28 outubro 2005

Símbolo e Comunicação

Símbolo - do gr. symbolon = neutro - vem de symbolé‚ que significa aproximação, ajustamento, encaixamento, cuja origem etimológica é indicada pelo prefixo syn, com e bolé, donde vem o nosso termo bola, roda, círculo. Referia-se, deste modo, à moeda usada como sinal. O símbolo é, pois, tudo quanto está em lugar de outro. Comunicação - do lat. communicatio, de communis = comum -, ação de tornar algo comum a muitos. É o estabelecimento de uma corrente de pensamento, dirigida de um indivíduo a outro, com o fim de informar, persuadir ou divertir.

A comunicação de uma ideia deve estar inserida dentro do contexto simbólico do ouvinte. Observe, por exemplo, o anúncio de uma nova descoberta científica a um grupo de indígenas. É preciso muito tato e muita sabedoria para fazê-los entender, visto pertencerem a um universo de valores diametralmente oposto ao discurso científico. Às vezes, essa distância é tão grande, que torna inviável qualquer comunicação.

O homem é um animal simbólico. Fabrica mitos, ídolos, salvadores da pátria, e vive de acordo com essas concepções. Há, na Filosofia, a simbólica, ou seja, uma matéria voltada para o estudo da gênese, do desenvolvimento, da vida, da morte e da ressurreição dos símbolos. A simbólica tem por objetivo descobrir o que está escondido atrás dos ritos e dos dogmas sob emblemas tão diversos. Por isso, utiliza-se do método dialético-simbólico, no sentido de, através da analogia, tornar compreensível o processo mágico, as fantasias e os mistérios.

O símbolo é a espécie e o sinal o gênero. Quer dizer, todo símbolo é sinal, mas nem todo sinal é símbolo. Para que o sinal seja símbolo ele tem que estar no lugar de outro. O sinal pode ser apenas convencional, arbitrário. O símbolo, não. Este deve repetir, analogicamente, algo do simbolizado. Além disso, o símbolo é meio de acesso às realidades pessoais, misteriosas e inacessíveis a uma observação direta e imediata. Por exemplo: o signo bandeira simboliza os vários graus de heroísmo.

O homem, praticamente, não dispõe de um símbolo mais privilegiado para a comunicação do que a palavra. Imagine um indivíduo feito uma estátua. Nessa circunstância, é difícil sondar-lhe o pensamento e o sentimento. Porém, ao se expressar, torna-se logo conhecido. Além da transmissão de conteúdo, a palavra é muito mais um instrumento de comunicação espiritual: faculta ao ouvinte a elaboração de novas ideias sobre o discurso proferido.

A palavra é um dom divino. Revistamo-la da simbologia necessária, mas não nos esqueçamos de que ela deve ser usada para instruir, educar e elucidar as almas que nos rodeiam.

Nenhum comentário: