Um grupo deve decidir tudo por unanimidade.
A votação nem sempre mostra o consenso. É preferível discutir mais e esperar
por uma oportunidade melhor do que impor um ponto de vista, pois isto fere a
suscetibilidade das pessoas. Para obter a unanimidade, os membros do grupo
devem fazer concessões, ou seja, os mais fortes devem diminuir o ímpeto de
monopólio e os mais fracos esforçar-se por mais espaço nas discussões e
debates. A formação de grupo-análise, uma espécie de feedback do
comportamento, ajuda sobremaneira a participação consciente do indivíduo no
grupo.
Todo o indivíduo é sumamente importante para o
grupo. É um erro grave deixar alguém marginalizado, porque destrói
a natureza humana. A relação entre o indivíduo e o grupo pode ser comparada ao
átomo social, ou seja, o tecido de relações do indivíduo com as outras pessoas.
Nesse sentido, o lixeiro e o Presidente da República, embora exerçam funções
distintas, cooperam para o equilíbrio socioeconômico de um país. Fazer parte de
um grupo não é ter o nome listado numa ata, mas contribuir assiduamente com ideias
e ações concretas.
Participar de um grupo é comprometer-se com aquilo
que foi decidido. E uma vez tomada uma decisão – após as devidas considerações
– não violar a regra, sob pena de mexer na unidade preestabelecida. Um grupo
coeso exige de seus membros respeito a suas normas, fidelidade a
seus objetivos, estima mútua e espírito de sacrifício. Nesse caso,
após uma iniciação, que é a área de segredo do grupo, todos devem carregar a
sua bandeira, ou seja, defender ardentemente o que foi proposto e aceito.
“Não há líder, há liderança”. A liderança é a
permissão que um grupo autônomo dá a cada um de seus membros para assumir
a regulação do conjunto (coordenação do grupo) na ocasião em
que a situação corresponde às aptidões específicas de cada um deles. Esse tipo
de liderança é denominado de liderança emergencial, para significar
que a emergência faz o líder. Não há sentido falar de qualidades naturais de um
líder: só a circunstância dirá que membro do grupo, naquela ocasião, é o mais
indicado para assumir a liderança. Em cada momento, a liderança se corporifica
em cada um dos membros do grupo.
Os que se intitulam líderes naturais devem,
portanto, revisar este conceito. Quem sabe não estão fazendo o papel de
caudilhos, condutores e chefetes, uma vez que não permitem que a suposta
liderança transite pelos membros do grupo? Eles esquecem-se de que a escolha do
líder emergencial, em geral, é unânime, espontânea e sem discussão, como se o
grupo tivesse tido um insight: parece que todos os membros deslocam os seus olhares
para uma única pessoa.
Estamos nos preparando para assumir a liderança
emergencial? E se formos indicados para desempenhar uma função de comando, em
que se exige muita responsabilidade? Aceitaremos o cargo (e o encargo) ou
deixaremos para os outros?
Fonte de Consulta
LIMA, Lauro de Oliveira. Treinamento em
Dinâmica de Grupo: No Lar, na Empresa, na Escola. 2.ed., Rio de Janeiro:
Vozes, 1970.
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