para tanto, convém escolher dia e hora, mantendo-os disciplinadamente.

Uma amizade deve ser regrada pelo ouvir e pelo falar. Muito mais pelo ouvir. Por que? Quando ouvimos o outro, criamos uma empatia, que é "entrar dentro do outro", "sentir as suas emoções". A simpatia (união das emoções) e a antipatia (oposição das emoções) não auxiliam muito, porque deturpam o verdadeiro sentimento, ora influenciado pelo otimismo exagerado, ora pelo pessimismo perverso. Cabe-nos, no exercício do ouvir, eliminar paulatinamente os dogmas e os preconceitos.

Ouçamos atentamente o que o nosso irmão tem a nos dizer. Ele não foi colocado em nosso caminho por acaso. Percebamos, antes, o tipo de ensinamento ele está nos transmitindo.

 

 


Educação: Discurso Humano e Discurso Filosófico

discurso humano não se restringe somente à fala e à escrita. Ele representa o próprio existir. O verbo existir (de ex + sistere) tem, entre outros, o significado de ir do que é para o que pode ser. O colocar-se para fora de si envolve infinitas fases de expressão: indivíduo, cultura e sociedade. Dessa forma, o trajar-se transforma-se numa fala expressiva da realidade sócio-cultural (moda) e da realidade pessoal (singularidade de caráter que escapa aos condicionamentos).

discurso educacional difere substancialmente do discurso humano? Se, num conceito amplo, dissermos que o discurso humano é toda expressividade do homem; se avançando mais dissermos que o discurso do homem é fugidio, isto é, ao mesmo tempo que revela, esconde; ao mesmo tempo que diz a verdade, mente, haveria o discurso educacional de ser simples e de fácil decodificação? Também ele revela e esconde, afirma e nega. De tal modo que toda leitura reducionista e simples do texto educacional é enganosa.

discurso filosófico difere do discurso humano e do discurso educacional? A resposta a essa questão requer a reflexão que se segue: a educação desenvolve-se em quatro níveis de hierarquia crescente: o da técnica, o da ação, o da ciência, o da sabedoria. A técnica relaciona-se ao "homem fabricante"; a ação, ao "homem ético"; a ciência, ao "homem profundo"; a sabedoria, ao "homem integral". O discurso filosófico refere-se à sabedoria que, transcendendo a técnica, a ação e a ciência, transforma-os em impulsos-amor.

O educador, não o podemos negar, é aquele que intervém em vidas. Para tanto, necessita de muito equilíbrio consciente, o que só alcançará interpelando a sabedoria filosófica e, ouvindo-a, chegar à consciência de sua ciência. Assim, procurará intervir sem invadir, propor sem impor, tentar esclarecimentos sem dar soluções dogmáticas. O importante é que o educador tenha mente aberta e esteja perceptivo ao crescimento de todas as pessoas envolvidas no processo de aprendizagem.

A filosofia não pode ser um discurso que se fecha sobre si mesma. Ela deve abrir-se aos discursos da ciência. Não há sabedoria no isolamento. Igualmente, a ciência deve abrir-se ao discurso filosófico, pois, negando-o, pode incorrer na formação de especialistas ignorantes de tudo o mais. Dessa forma, o filósofo e o cientista devem estar constantemente se comunicando, a fim de não tornar os seus conhecimentos totalmente esotéricos.

Construamos o nosso discurso educacional dentro do mais amplo entendimento. Só assim conseguiremos transmitir o conhecimento impregnado da mais alta dose de verdade.

Fonte de Consulta

MORAIS, R. de. Discurso Humano e Discurso Filosófico na Educação. In MORAIS, R. de (org.). Filosofia, Educação e Sociedade: ensaios filosóficos. Campinas, SP, Papirus, 1989.


Discurso: Lógica e Dialética

A filosofia tem o seu universo, ou seja, o "universo do discurso". É uma argumentação de ideias. Há sempre um perguntar. Não se pergunta por perguntar, mas para obter uma resposta. Não qualquer resposta, porém uma resposta que aclare e explique. A insatisfação da resposta gera novas perguntas, de tal modo que se amplie a visão do tema estudado. Em linguagem mais simples: é um aprofundamento do assunto tratado.

O orador deve ser apto para falar sobre qualquer assunto e em qualquer lugar. Para tanto, deve ter em mente as noções de lógica e de dialética. A lógica é a condução correta do pensamento; a dialética, na boa visão de Hegel, é o diálogo dos opostos. Quer dizer, à toda afirmação corresponde uma contradição. Observe que geralmente aprendemos mais pelos erros do que pelos acertos, tomamos mais consciência do bem através do mal do que pelo próprio bem.

O fato de haver pontos de vista opostos aos nossos não deve nos intimidar. Muito pelo contrário, devemos, a cada passo, estimular ainda mais a confiança em nós mesmos. Somos mais capazes do que imaginamos. A partir do momento que soubermos fazer nexo com os fatos e com os acontecimentos, seremos capazes também de discutir sobre qualquer assunto. Há, contudo, uma providência a tomar, ou seja, verificar se tudo o que tencionamos saber faz realmente parte de nossa programação de vida.

O estudo da lógica, consistência do bem pensar, e a dialética, o elo de ligação entre a refutação e a afirmação, encaminham o nosso pensamento para a vivência plena das experiências. Esse modo de interpretar o real — o mundo que nos cerca, municia-nos de uma ferramenta valiosa para a construção do nosso próprio discurso, ou seja, um discurso elaborado a partir de nós mesmos, de nossas limitações e potencialidades, no sentido de tudo expressarmos com as nossas palavras e o nosso modo de ser.

A contradição, a dúvida e o questionamento ajudam sobremaneira a veiculação do nosso pensamento. Contudo, ao transmitirmos as nossas ideias, convém disciplinarmos as palavras para que estas não causem confusão e insegurança naqueles que nos ouvem. Faltando-nos a atenção e confiança do público, as nossas palavras caem no vazio. Por isso, o esforço constante no trato com a palavra, tornando-a sempre mais fluida, mais dócil e mais fácil de ser entendida.

Não nos preocupemos com a pouca repercussão de nossos discursos. Importa que a semente seja bem semeada, pois no seu devido tempo ela dará os seus frutos. A função do semeador é semear e nada mais.

 

Diálogo

Diálogo — do lat. dialogus — para grande parte do pensamento antigo, não é somente uma das formas pelas quais se pode exprimir o discurso filosófico, mas a sua forma própria e privilegiada, porque este discurso não é feito pelo filósofo a si mesmo e não encerra em si mesmo, mas é um conversar, um discutir, um perguntar e responder entre pessoas associadas pelo interesse comum da pesquisa.

ilha de Robinson Crusoé é o mito da autossuficiência do homem. Dá-se a impressão que o homem é anterior à sociedade, esquecendo-se de que quando vem ao mundo já a encontra. Nesse sentido, há um diálogo permanente entre as pessoas, pois no isolamento e na solidão todos fenecemos.

Toda a vida do homem é um diálogo ininterrupto. Organicamente, somos frutos do diálogo biológico dos nossos pais terrestres. O Deus cristão não é um ser isolado na sua transcendência, mas manifesta-se aos homens através das "alianças", antiga e nova. Ninguém consegue aprender sem o diálogo com o mestre. E, mesmo calados, estamos dialogando conosco mesmos.

O verdadeiro diálogo inclui crítica e oposição. São os elementos diversos e contraditórios que deverão convergir para uma síntese. Note-se o diálogo numa reunião, em que as pessoas pensam de forma diferente. A função do coordenador é ouvir atentamente cada uma delas, para depois tomar a sua decisão. Esta decisão engloba uma síntese do discutido e do não discutido, ou seja, daquilo que ficou dito nas entrelinhas dos discursos.

A comunicação aberta e dialogal é muitas vezes ambígua, tornando-se frequentemente um pseudodiálogo. Isto ocorre nas relações internacionais, em que os países ricos impõem-se pelo poder e não pela razão; nas relações sociais, em que as pessoas mais pobres estão impedidas de se fazerem ouvir, tendo de aceitar o diálogo opressor de quem os dirige; nas relações entre casais, em que o homem dita as normas e a mulher tem que obedecer.

O diálogo é necessário. Saibamos encaminhar as nossas discussões para o verdadeiro diálogo, a fim de que as críticas e as oposições tragam novas fontes de aprendizado e compreensão.

Fonte de Consulta

IDÏGORAS, J. L. Vocabulário Teológico para a América Latina. São Paulo, Edições Paulinas, 1983.


Conversação e Oratória

O orador é um indivíduo que deve estar sempre procurando se melhorar, pois só conseguirá transmitir aquilo que estiver armazenado dentro de si próprio. Nesse sentido, a conversação travada com os semelhantes, oferecer-lhe-á um manancial de informações extremamente úteis à sua elocução pública.

Por que razão o orador deve se preocupar com a conversação, com o diálogo? Porque, antes de falar, ele deve aprender a ouvir. Observe que é numa conversação que nos exercitamos na arte de ouvir. Às vezes, as pessoas contam-nos coisas que não nos interessa. Mesmo assim temos que nos esforçar por ouvir, a fim de educar a nossa paciência e a nossa tolerância para com os seus comportamentos. Na qualidade de orador, estejamos aptos a conversar sobre qualquer assunto e com qualquer pessoa. Interessando-nos por quem nos procura, vamos criando um vínculo de amizade e expansão do nosso eu imortal.

O orador deve saber questionar. Apartear os outros, perguntar no momento certo e dentro das circunstâncias, não é tarefa muito fácil. Ao nos exercitarmos na arte de perguntar, vamos também melhorando a arte de explicar, de expor. É que vamos dando importância às perguntas relevantes, aquelas que realmente contribuem para a compreensão de algum tema ou questão. Se nos habituarmos a agir desta forma, isso também será um preparo para o nosso discurso oratório, pois uma exposição nada mais é do que as respostas a algumas perguntas.

Devemos estar mais dispostos a ouvir do que a instruir. A instrução é uma decorrência do aprendizado. Quanto mais ouvirmos, mais estaremos aprendendo. Logicamente, não devemos ser um túmulo, mas aptos e dóceis a ouvir. Pergunta: será que damos a devida atenção aos nossos familiares? Ouvimo-los com atenção ou estamos sempre com pressa para realizar as nossas obrigações? Quando um filho, um irmão ou outro parente qualquer nos procura, dizemos sempre que não temos tempo, que deve ficar para mais tarde?

"Para o bom entendedor, meia palavra basta". Expressemo-nos sempre com objetividade e dentro da limitação de tempo. Nada de cansar os ouvidos alheios. Se formos bons ouvintes, mesmo numa conversação oca e sem nexo, podemos fazer perguntas relevantes e, com isso, desviar o assunto para coisas mais importantes. A boa pergunta é como soar o sino: a conversação monótona e sem brilho transforma-se num exercício saudável de aprendizado.

Saibamos tirar proveito das nossas conversações. Somente assim construiremos um estoque de conhecimentos, em que nenhum ladrão conseguirá nos roubar.

Comunicação Genuína

O princípio básico, inerente à comunicação genuína, é a procura do outro, sem quaisquer tendências que visem ao interesse próprio. Quando o procuramos para proveito próprio, como, por exemplo, para pedir favores escusos, a comunicação deixa de ser genuína, pois foi introduzido um viés no relacionamento interpessoal. Pergunta-se: como estamos nos relacionando com o nosso próximo? Estamos sendo autênticos? Estamos procurando tirar proveito dele? Estamos o usando para o nosso benefício pessoal? Façamos uma pequena reflexão em torno do tema.

O mito, no seu sentido pejorativo, é um dos entraves à boa comunicação. Como isso se dá? Em muitos mitos, há a criação de heróis, de salvadores da pátria. Consciente ou inconscientemente, transferimos a esses heróis a realização de nossos desejos, de nossas aspirações. Damos-lhes uma demasiada importância, fora da realidade. Observe o mito do "cowboy" americano. Ele chega não se sabe de onde, com a finalidade precípua de debelar o mal, de fazer justiça. O casamento não está em seus planos, pois, mesmo com o assédio das mulheres, ele permanece só. Depois de ter estabelecido a paz e a harmonia, despede-se e dirige-se a outra região, para dar continuidade ao seu trabalho.

Vejamos, também, o mito do Narciso. Conta-se que Narciso se debruça sobre um poço e se apaixona pela sua imagem que vê espelhada na água. Nesse mito, o que muitas vezes se esquece, é que Narciso realmente acredita que ama uma outra pessoa. Esse é o ponto essencial do mito; se não prestarmos atenção nele, perderemos a verdadeira mensagem. O que é terrível, é que Narciso não sabe que a imagem no poço é a sua própria imagem e não a de uma outra pessoa. Ao tentar abraçar essa outra pessoa – a sua própria imagem refletida no poço – a fim de sentir o outro, Narciso é amaldiçoado pelos deuses e o objeto de seu amor desaparece.

O celibato é uma forma de comunicação, geralmente caracterizada por mal-entendidos, em virtude dos estereótipos linguísticos ao seu derredor. Pensa-se, de forma geral, que o celibatário é contra o casamento. Esquece-se de que a palavra celibato, cuja origem alemã é ehelos, significa "não-casamento", estado de não ser casado. Muitos espíritos escolhem esta difícil prova, não para o prazer da liberdade, mas para se dedicarem mais inteiramente ao seu próximo. À semelhança de Jesus, essas pessoas estão sempre repletas do amor ágape, do amor transcendental.

Para ilustrar o tema, lembremo-nos das palavras magnanimidade e magnificência, tão bem explicadas por Santo Tomás de Aquino. A magnanimidade é a "grandeza de alma", é o indivíduo que se projeta no tempo e no espaço para adquirir os conhecimentos superiores do espírito. A magnificência é "grandeza no fazer", é a pessoa que sai de si mesmo para auxiliar o seu próximo, através da caridade material e espiritual.

Sair de si implica risco. Saibamos ir ao encontro das necessidades alheias sem, contudo, esforçarmo-nos demasiadamente. Lembremo-nos do adágio dos antigos: "A corrupção do melhor é o pior".

Fonte de Consulta

CURRAN, Charles A. A Dinâmica Psicológica da Vida Religiosa. Tradução de Margarida M. C. Oliva. São Paulo: Loyola, 1978.


Como Preparar um Tema

Em qualquer atividade humana, há algumas perguntas fundamentais: O que? Como? Por que? Quando? Onde? A resposta a cada uma dessas questões depende do que se pretende fazer. Se quisermos montar um lava-rápido, as respostas serão umas; construir um prédio, outras. Contudo, a resposta à pergunta como se assemelha em quaisquer dos casos, porque representa a técnica a ser utilizada para a concretização dos fins estabelecidos. O preparo de um tema não foge à regra.

A palavra tema — do francês sujet, "sujeito" — indica que estamos diante de uma situação que nos impõe uma sujeição. É ele quem determina o que se deve fazer. Ele é o senhor, o ordenador. Temos total liberdade em escolher um título, mas não em desenvolvê-lo, porque devemos ficar presos a ele. Ele dita as normas. Assemelha-se a um campo de futebol, em que as quatro linhas orientam as ações dos jogadores. Se tanto o jogador quanto a bola ultrapassarem uma das linhas, o jogo será impugnado.

fluxo livre de ideias é uma técnica bastante interessante. Como funciona? Dado um tema, qualquer que seja, podemos simplesmente começar a escrever tudo o que nos vem à mente, sem qualquer preocupação com o conteúdo, o sentido das frases e mesmo a gramática. Escrevamos simplesmente o máximo que pudermos. Esse exercício obriga-nos a pensar no assunto e, com isso, vasculhar o nosso subconsciente, para dele extrair os talentos escondidos. Depois, se possível no dia seguinte, façamos as devidas correções e guardemo-lo em forma de escrita.

A preparação do tema tem algumas exigências: 1) saber dar tempo ao tempo, 2) convencer-se de que o tema é inteligível, 3) desconfiar da memória, 4) permanecer fiel ao tema, 5) estudar com cuidado os termos do tema e 6) evitar toda a transformação do tema. A memória faz-nos escrever demasiadamente, transformando-se na política de encher páginas. Do mesmo modo é o vasto conhecimento que temos a respeito de um assunto, pois queremos interpolar, forçar para que as informações adquiridas façam nexo com aquilo que estamos desenvolvendo. Cumpre, portanto, considerar apenas o tema proposto, nada a não ser o tema, mas todo o tema.

O tema deve basear-se numa introdução, no desenvolvimento e na conclusão. O objetivo do tema é buscar uma conclusão. De nada adianta falarmos, escrevermos e não chegarmos a nada. Não façamos como aquele caso em que o ouvinte se ausentou da palestra, voltou tempo depois e perguntou para um dos colegas se orador ainda não tinha terminado o seu discurso. O colega responde que ele já tinha terminado há muito tempo, mas não parava de falar. Por isso, a importância do roteiro e das folhas de anotações. Sem um norte, todos os caminhos são possíveis.

Um tema deve ser pensado, anotado e transformado num roteiro. Qualquer ideia deve ser sempre bem-vinda, desde que atenda aos objetivos do tema em questão.

 


Por que Ouvimos Mal?

A audição está relacionada com a atenção. Embora a palavra atenção contenha certa ambiguidade, ela pode ser expressa em sentido periférico ou dirigido. Em sentido periférico, somos passíveis de ouvir todos os sons que nos rodeiam; em sentido dirigido, só captamos aquilo a que a nossa mente atentar. Assim, a atenção dirigida pode ser também interpretada como uma atenção concentrativa.

Ouvir é um ato consciente, é a renúncia do "eu", é um esforço infatigável da vontade. Ouvimos mal porque não colocamos as sentinelas do interesse naquilo que estivermos fazendo, porque não damos o devido respeito ao próximo, porque nos julgamos superiores a tudo e a todos. Como estamos sempre centrados sobre o nosso projeto de vida, os nossos pensamentos e a nossa maneira de ser, nosso primeiro impulso é falar sobre estes temas e não o de ouvir o próximo. Ouvi-lo faz-nos perder tempo, e raciocinamos da seguinte forma: eu é que sei; o outro não sabe nada.

Preconceito é um tipo de juízo que afeta negativamente a nossa audição. Pré-conceito significa formar um conceito antecipado das coisas. Como o nosso cérebro possui um dispositivo que faz parecer ouvir quando nada ouvimos, podemos estar imersos em nós mesmos dando a impressão que estamos ouvindo o outro. Muitas vezes somos parecidos aos homens que Platão colocou dentro da caverna: olhamos apenas nossas sombras e não somos capazes de perceber as luzes do outro, daquele que saiu ao Sol. É que a estima própria dificulta olharmos os outros como eles realmente são.

A preocupação também dificulta a boa audição. Por que? Observe que a palavra preocupação, que significa prender a atenção, é uma ocupação antecipada à própria ocupação, por isso pré-ocupação. Assim, se nossa mente estiver envolta com os problemas do desemprego, da doença, do mau relacionamento no lar e da falta de dinheiro, convém nos retirarmos, buscarmos a solidão e o silêncio, para não faltarmos com devido respeito ao outro. Lembremo-nos de que toda a preocupação é intermitente. Cicatrizada a ferida, estaremos novamente aptos para melhor ouvir o nosso interlocutor.

Numa palestra, a fala e a audição devem estar em perfeita harmonia. Se estivermos na qualidade de ouvintes, esforcemo-nos por manter a mente absorta no que nos estão comunicando, quer soe bem ou mal aos nossos ouvidos; na qualidade de oradores, chamemos a atenção do ouvinte e procuremos manter acesa a chama do seu interesse. Sabedores de que a mente se distrai a cada 5 minutos, convém estarmos constantemente modificando o timbre de voz, o ritmo do discurso e as posturas das expressões corporais.

Por fim, atentemos para o grande ensinamento contido nesses pequenos versos: "Dois olhos, dois ouvidos, só a boca que não tem par, por isso é mais prudente ver e ouvir do que falar".

Fonte de Consulta

PENTEADO, J. R. W. A Técnica da Comunicação Humana. São Paulo, Pioneira, 1964.

 

 

A Arte de Calar

arte de calar não é um tratado de recolhimento ou de êxtase: visa, paradoxalmente, a falar bem, o que se traduz em comunicar aos semelhantes coisas dignas de serem ouvidas, ou seja, assuntos relacionados à virtude, à sabedoria e à utilidade prática da vida. A arte de calar convida-nos a "governar" a língua, concedendo-lhe apenas a "liberdade moderada", no sentido de melhorar a eloquência muda do corpo e do rosto.

Ouvimos mal porque não colocamos em prática os preceitos da sabedoria, que primeiramente traduz-se em saber calar; em segundo lugar, em saber falar pouco e moderar-se no discurso; em terceiro, em falar muito sem falar mal e sem falar demais. Ouvimos mal porque raramente nos lembramos da frase evangélica que diz: "Os que têm ouvidos de ouvir, ouçam". Ouvimos mal porque o nosso silêncio é interesseiro, zombeteiro e dissimulador: estamos sempre maquinando coisas para ludibriar, enganar ou passar por cima de nosso interlocutor.

Alguns princípios necessários para calar: 1) só se deve deixar de calar quando se tem algo a dizer que valha mais do que o silêncio; 2) há um tempo de falar, assim como há um tempo de calar; 3) o tempo de calar deve vir em primeiro lugar, e nunca se pode bem falar quando não se aprendeu antes a bem calar; 4) há menos riscos em calar do que em falar; 5) quando se tem uma coisa importante para dizer, deve-se prestar a ela uma atenção muito especial: é necessário dizê-la a si mesmo, e depois de tal precaução, voltar a dizê-la, para evitar que haja arrependimento quando já não se tiver o poder de voltar atrás no que se declarou.

Escrevemos mal porque escrevemos coisas inúteis e muito longamente as melhores coisas. Esse é o defeito de autores pouco judiciosos que não sabem decidir nem escolher matéria que seja de utilidade. É o caso dos escritores de romance, de anedotas. Eles perdem grande tempo compondo as suas histórias, para que nós, depois, também perdemos o nosso ao lê-las. Na realidade, deveríamos delimitar o que escrevemos; o defeito da extensão é porque não empregamos tempo necessário para limitar, riscar, suprimir e reduzir na justa medida a matéria que temos em mãos.

Alguns princípios necessários para se explicar pelos escritos e pelos livros: 1) só se deve deixar de deter a pena quando se tem algo a escrever que valha mais do que o silêncio; 2) há um tempo de escrever, como há um tempo de deter a pena; 3) não há mais mérito em explicar o que se sabe, do que em calar o que se ignora; 4) a reserva em escrever muitas vezes passa por sabedoria em um tolo e por capacidade em um ignorante; 5) mesmo que se tenha propensão a deter a própria pena, sempre se deve desconfiar de si mesmo; e para impedir a si mesmo de escrever alguma coisa, basta que se tenha muita paixão por escreve-la.

"O silêncio é de ouro e a palavra de prata", diz o anexim. Saibamos moderar o nosso verbo, a fim de que as palavras que saírem de nossa boca ou do nosso punho sejam sempre para estimular, enaltecer, incentivar e nunca para destruir aqueles que convivem conosco.

Fonte de Consulta

DINOUART, Abade. A Arte de Calar. Tradução por Luís Filipe Ribeiro. São Paulo, Martins Fontes, 2001. (Coleção Breves Encontros)