A filosofia tem o seu universo, ou seja, o
"universo do discurso". É uma argumentação de ideias. Há sempre um
perguntar. Não se pergunta por perguntar, mas para obter uma resposta. Não
qualquer resposta, porém uma resposta que aclare e explique. A insatisfação da
resposta gera novas perguntas, de tal modo que se amplie a visão do tema
estudado. Em linguagem mais simples: é um aprofundamento do assunto tratado.
O orador deve ser apto para falar sobre qualquer
assunto e em qualquer lugar. Para tanto, deve ter em mente as noções de lógica
e de dialética. A lógica é a condução correta do pensamento; a dialética, na
boa visão de Hegel, é o diálogo dos opostos. Quer dizer, à toda afirmação
corresponde uma contradição. Observe que geralmente aprendemos mais pelos erros
do que pelos acertos, tomamos mais consciência do bem através do mal do que
pelo próprio bem.
O fato de haver pontos de vista opostos aos nossos
não deve nos intimidar. Muito pelo contrário, devemos, a cada passo, estimular
ainda mais a confiança em nós mesmos. Somos mais capazes do que imaginamos. A
partir do momento que soubermos fazer nexo com os fatos e com os
acontecimentos, seremos capazes também de discutir sobre qualquer assunto. Há,
contudo, uma providência a tomar, ou seja, verificar se tudo o que tencionamos
saber faz realmente parte de nossa programação de vida.
O estudo da lógica, consistência do bem pensar, e a
dialética, o elo de ligação entre a refutação e a afirmação, encaminham o nosso
pensamento para a vivência plena das experiências. Esse modo de interpretar o
real — o mundo que nos cerca, municia-nos de uma ferramenta valiosa para a
construção do nosso próprio discurso, ou seja, um discurso elaborado a partir
de nós mesmos, de nossas limitações e potencialidades, no sentido de tudo
expressarmos com as nossas palavras e o nosso modo de ser.
A contradição, a dúvida e o questionamento ajudam
sobremaneira a veiculação do nosso pensamento. Contudo, ao transmitirmos as
nossas ideias, convém disciplinarmos as palavras para que estas não causem
confusão e insegurança naqueles que nos ouvem. Faltando-nos a atenção e
confiança do público, as nossas palavras caem no vazio. Por isso, o esforço
constante no trato com a palavra, tornando-a sempre mais fluida, mais dócil e
mais fácil de ser entendida.
Não nos preocupemos com a pouca repercussão de
nossos discursos. Importa que a semente seja bem semeada, pois no seu devido
tempo ela dará os seus frutos. A função do semeador é semear e nada mais.
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