12 outubro 2020

Algoritmos e Redes Sociais

Qual a função dos algoritmos? Amealhar dados sobre nós a cada segundo. Eis alguns deles: tipo de links que clicamos, vídeos que vimos até o fim, a rapidez com que pulamos de uma coisa a outra. Eles correlacionam o que fazemos com o que quase todas as outras pessoas têm feito. Os anúncios em jornais e televisão são gerais. Diferem, assim, dos anúncios nas redes sociais, que são adaptados a cada indivíduo. É uma espécie de modificação de comportamento em escala gigantesca.

Não faz muito tempo, poderíamos nos candidatar a um experimento psicológico de alguma universidade. Na sala de testes, é possível que nos observassem por meio de um espelho falso. Hoje, as redes sociais o fazem sem constrangimento. Muitas vezes estamos sendo cobaias, mas não percebemos. Há, assim, uma vigilância generalizada e a manipulação constante. 

Sean Parker, primeiro presidente do Facebook, disse certa vez que "precisamos lhe dar uma pequena dose de dopamina de vez em quando, porque alguém deu like ou comentou em uma foto ou uma postagem, ou seja lá o que for". Chamath Palihapitiya, ex-vice-presidente de crescimento de usuários do Facebook, por sua vez, disse: "criamos ciclos de feedback de curto prazo impulsionados pela dopamina que estão destruindo o funcionamento da sociedade". 

Para que as redes sociais ganhem dinheiro, elas precisam estimular a modificação de comportamento. Para tanto, elas podem usar técnicas que estimulam a criação de vícios. Depois de viciados, esses indivíduos vão perdendo gradualmente o contato com o mundo e as pessoas reais. Quando muitos estão viciados em esquemas manipuladores, o mundo se desmorona. A dopamina é um neurotransmissor que age no prazer e é considerado crucial para mudanças comportamentais em resposta à obtenção de recompensas. 

Nas redes sociais, os algoritmos costumam ser adaptáveis. Se um algoritmo descobre que fazemos uma compra depois de ver um anúncio por 5 segundos, eles testam se não faríamos a mesma compra em quatro segundos. Nós mesmos fornecemos o material para ele usar a "nosso favor", quando essa ação transforma-se, na maioria da vezes, em vício. 

O vício transforma-nos em zumbis, comprometendo o nosso livre-arbítrio. Não há ninguém livre dele, mesmo com a boa quantidade de livros de autoajuda que tivermos lido. O problema é quando esse comportamento fica à mercê exclusivamente dos manipuladores invisíveis e algoritmos indiferentes. Um alerta: pense nos bilhões de dólares que esses manipuladores recebem, dinheiro esse proveniente daqueles que estão tentando mudar o nosso comportamento. 

Sugestão do autor: "Para se libertar, ser mais autêntico, menos viciado, menos manipulado, menos paranoico... por todos esses motivos maravilhosos, delete suas contas nas redes sociais".

Fonte de Consulta

LANIER, Jaron. Dez Argumentos para você Deletar Agora suas Redes Sociais. Tradução de Bruno Casotti. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2018.

 

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