26 junho 2008

A Arte de Argumentar

Argumentar é oferecer um conjunto de razões que nos levam a uma conclusão. O argumento difere da discussão. A discussão pressupõe o uso do preconceito e da opinião pessoal; o argumento é a tentativa de sustentar certos pontos de vista com razões. Assim, um bom argumento não se limita a repetir conclusões. Em vez disso, apresenta dados e razões para que auxilie os outros a formarem as suas opiniões.

Ao utilizarmos os argumentos, podemos ir da conclusão às premissas ou das premissas à conclusão. Estabelecer premissas fidedignas, objetivas e coerentes é o primeiro passo. Isso nos dá condições de bem elaborar o nosso raciocínio. Ao mesmo tempo, convém rechaçar as sentenças tendenciosas, as ambiguidades e as teses confusas. Com isso, fortalecemos o pensamento correto, ou seja, aquele em que há menor uso de palavras e mais consistência lógica.

Há vários tipos de argumentoargumentos de analogiaargumentos de autoridadeargumentos com base em exemplos etc. No argumento de analogia, costuma-se comparar uma situação com outra semelhante. Exemplo: o vice-presidente de um país deve obedecer ao presidente tal qual os jogadores de futebol obedecem ao treinador. No argumento de autoridade, aceita-se uma verdade porque uma pessoa famosa a proferiu. No argumento com base nos exemplos, generaliza-se pela observação de um exemplo. Nesse caso, é preciso tomar cuidado para não cometer o erro da generalização da informação incompleta.

O tema em questão não pode prescindir das falácias. Elas são raciocínios falsos que se apresentam com aparência de verdadeiros; usadas de má-fé, transformam-se em sofismas. Entre elas, citamos as falácias ad hominem (conforme o homem) e ad ignorantiam (apelo à ignorância). Na falácia ad hominem, confundimos o sujeito com as qualidades do sujeito. Exemplo: em vez de criticarmos o desempenho de uma função, criticamos o sujeito na função. Na falácia ad ignorantium, argumentamos que algo é verdadeiro porque não se provou ser falso, ou que algo é falso porque não se provou ser verdadeiro.

Depois de entrar em contato com as regras da argumentação, temos de escrever um ensaio argumentativo. Para fazê-lo com êxito, convém não ter pressa de colocá-lo no papel. O correto é deixar, por algum tempo, a questão de molho. Depois, fazer um pequeno esboço, e segui-lo fielmente. Agindo de outra forma, podemos ficar dando voltas ou andando sobre uma esteira rolante, sem sairmos do lugar. Há necessidade de sentir que estamos indo de um ponto ao outro, mas de forma lógica e racional.

Fundamentemos bem as nossas teses. Escolhamos as palavras simples e objetivas, no sentido de darmos coesão aos nossos raciocínios. A verbosidade pode criar confusão na cabeça daqueles que nos leem.

Fonte de Consulta

WESTON, Anthony. A Arte de Argumentar. Tradução de Desidério Murcho. 2. ed., Lisboa: Gradiva, 2005.

 

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