O cérebro é o órgão mais volumoso
do encéfalo, ocupando quase toda a caixa craniana. Pesa aproximadamente 1.100
gramas. Desempenha, entre outras funções, a do raciocínio e da linguagem. Nosso
propósito é relacioná-lo com o discurso.
O cérebro é um ordenador de palavras.
Suponha que haja várias palavras anotadas numa folha de papel. O cérebro
registra-as, procurando ordená-las logicamente. Por isso, quando cometemos um
erro de linguagem, nosso cérebro põe-se logo a corrigir para dar sentido ao
pensamento. Por exemplo, a indagação filosófica sobre o tempo deve ser feita
através da questão: "Que é tempo?". Invertendo a ordem das palavras,
ou seja, perguntando: "É que tempo?" ou "Que tempo é?", não
atendemos ao objetivo proposto, embora, também, sejam questões filosóficas.
Expressamo-nos pela linguagem. O uso da
palavra, articulada ou escrita deve ser ponderado, a fim de nos comunicarmos
eficazmente com os nossos semelhantes. Para que a mensagem não se dilua,
emissor e receptor devem estar em perfeita sintonia. Fazendo uso de nossa
maquinaria cerebral, esforcemo-nos por bem exprimir o que pensamos. Somente
assim criaremos o hábito de processar logicamente as ideias em nosso cérebro.
O discurso de um ser mede a
estatura espiritual de sua alma. Podemos usar palavras de efeito, mas
comunicamos somente o que somos. Quando expressamos unicamente o conteúdo dos
livros, tornamo-nos cópias dos autores. Porém, se refletirmos criteriosamente
sobre os escritos, construiremos um sólido conhecimento. A partir daí, o nosso
discurso adquire característica própria, que nos distingue dos demais.
A fala e a escrita são criativas.
Começamos a falar e subitamente notamos que se desenvolvem novos pensamentos
enquanto falamos; começamos a escrever o que sabemos, porém, muitas vezes,
surgem novos conhecimentos enquanto se escreve. Para que a criatividade
torne-se um fato concreto, precisamos de segurança pessoal, comunicação e
atividade. Eis o fundamento básico para a criação de novos conteúdos da
consciência.
O discurso, falado ou escrito, é mola propulsora de
nosso desenvolvimento moral e intelectual. Saibamos exercitá-lo com confiança e
determinação, a fim de melhor aproveitar as oportunidades que a vida nos
oferece.
Fonte de Consulta
PÖPPEL, E. Fronteiras da Consciência, a Realidade e a
Experiência do Mundo. Rio de Janeiro, Edições 70, 1989.
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