Diálogo —
do lat. dialogus — para grande parte do pensamento antigo, não
é somente uma das formas pelas quais se pode exprimir o discurso filosófico,
mas a sua forma própria e privilegiada, porque este discurso não é feito pelo
filósofo a si mesmo e não encerra em si mesmo, mas é um conversar, um discutir,
um perguntar e responder entre pessoas associadas pelo interesse comum da
pesquisa.
A ilha de Robinson Crusoé é o mito
da autossuficiência do homem. Dá-se a impressão que o homem é anterior à
sociedade, esquecendo-se de que quando vem ao mundo já a encontra. Nesse
sentido, há um diálogo permanente entre as pessoas, pois no isolamento e na
solidão todos fenecemos.
Toda a vida do homem é um diálogo
ininterrupto. Organicamente, somos frutos do diálogo biológico dos nossos
pais terrestres. O Deus cristão não é um ser isolado na sua transcendência, mas
manifesta-se aos homens através das "alianças", antiga e nova.
Ninguém consegue aprender sem o diálogo com o mestre. E, mesmo calados, estamos
dialogando conosco mesmos.
O verdadeiro diálogo inclui crítica e oposição. São
os elementos diversos e contraditórios que deverão convergir para uma síntese.
Note-se o diálogo numa reunião, em que as pessoas pensam de forma diferente. A
função do coordenador é ouvir atentamente cada uma delas, para depois tomar a
sua decisão. Esta decisão engloba uma síntese do discutido e do não discutido,
ou seja, daquilo que ficou dito nas entrelinhas dos discursos.
A comunicação aberta e dialogal é muitas
vezes ambígua, tornando-se frequentemente um pseudodiálogo. Isto
ocorre nas relações internacionais, em que os países ricos impõem-se pelo poder
e não pela razão; nas relações sociais, em que as pessoas mais pobres estão
impedidas de se fazerem ouvir, tendo de aceitar o diálogo opressor de quem os
dirige; nas relações entre casais, em que o homem dita as normas e a mulher tem
que obedecer.
O diálogo é necessário. Saibamos encaminhar as
nossas discussões para o verdadeiro diálogo, a fim de que as críticas e as
oposições tragam novas fontes de aprendizado e compreensão.
Fonte de Consulta
IDÏGORAS, J. L. Vocabulário Teológico para
a América Latina. São Paulo, Edições Paulinas, 1983.
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