10 junho 2008

O Dirigente, a Psicologia e as Necessidades

O superior, em qualquer organização, deve estar atento às necessidades de seus subordinados, atendendo-as da melhor forma possível.

Os psicólogos, em se tratando do comportamento pessoal, falam de um princípio de aprendizado, denominado “lei do efeito”. Segundo este princípio, a conduta que parece levar a uma recompensa tende a se repetir, enquanto aquela que dela se desvia ou que parece uma punição tende a ser evitada. Assim, a resposta dos subordinados obedece, normalmente, ao tipo de regra em que estão sendo treinados. Se estiverem sendo treinados na criatividade serão criativos; se na subalternidade, serão subalternos.

Um exemplo. Numa organização, em que os mais velhos são sempre conduzidos aos postos de comando, pode surgir o seguinte problema: lassidão de todos os envolvidos. Por quê? Se os mais velhos sabem de antemão que irão para tal posto, não farão esforços para consegui-lo. Do mesmo modo os mais novos. Sabendo que os mais velhos serão promovidos, automaticamente, não farão esforços para tal ascensão. Nos dois casos, o mérito, que poderia gerar produtividade, é relegado, podendo acarretar perdas inestimáveis para toda a empresa.

A Psicologia lembra-nos de que a existência humana é uma luta para satisfazer as suas múltiplas necessidades. Ensina-nos, também, que tão logo uma necessidade seja satisfeita, mesmo que parcialmente, outras pressionam e demandam esforços para atendê-las. Freud fala em impulsos libidinosos, Jung a impulsos para confirmar e aclarar o próprio ego e Marx a um determinismo econômico. Cada um deles vê parcialmente o problema. O problema da subsistência é muito mais complexo do que simples teorias.

Em linhas gerais, há três tipos de necessidade: as físicas, as sociais e as egoístas. As necessidades físicas referem-se ao comer, ao vestir-se, ao dormir etc. As necessidades sociais dizem respeito à convivência em sociedade, tais como, o trabalho e o lazer. As necessidades egoístas têm relação com o poder. Nesse caso, há uma ordem geral para que o indivíduo seja alguma coisa, tenha um nome e alcance o sucesso. Essa impressão de querer ser alguém, a qualquer custo, pode propiciar um atendimento errôneo das necessidades e uma interpretação ambígua do meio ambiente.

O meio ambiente não é fato gerador. A ordem no mundo não é senão aquela que cada indivíduo concebe para si próprio. Nesse sentido, há inúmeros quebra-cabeças para chamar a nossa atenção entre o “fato gerador” e a sua interpretação na cabeça da cada um. Exemplo: um indivíduo, de cima de uma ponte, está olhando os patinhos nadarem em baixo. Ele observa que, numa fila indiana, há dois patos na frente, dois no meio e dois atrás. Pergunta: quantos patos são? A resposta óbvia: “seis”. No entanto há somente quatro. Como se explica? Posicionando os nossos olhos no meio fila, haverá dois patos na frente e dois atrás. Posicionando os nossos olhos no primeiro e no quarto pato, sobrarão dois no meio.

Disto resulta que, o atendimento aos nossos desejos depende do grau de necessidade atendida anteriormente e da maneira como estamos vendo o mundo presentemente.

Fonte de Consulta

HAIRE, Mason. Psicologia Aplicada à Administração. Tradução de José Neves de Sousa Pacífico. 2. ed., São Paulo: Pioneira, 1974.

 

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