15 outubro 2005

O Discurso Político

discurso político fundamenta-se numa decisão sobre o futuro, ao contrário do discurso forense, que julga um fato passado. O estadista, objetivando alcançar o bem comum, concebe um estado ideal (futuro) contraposto ao real (presente). Por isso, a política é a ciência do possível, ou seja, daquilo que pode ser feito.

Os políticos, para melhor atrair a atenção dos ouvintes, valem-se da persuasão e da eloquência. Na persuasão ordenam os pensamentos, de tal modo, que os levam a aceitar seus pontos de vista de modo suave, habilidosamente; na eloquência, exaltam o otimismo, o entusiasmo e a vivência no paraíso terrestre, apesar das dificuldades aparentes. Por saberem que a mente humana condiciona-se melhor à afetividade, apelam mais à emoção do que à razão.

Na alegoria do mito da caverna, Platão descortina-nos novos horizontes para entendermos a essência do discurso político. A busca da verdade a que se empenhou o filósofo, fê-lo distinto dos homens que ficaram na caverna. De posse do conhecimento, sente-se na obrigação de anunciá-lo aos que lá ficaram. Temeroso de que não seja compreendido, cria o mito, isto é, atenua a verdade com o objetivo de ser aceito.

A cada nova eleição centenas de candidatos concorrem às diversas vagas disponíveis. Por conseguinte, serão muitos os discursos que teremos de avaliar. De que maneira podemos constatar a veracidade das teses expostas? Observando e fazendo contas. Suponha-se que haja a promessa de construção de casas próprias. Multiplica-se o número oferecido pelo custo de cada uma e compara-se com os recursos disponíveis. Aos defensores da moral, sondar-lhes o passado. E assim por diante.

O instante do voto é o momento propício para a substituição da classe política dirigente. Cada povo tem o governo que merece, diz o anexim. Somos um ente político, portanto com o poder de modificar a nossa sociedade. Reflitamos, pois, ao colocar um x neste ou naquele pretendente. Esta atitude, constante, em todos os eleitores, será suficiente para a mudança radical do quadro vigente. 

Desconfiemos daqueles que prometem "mundos e fundos". A humildade e a simplicidade cabem em qualquer lugar. Procuremos descobrir essas virtudes nas entrelinhas dos discursos. Agindo assim, teremos melhores condições de bem escolher aqueles que irão nos governar.

Fonte de Consulta

TRINGALE, D. Introdução à Retórica (a Retórica como Crítica Literária). São Paulo, Livraria Duas Cidades, 1988.

 

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