18 março 2009

Como Estudar e Como Aprender

Rabindranath Tagore, poeta e prosador indiano, incentiva-nos a formular perguntas-chaves — O quê? Por quê? Como? Onde? Quando? — antes de iniciarmos um novo empreendimento. O quê? — Refere-se ao objeto (automóvel, livro, casa) que iremos produzir. Por quê? — Refere-se à finalidade de tal produção. Quando? — Refere-se ao tempo que o produto irá aparecer no mercado. Onde? — Refere-se aos lugares que os produtos serão lançados. Como? — Refere-se à técnica, à maneira como os produtos serão produzidos. Exemplo: em se tratando de um lava-rápido, podemos optar pela máquina, pela mão de obra, ou pela união dos dois. Como estudar e como aprender refere-se às técnicas de estudo, ensino e aprendizagem.

Estudar é aplicar a inteligência para aprender. É concentrar todos os nossos recursos pessoais na captação e assimilação de dados, relações e técnicas inerentes ao domínio de um problema. Quando alguém nos faz uma proposta, dizemos: "Vou estudar o caso", "vou pensar no assunto". Estudar é muito mais do que ler, pois implica raciocinar sobre o tema em questão. Aprender é o resultado, a produtividade do estudo. Diz-se, também, que é mudança de comportamento.

O termo como caracteriza a técnica. Em se tratando de estudar, há quatro fases, a saber: 1) apreensão e captação dos dados: deve ser feita mediante o maior número de vias sensoriais possível (visão, audição, tato, paladar e olfato); 2) retenção e evocação dos dados: não é somente tomar notas e memorizar, mas classificá-los coerentemente; 3) elaboração e integração dos conceitos e critérios resultantes: os dados devem ser interligados de forma racional e objetiva; 4) aplicação do aprendizado em outros campos de interesse: o aprendizado em matemática deve ser utilizado em Química, Biologia, Física etc.

No como aprender, tenhamos em mente os princípios fundamentais da aprendizagem. Eles são: 1) é preciso que a pessoa sinta necessidade de adquirir conhecimento; 2) que aprenda a fazer as coisas, fazendo também; 3) parta do conhecido para o desconhecido, do simples para o complexo. Suponha que queiramos aprender a equação matemática, indo do simples para o complexo, do conhecido para o desconhecido. Comecemos pela equação: y = ax (1.º grau); depois, y = ax2+bx+c (2.º grau); posteriormente, y = ax3+bx2+cx+d (3.º grau). Para chegarmos ao 3.º grau, polinômio, tivemos que passar pelos graus anteriores, de menos dificuldade de compreensão. O mesmo aconteceu com o Espiritismo. Allan Kardec, pedagogo que era, dizia que quando fôssemos falar de Espírito para uma pessoa que nunca ouviu falar de Espiritismo, deveríamos fazê-lo perceber primeiro a realidade espiritual, para depois entrar em pormenores sobre os Espíritos propriamente ditos.

A psicologia da cognição fornece-nos subsídios valiosos para uma melhor compreensão deste tema: 1) Tenhamos em mente que o pensar é uma questão de associação; 2) Um dos mais notáveis aspectos do comportamento humano é a sua maleabilidade a uma quase infinita capacidade de adaptação comportamental do indivíduo em situações diversas; 3) incentiva-nos a procurar sempre uma nova resposta (melhor que a anterior) a uma determinada situação estimuladora, no sentido de conservar e desenvolver o próprio organismo.

Einstein dizia-nos: "Quem lê demais e usa o cérebro de menos adquire a preguiça de pensar". Nesse mister, estudar e aprender não se resume em ler muitos livros, especialmente os romances mediúnicos, mas pensar no aspecto doutrinário do Espiritismo. Um bom método é colocarmos tudo como se fôssemos os produtores do filme. Montar, primeiro, em nossa cabeça aquilo que queremos explicar aos outros. Somente depois, procurar em livros e enciclopédias.

Não tenhamos receio de enfrentar o desconhecido. Ele nada mais é do que a nossa aspiração por novos conhecimentos.