26 junho 2008

Discurso: Lógica e Dialética

A filosofia tem o seu universo, ou seja, o "universo do discurso". É uma argumentação de ideias. Há sempre um perguntar. Não se pergunta por perguntar, mas para obter uma resposta. Não qualquer resposta, porém uma resposta que aclare e explique. A insatisfação da resposta gera novas perguntas, de tal modo que se amplie a visão do tema estudado. Em linguagem mais simples: é um aprofundamento do assunto tratado.

O orador deve ser apto para falar sobre qualquer assunto e em qualquer lugar. Para tanto, deve ter em mente as noções de lógica e de dialética. A lógica é a condução correta do pensamento; a dialética, na boa visão de Hegel, é o diálogo dos opostos. Quer dizer, à toda afirmação corresponde uma contradição. Observe que geralmente aprendemos mais pelos erros do que pelos acertos, tomamos mais consciência do bem através do mal do que pelo próprio bem.

O fato de haver pontos de vista opostos aos nossos não deve nos intimidar. Muito pelo contrário, devemos, a cada passo, estimular ainda mais a confiança em nós mesmos. Somos mais capazes do que imaginamos. A partir do momento que soubermos fazer nexo com os fatos e com os acontecimentos, seremos capazes também de discutir sobre qualquer assunto. Há, contudo, uma providência a tomar, ou seja, verificar se tudo o que tencionamos saber faz realmente parte de nossa programação de vida.

O estudo da lógica, consistência do bem pensar, e a dialética, o elo de ligação entre a refutação e a afirmação, encaminham o nosso pensamento para a vivência plena das experiências. Esse modo de interpretar o real — o mundo que nos cerca, municia-nos de uma ferramenta valiosa para a construção do nosso próprio discurso, ou seja, um discurso elaborado a partir de nós mesmos, de nossas limitações e potencialidades, no sentido de tudo expressarmos com as nossas palavras e o nosso modo de ser.

A contradição, a dúvida e o questionamento ajudam sobremaneira a veiculação do nosso pensamento. Contudo, ao transmitirmos as nossas ideias, convém disciplinarmos as palavras para que estas não causem confusão e insegurança naqueles que nos ouvem. Faltando-nos a atenção e confiança do público, as nossas palavras caem no vazio. Por isso, o esforço constante no trato com a palavra, tornando-a sempre mais fluida, mais dócil e mais fácil de ser entendida.

Não nos preocupemos com a pouca repercussão de nossos discursos. Importa que a semente seja bem semeada, pois no seu devido tempo ela dará os seus frutos. A função do semeador é semear e nada mais.

 

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