10 junho 2008

Discussão em Grupo

Muitos grupos se formam espontaneamente. Todos, contudo, têm como objetivo chegar ao consenso sobre determinado assunto, sobre determinada matéria. Um aluno de filosofia certa feita fez o seguinte comentário: “O objetivo de cada advogado é ganhar a causa, quer ele tenha a verdade quer não, ao passo que o objetivo de cada filósofo é chegar à verdade, quer ele ganhe o argumento quer não”. Significa dizer que a filosofia não é um processo antagônico como dois advogados (o de acusação e o de defesa). Em filosofia, quando se debate, busca-se a verdade e nada mais.

A discussão, quando a palavra é dada livremente a todos, pode caminhar para uma situação confusa. Alguém sempre tende a monopolizar a palavra e achar que as suas ideias são as mais sábias e devem ser impostas ao grupo. Em outra ocasião, os participantes acabam fugindo do tema proposto. Às vezes há um enorme atropelo de palavras, pois todos querem falar ao mesmo tempo e ninguém deixa o outro terminar o seu raciocínio. Com isso, cria-se uma tensão exagerada no grupo, propiciando o enfraquecimento e a deterioração do mesmo.

O controle de uma reunião, em que haja pessoas com temperamentos fortes, não é tarefa fácil. Mas, quando o facilitador da reunião tem consciência do que está acontecendo no grupo, ele não agirá de modo a querer que as coisas sucedam como ele quer. Ele ruminará em sua mente a atuação de cada um, verificará o grau de responsabilidade que lhe cabe e aquele que cabe aos membros do grupo. Só o fato de meditar sobre isso, a sua mente se aclarará sobre o fato e poderá conduzi-lo a uma liderança eficaz. Forçar para que aconteça deste ou daquele jeito é o menos produtivo.

Parar uma discussão e fazer um feedback em que todos os envolvidos possam expressar livremente o que pensam, é uma boa técnica. Nesse mister, é interessante que haja vozes dissonantes, ou seja, aquelas que nos falam a verdade, mesmo que isso venha nos ferir o orgulho. É preferível ter no grupo pessoas autênticas, aquelas que nos criticam, aquelas que nos desafiam o brio, do que aquelas que nos bajulam de frente, para nos atacar pelas costas.

Ouvir crítica alheia é uma virtude. À primeira palavra que nos desagrade, o nosso ímpeto é reagir. Se não gostamos da pessoa que falou, queremos logo eliminá-lo do convívio do grupo. As técnicas de liderança, contudo, exigem outra postura. Na qualidade de líder temos que saber ouvir. É ouvindo as partes que se chega a um consenso do todo. O grupo é o todo. O trabalho do líder é fazer com que todos os envolvidos sejam exercitados a tomar consciência de que eles fazem parte desse todo. Procurar outro grupo não resolve o problema. É junto às pessoas, daquele grupo específico, que resolveremos as nossas desavenças.

Não nos preocupemos com o aparente mal-estar. Tenhamos confiança nas pessoas, entendendo que todo o acontecimento tende para um equilíbrio. O ser humano tem uma extraordinária capacidade de se adaptar às circunstâncias.

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