SUMÁRIO: 1. Introdução. 2.
Conceito. 3. A Historicidade da Palavra. 4. O Uso da Palavra: 4.1. A Informação
e o Princípio da Cooperação; 4.2. Argumentação; 4.3. Expressão. 5. A Palavra e
a Comunicação: 5.1. Formas de Comunicação; 5.2. Palavra Oral versus Palavra Escrita;
5.3. Uma Sociedade Audiocentrada. 6. Maneiras de Adquirir a Palavra Justa. 7.
Conclusão. 8. Bibliografia.
1. INTRODUÇÃO
A palavra é a
matéria-prima do orador. Ela pode estar revestida por uma imagem, por um gesto,
por um silêncio, mas ainda assim é palavra. O correio eletrônico, os websites e
os fóruns de debates, na rede da Internet, nada mais são do que uma extensão da
palavra. Pergunta-se: que significa o termo palavra? Qual sua origem? E o seu
mecanismo? Há maneiras mais adequadas de se proferir a palavra justa?
Estudemo-la.
2. CONCEITO
Palavra – do
grego parabolé, pelo latim parabola é uma
contração que surgiu no século XI da palavra parábola.
Parábola. Narração alegórica
na qual o conjunto de elementos evoca, por comparação, outras de ordem superior.
Um discurso que não pode ser mantido diretamente, um desvio de linguagem que se
é obrigado a fazer, freqüentemente utilizando os recursos da analogia.
3. A HISTORICIDADE DA
PALAVRA
Pesquisas
antropológicas põem em dúvida a origem da palavra. Teria ela surgido como um
prolongamento natural dos grunhidos? Ou, ao contrário, de uma única vez? Em que
época? Eles não têm uma resposta satisfatória. Entretanto, começaram a observar
que o homo sapiens sapiens, de 100 mil anos atrás, expressava a
palavra para se defender das intempéries do clima (geleiras) e da sua condição
de povo nômade.
Philippe Breton,
em Elogio da Palavra, aponta três fases históricas distintas no uso
da palavra: democracia, individualismo e recuo
da violência. A democracia refere-se à liberdade adquirida no uso da
palavra na Grécia Antiga, liberdade esta proveniente do trabalho dos sofistas,
verdadeiros articuladores da palavra. O individualismo refere-se ao período que
se segue à Renascença, em que há grande incentivo à interioridade, a principal
alavanca da palavra. O recuo da violência é o que vemos na época atual, em que
a palavra é usada para alcançar a não-violência, apregoada por Gandhi. (2006,
2.ª parte)
4. USO DA PALAVRA
4.1. A INFORMAÇÃO E O
PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO
Em toda conversação,
espera-se que a contribuição dos participantes corresponda a certas regras:
a) contenha a
quantidade de informação necessária para as visões conjuntas de troca;
b) não contenha mais
informações do que o necessário;
c) que as informações
sejam verídicas e pertinentes;
d) que as pessoas se
expressem coerentemente, claramente, brevemente e sem ambigüidades. (Breton,
2006, p. 30)
4.2. ARGUMENTAÇÃO
Argumentar é oferecer um
conjunto de razões que nos levam a uma conclusão. O argumento difere da
discussão. A discussão pressupõe o uso do preconceito e da opinião pessoal; o
argumento é a tentativa de sustentar certos pontos de vista com razões. Assim,
um bom argumento não se limita a repetir conclusões. Em vez disso, apresenta
dados e razões para que auxilie os outros a formarem as suas opiniões.
Em oratória,
a argumentação visa obter a adesão do ouvinte. O orador, para ter bom êxito
nessa tarefa, deve renunciar ao desejo de dar ordens que exprimam uma simples
relação de força, mas sim procurar ganhar a adesão intelectual dos auditores.
4.3. EXPRESSÃO
Enquanto a informação
refere-se a um dado concreto e objetivo, a argumentação a uma dedução lógica, a
expressão refere-se a um estado de espírito, a uma emoção. Quando dizemos
"tenho frio", estamos expressando um estado que, pode ser só nosso. O
outro não necessariamente precisa estar sentindo frio. Podemos também
compartilhar uma opinião: "meu chefe é um incompetente". "Estou
convencido de que sou inocente", para nos referirmos aos últimos acontecimentos
da vida política brasileira. .
5. A PALAVRA E A
COMUNICAÇÃO
5.1. FORMAS DE
COMUNICAÇÃO
Oral. É o meio "mais
prático" de usar a palavra. Na antiguidade foi o mais solicitado. Depois
da invenção da imprensa e da Internet, cedeu espaço à palavra escrita e à
palavra indireta da imagem.
Escrita. Até a vinda de
Quintiliano, a ênfase era dada à palavra oral; depois, à palavra escrita.
Imagem. De acordo com John
Naisbitt, em o Líder do Futuro, a cultura
visual está ganhando o mundo. Para tal, cita Sir Vidia Naipul,
vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2001, que disse: "Não tenho fé
na sobrevivência do romance, ele está quase no fim". Será a efetivação do
provérbio: "uma imagem vale mil palavras", adaptação do provérbio
chinês "ver pessoalmente vale mais do que mil relatos".
Silêncio. Para David Le
Breton, "se a presença do homem é em primeiro lugar a de sua palavra, ela
é também inelutavelmente a de seu silêncio".
Gesto. Os gestos servem
para realçar a palavra. Entre os surdo-mudos torna-se uma verdadeira arte da
comunicação. (Breton, 2006, p. 38)
5.2. PALAVRA ORAL
VERSUS PALAVRA ESCRITA
Sócrates, na
antiguidade, opunha-se à escrita. A sua contrariedade resumia-se em duas
razões: a) combater o mau orador que apenas lia o seu discurso. Este tinha dificuldade
de responder às perguntas do auditório, porque não havia sedimentado em si o
conteúdo do tema exposto; b) combater os sofistas, chamados por ele, de
"profissionais da palavra", porque recebiam pagamento pela
transmissão dos conhecimentos.
Para o orador, a
palavra falada – face a face – tem mais peso, pois é dela que ele deve extrair
o convencimento de sua tese.
5.3. UMA SOCIEDADE
AUDIOCENTRADA
A instituição do
correio eletrônico, dos websites e das teleconferências não
foi suficiente para deslocar a característica audiocentrada do ser humano.
Sabemos que o correio eletrônico agiliza a nossa carta, que os websites divulgam
uma infinidade de informações e que as teleconferências podem colocar, frente a
frente, pessoas de diversos países, sem que elas saiam de casa. Percebe-se,
porém, que há morosidade na transmissão de sons e imatens. Há, também, o risco
de se perder a comunicação pelo fato de os computadores estarem fora do
sistema.
6. MANEIRAS DE
ADQUIRIR A PALAVRA JUSTA
- Escuta e
empatia. De acordo com Novarina, "a palavra nos foi dada não para
falar mas sim para ouvir". Nesse sentido, o orador deve, antes de tudo,
ser um ouvinte ativo. Ao se dispor a ouvir o que o auditório quer ouvir, ele
cria um clima de empatia, ou seja, um clima de respeito para com os sentimentos
e os desejos do público, independentemente da condição social e intelectual de
cada ouvinte ali presente.
- Autenticidade.
É a manifestação do ser, em sua essência, isto é, sem fingimento. O
interlocutor espera que o relato do orador seja fiel à sua maneira de ser.
- Pudor.
É o controle das emoções. Na história da retórica, o pudor tornou-se norma
essencial, uma qualidade intrínseca do bom orador. Para obter êxito nesta
empreitada, convém abrir espaço em si: o público deve caber dentro do orador.
- Objetivação.
É a capacidade que o orador possui de se distanciar de si mesmo, de suas
emoções e do mundo. Ao controlar as suas emoções, o orador transmite a mensagem
com mais transparência e evita que a sua palavra distorça os fatos.
- Engajamento.
Uma vez dita, a palavra fica engajada ao orador. O público exige que o orador
respeite a palavra que expôs. A história do sermão mostra o apreço que a
sociedade emprestou às palavras.
- Simetria.
A palavra de uma pessoa não vale o mesmo para outra pessoa. Tornou-se uma norma
da oratória diminuir a assimetria, ou seja, a distância entre o que se disse e
o que o público percebe do que se disse. (Breton, 2006, p. 198-203)
7. CONCLUSÃO
Ser mestre de si
mesmo", "nem comandar nem obedecer" e "exercer a própria
força sem gerar dominação" são as características intrínsecas de quem
dirige a palavra ao público. Sejamos, assim, um exemplo vivo da maneira como
pensamos e agimos.
8. BIBLIOGRAFIA
CONSULTADA
BRETON,
Philippe. Elogio da Palavra. Tradução de Nicolas Nyimi Campanário.
São Paulo: Loyola, 2006.
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