Argumentação —
do lat. argumentatione, contrastar, provar, representar — assume
vários significados, entre os quais, citamos: a argumentação científica,
que se fundamenta na formulação e na comprovação das hipóteses, através da
"experimentação"; a argumentação pedagógica, em que o
instrutor faz com que o aluno vá do quia est (problema) para
o quid est (solução); a argumentação discursiva,
em que o orador tenta obter a adesão do público.
Em oratória, como foi dito, a
argumentação visa obter a adesão do ouvinte. O orador, para ter bom êxito nessa
tarefa, deve renunciar ao desejo de dar ordens que exprimam uma simples relação
de força, mas sim procurar ganhar a adesão intelectual dos auditores. A história
da retórica mostra-nos que a demagogia, que é persuadir pela emoção, tem sido
eficaz em muitos discursos, principalmente os políticos. O bom orador deve
evitar essa figura de linguagem, não permitindo que o seu ajustamento ao
público ultrapasse os limites do verdadeiro homem de bem.
O orador deve saber distinguir entre a argumentação e
a simples demonstração. Enquanto a demonstração é
independente de qualquer sujeito, até mesmo do orador, uma vez que um cálculo
pode ser efetuado por uma máquina, a argumentação por sua vez
necessita que se estabeleça um contato entre o orador que deseja convencer e o
auditório disposto a escutar. Assim, a argumentação é essencialmente
comunicação, diálogo, discussão, controvérsia.
A organização de um discurso deve ser guiada por
duas noções específicas da argumentação, a saber: a pertinência e
a força dos argumentos. Isso decorre do fato de um tema suscitar
uma gama infinita de assuntos. Para ser compreendido, o orador deve escolher os
tópicos que dão realce à tese que quer defender. A escolha deve, também, levar
em conta o grau de sustentação que o público tem com relação ao assunto. Ainda:
um preconceito favorável do público para com o orador é de vital importância
para a sua persuasão.
A petição de princípio é um erro
que o orador deve evitar. Trata-se, com efeito, de um erro de argumentação o
fato de supor admitida uma tese que se deseja fazer admitir pelo auditório. O
orador deve ter do seu auditório uma ideia tanto quanto possível próximo da
realidade, uma vez que um erro sobre esse ponto pode ser fatal para o efeito
que ele quer produzir. Por isso muitos oradores famosos, entre os quais Bossuet
e Demóstenes, insistiram no fato de que são os auditores que formam os
oradores.
Exercitemos a argumentação. Não permitamos que o
nosso cérebro acomode-se ao lugar-comum das frases feitas.
Fonte de Consulta
GIL, F. (Editor). Enciclopedia Einaudi.
Lisboa, Imprensa Nacional, 1985-1991.
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Lembretes sobre Argumentação
Para bem argumentar, devemos ter em mente duas
perguntas: O que queremos provar? Qual é a conclusão, ou seja, a asserção pela
qual estamos apresentando razões?
Há quem pense que argumentar é expor seus
preconceitos de forma diferente. Argumentar significa apresentar um conjunto de
razões ou provas que fundamentam uma conclusão.
Apresentemos as nossas ideias numa ordem natural.
Estejamos preparados para reorganizar o nosso
argumento diversas vezes até encontrar a ordem mais natural.
Partamos sempre de premissas confiáveis
Sejamos concretos e concisos. Evitemos termos
abstratos, vagos ou genéricos.
Evitemos generalizar com base em um único exemplo.
Os exemplos isolados não fornecem nenhuma base para a generalização.
Testemos as generalizações perguntando se há
contraexemplos.
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