Segundo Ralph G. Nichols e Leonard A. Stevens
"A eficácia da palavra falada não depende tanto do modo como as pessoas
falam, mas principalmente de como elas escutam". Podemos afirmar, sem medo
de errar, que a maioria dos seres humanos não sabe ouvir corretamente. Entre
tais desvios da audição encontra-se a falta de tolerância para com as
necessidades de expressão do interlocutor. Quando lhe fechamos os ouvidos, além
de sermos injustos, não lhe concedemos o respeito que merece como ser humano.
Fomos educados para a leitura e não para a audição. Se tomarmos qualquer unidade escolar – do
primário ao doutorado –, verificaremos que a educação está centrada na leitura.
Esquecemo-nos de que ¾ da nossa vida de relação se processa através dos
ouvidos. A palavra nos vem por intermédio do rádio, da televisão, da
conferência, da aula. Se todos os empregados de uma empresa fossem bons
ouvintes, não haveria necessidade de tantos papéis circulando em forma de
memorando.
Qual o principal entrave à audição? De acordo com
alguns estudiosos do assunto, a grande dificuldade está em ajustar a velocidade
do pensamento com a velocidade das palavras articuladas. A velocidade média com
que as pessoas falam é aproximadamente 125 palavras por minuto. Pergunta-se:
enquanto estamos ouvindo, o que estão fazendo as bilhões de células do nosso
cérebro? Observe que o tédio surge justamente quando temos de
ouvir algo e não sabemos o que fazer da audição, ou quando não sabemos adaptar
o fluxo de informações com o fluxo do pensamento.
Como ouvir melhor? Há alguma regra? A principal
delas é ajustar o pensamento às palavras recebidas. Ao falarmos, transformamos
o pensamento em palavras; ao ouvirmos, fazemos o contrário, ou seja,
transformamos as palavras em pensamento lógico. Em virtude do nosso interesse e
dos nossos filtros emocionais, a quantidade de informações armazenadas em nosso
cérebro acaba sendo irrisória. Isto porque só admitimos a entrada daquilo que
afirma nossas próprias convicções. O que nos contraria é eliminado logo de
entrada.
Quais são os ganhos de sermos bons ouvintes?
Primeiramente, haverá maior eficácia na comunicação, pois todos os interessados
ficam concentrados no tema. Em segundo lugar, aproveitaremos melhor o tempo,
pois não faremos crítica de imediato, esperando o término da exposição para tal
mister. Quando nos exercitamos em ouvir bem, o nosso pensamento antecipa as
palavras que o interlocutor irá proferir. Além do mais, estando com a mente
aberta podemos, de vez em quando, fazer um resumo mental do que o orador disse
e com isso nos mantermos focalizados no objeto da discussão.
Esforcemo-nos por ouvir coisas que nos contrariam.
Esta atitude mental amplia sobremaneira a nossa capacidade de tratarmos
racionalmente os problemas que nos visitam. Tornamo-nos mais flexíveis e
cônscios de que os outros também pensam e têm as suas razões.
Fonte de Consulta
HARVARD BUSINESS REVIEW. Comunicação nas
Empresas. Tradução por Marylene Pinto Maciel. Rio de Janeiro: Campus, 2001
(Harvard Business Review)
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