SUMÁRIO: 1. Introdução. 2.
Conceito. 3. Processo Básico de Comunicação. 4. Modelo Shannon-Weaver: 4.1.
Explicação do Modelo; 4.2. Fatores Considerados. 5. Barreiras à Comunicação
Eficaz. 6. Como Melhorar a Comunicação Interpessoal. 7. Conclusão. 8. Fonte de
Consulta.
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste
estudo é refletir sobre o processo básico da comunicação*, a fim de
que haja maior exatidão na expressão e na compreensão do significado daquilo
que se quer transmitir.
2. CONCEITO
COMUM — Diz-se que
é comum o que pertence a todos ou a muitos igualmente. Vem do
latim cum e múnus, que significa cargo, ofício,
função, dever, propriedade. Assim, o centro de um círculo é comum a seus raios,
pois todos os raios têm o mesmo centro. A atração é comum a todos os corpos,
porque todos dela sofrem. (Santos, 1965)
COMUNICAÇÃO — Do lat. communicatio de communis =
comum significa a ação de tornar algo comum a muitos. É o estabelecimento de
uma corrente de pensamento ou mensagem, dirigida de um indivíduo a outro, com o
fim de informar, persuadir, ou divertir. (Pequena Enciclopédia de Moral e
Civismo). Significa, também, a troca de informações entre um transmissor e
um receptor, e a inferência (percepção) do significado entre os indivíduos
envolvidos.
COMUNICAÇÃO
INTERPESSOAL é essencialmente um processo interativo e didático (de pessoa a
pessoa) em que o emissor constrói significados e desenvolve expectativas na
mente do receptor.
3. PROCESSO BÁSICO DE
COMUNICAÇÃO
Uma mensagem pode ser
transmitida de modo:
1. VERBAL — A comunicação
verbal é o modo de comunicação mais familiar e mais frequentemente usado.
Divide-se em:
A) VERBAL-ORAL — Refere-se a
esforços de comunicação tais como dar instruções a um colega, entrevistar um
candidato a um emprego, informar alguma coisa a alguém, e assim por diante.).
B) VERBAL-ESCRITA — Refere-se a
memorandos, relatórios por escrito, normas e procedimentos.
2. SIMBÓLICA — As pessoas
cercam-se de vários símbolos, os quais podem comunicar muito a outras pessoas.
O lugar que moramos, as roupas que usamos, o carro que dirigimos, a decoração
do escritório e outras coisas mais expressam parte da nossa personalidade.
3. NÃO-VERBAL — A comunicação
não-verbal, que se refere à transmissão de uma mensagem por algum meio diverso
da fala e da escrita, é uma das facetas mais interessantes da comunicação.
Incorpora coisas como o modo com que usamos o nosso corpo, os nossos gestos e
nossa voz para transmitir certas mensagens.
Disso resulta que há
maior ou menor exatidão daquilo que se quer transmitir.
A exatidão na
comunicação, por outro lado, se refere ao ponto até onde o sinal básico
transmitido pelo emissor é recebido, sem distorções pelo receptor. Este
processo se reflete no modelo de Shannon-Weaver, ilustrado na fig. 1.
4. MODELO
SHANNON-WEAVER
Figura 1. O modelo de
Shannon-Weaver do processo de comunicação. Fonte: Adaptado de C. F.
Shannon-Weaver, The Mathematical Theory of Communication (Urbana:
University of Illinois Press, 1949), pp. 5 e 98.
4.1. EXPLICAÇÃO DO
MODELO
Do lado do emissor há
um processo de codificação; do lado do receptor, a decodificação.
Entre a mensagem enviada e a recebida há um hiato, em que diversos ruídos podem
aparecer, afetando a mensagem.
Assim, a comunicação
não estará completa enquanto o receptor não tiver interpretado (percebido) a
mensagem. Se o ruído for demasiadamente forte em relação ao sinal, a mensagem
não chegará ao seu destino, ou chegará distorcida.
Por ruído,
entende-se tudo o que interfere na comunicação, prejudicando-a. Pode ser um som
sem harmonia, um emissor ou receptor fora de sintonia, falta de empatia ou
habilidade para colocar-se no lugar de terceiros, falta de atenção do receptor
etc.
Os recursos
usados para anular ruídos são:
a) redundância: é todo o elemento
da mensagem que não traz nenhuma informação nova. É um recurso utilizado para
chamar à atenção e eliminar possíveis ruídos. Nesse sentido, deve-se repetir
frases e informações julgadas essenciais à compreensão do receptor;
b) feedback*: conjunto de sinais
perceptíveis que permitem conhecer o resultado da mensagem; é o processo de se
dizer a uma pessoa como você se sente em função do que ela fez ou disse. Para
isso, fazer perguntas e obter as respostas, a fim de verificar se a mensagem
foi recebida ou não.
4.2. FATORES
CONSIDERADOS
Como o simples ato de
receber a mensagem não garante que o receptor vá interpretá-la corretamente (ou
seja, como se pretendia), convém considerar:
1. quem está
comunicando a quem, em termos de papéis que essas pessoas
desempenham (por exemplo, administração e operariado, gerente e subordinado).
2. a linguagem ou
o(s) símbolo(s) usados para a comunicação, e a respectiva capacidade de levar a
informação e esta ser entendida por ambas as partes.
3. o canal de
comunicação, ou o meio empregado e como as informações são recebidas através
dos diversos canais (tais como comunicação falada ou escrita).
4. o conteúdo da
comunicação (boas ou más notícias, relevantes ou irrelevantes, familiares ou
estranhas)
5. as características
interpessoais do transmissor e as relações interpessoais entre
transmissor e o receptor (em termos de confiança, influência etc.).
6. o contexto no
qual o comunicação ocorre, em termos de estrutura organizacional (por exemplo,
dentre de ou entre departamentos, níveis e assim por diante).
5. BARREIRAS À
COMUNICAÇÃO EFICAZ
1. Sobrecarga
de Informações: quando temos mais informações do que somos capazes de
ordenar e utilizar.
2. Tipos
de informações: as informações que se encaixarem com o nosso
autoconceito tendem a ser recebidas e aceitas muito mais prontamente do que
dados que venham a contradizer o que já sabemos. Em muitos casos negamos
aquelas que contrariam nossas crenças e valores.
3. Fonte
de informações: como algumas pessoas contam com mais credibilidade do
que outras (status), temos tendência a acreditar nessas pessoas e
descontar de informações recebidas de outras.
4. Localização
física: a localização física e a proximidade entre transmissor e
receptor também influenciam a eficácia da comunicação. Resultados de pesquisas
têm sugerido que a probabilidade de duas pessoas se comunicarem decresce proporcionalmente
ao quadrado da distância entre elas.
5. Defensidade*:
uma das principais causas de muitas falhas de comunicação ocorre quando um ou
mais dos participantes assume a defensiva. Indivíduos que se sintam ameaçados
ou sob ataque tenderão a reagir de maneiras que diminuem a probabilidade de
entendimento mútuo.
6. COMO MELHORAR A
COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL
A) HABILIDADES DE
TRANSMISSÃO
1. Usar
linguagem apropriada e direta (evitando o uso de jargão
e termos eruditos quando palavras simples forem suficientes).
2. Fornecer
informações tão claras e completas quanto for possível.
3. Usar canais
múltiplos para estimular vários sentidos do receptor (audição,
visão etc.).
4. Usar
comunicação face a face sempre que for possível.
B) HABILIDADES
AUDITIVAS
1. Escuta
ativa. A chave para essa escuta ativa ou eficaz é a vontade e a
capacidade de escutar a mensagem inteira (verbal, simbólica e não-verbal), e
responder apropriadamente ao conteúdo e à intenção (sentimentos, emoções etc.)
da mensagem. Como administrador, é importante criar situações que ajudem as
pessoas a falarem o que realmente querem dizer.
2. Empatia.
A escuta ativa exige uma certa sensibilidade às pessoas com quem estamos
tentando nos comunicar. Em sua essência, empatia significa colocar-se na posição
ou situação da outra pessoa, num esforço para entendê-la.
3. Reflexão.
Uma das formas de se aplicar a escuta ativa é reformular sempre a mensagem que
tenha recebido. A chave é refletir sobre o que foi dito sem incluir um
julgamento, apenas para testar o seu entendimento da mensagem.
4. Feedback.
Como a comunicação eficaz é um processo de troca bidirecional, o uso de feedback é
mais uma maneira de se reduzir falhas de comunicação e distorções.
C) HABILIDADES DE
FEEDBACK
1. Assegurar-se de
que quer ajudar (e não se mostrar superior).
2. No caso de feedback negativo,
vá direto ao assunto; começar uma discussão com questões periféricas e rodeios
geralmente cria ansiedades ao invés de minimizá-las.
3. Descreva a
situação de modo claro, evitando juízos de valor.
4. Concentre-se no
problema (evite sobrecarregar o receptor com excesso de informações ou
críticas).
5. Esteja preparado
para receber feedback, visto que o seu comportamento pode
estar contribuindo para o comportamento do receptor.
6. Ao encerrar
o feedback, faça um resumo e reflita sobre a sessão, para
que tanto você como o receptor estejam deixando a reunião com o mesmo
entendimento sobre o que foi decidido.
7. CONCLUSÃO
Esperamos que a
discussão sobre os diversos tipos de comunicação e as
várias técnicas para diminuir o ruído (interferência no
significado do que se quer transmitir) possa capacitar-nos a transmitir as
nossas ideias, sentimentos e emoções, com mais clareza e determinação.
8. FONTE DE CONSULTA
ÁVILA, F. B. de
S.J. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de Janeiro,
M.E.C., 1967.
BATISTA, A. Tempo,
Comunicação e Liberdade. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1971.
BOWDITCH, J. L. e
BUONO, A. F. Elementos de Comportamento Organizacional. São Paulo,
Pioneira, 1992.
SANTOS, M. F. dos. Dicionário
de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed., São Paulo, Matese, 1965.
* Na sua maior parte,
cópia de trechos do capítulo 5.º do livro Elementos de Comportamento
Organizacional, de BOWDICHT.
* Feedback é
um termo emprestado da eletrônica ( parte da física dedicada ao estudo do
comportamento de circuitos elétricos que contenham válvulas, semicondutores,
transdutores etc.), e significa:
1) transferência de
parte do produto de um circuito ativo ou esquema de volta ao fator, como um
efeito desnecessário ou de uso intencional, como por exemplo, reduzir
distorção;
2) processo pelo qual
os fatores que produzem o resultado são por eles mesmos modificados,
corrigidos, fortalecidos etc, pelo próprio resultado.
* Entre as inúmeras
causas da defesa na comunicação, citamos:
a) timidez —
os tímidos e aqueles que se sentem rejeitados têm tendência para se retraírem
diante dos outros, criando uma barreira para a comunicação. Muitos escritores,
cientistas, estadistas e pregadores religiosos foram levemente tímidos, sem que
isso prejudique na tarefa de servir ao bem comum. É o excesso de timidez que
dificulta a autenticidade de uma boa comunicação, pois colocando-nos na
defensiva, perdemos a essência da comunicação verbal.
b) egoísmo —
é o principal responsável pela estrutura de defesa de uma personalidade.
Querendo nos defender para não cairmos no ridículo, acabamos nos isolando dos
nossos instrutores.
c) insegurança —
é um ruído nem sempre perceptível à primeira vista. Uma pessoa que está
desempregada, por exemplo, pode sentir-se inútil e, por isso, fugir ao contato
humano ou quando em sociedade, dificulta a autenticidade da comunicação.
(Batista, 1971)
São Paulo, dezembro
de 2000.
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