O mundo
atual é caracterizado pela mentalidade da notícia. Há informações e mais
informações para serem inseridas em nosso banco de dados. Para tanto, o nosso
cérebro deve ser intensivamente estimulado, a fim de poder suportar essa avalanche
de pensamentos que nos chega a todo o momento. O registro e a manutenção de
ideias são um fato real. A cada instante precisamos recorrer ao nosso passivo
intelectual, no sentido de utilizar os dados armazenados em nossa memória.
Ao escrever aquilo que nos vem à mente, estamos
aprendendo a observar e a pensar. Na realidade, não somos nós que produzimos os
pensamentos; eles é que nos visitam. Colocando-os no papel, tomamos consciência
dos mesmos. Além disso, o ato de escrever torna-nos conscientes da facilidade
ou da dificuldade que temos para exprimi-los. Exercitando a escrita, vemos o
quanto estamos distantes daquilo que pensamos. Ou seja, nem sempre encontramos
as palavras corretas para expressar o nosso discurso mental.
Usar a
palavra correta para exprimir o pensamento correto demanda trabalho. A maioria
de nós escreve sem ter a dimensão exata de como uma palavra ou uma frase ecoa
na cabeça daquele que a lê. Para que possamos bem expressar aquilo que
pensamos, devemos escolher as palavras adequadas, esforçando-nos em procurar no
dicionário toda palavra dúbia ou de sentido desconhecido. Lembremo-nos também
de que a simplicidade, a clareza, a concisão e a objetividade são os pontos
centrais em nossa comunicação, escrita ou falada.
Todos
podemos e devemos escrever, mas os cientistas com muito mais razão, porque
precisam veicular suas descobertas, o resultado de suas pesquisas. Por isso, o
cuidado e a preocupação constante com a forma de nos expressarmos. Aí está
inclusa a nossa personalidade. Um relatório, um recibo, uma carta mostra o que
cada um é. Para que alguém nos conheça basta ler o que escrevemos. A soma de
coisas pequeninas forma o conjunto do indivíduo. Cuidemos de que haja perfeição
em cada um dos nossos atos, mesmo que os estejamos fazendo contrariados.
Devemos
estar de atalaia; a cada dia que passa muitas coisas vão para o esquecimento.
Urge, vez ou outra, consultar livros que tratam dessa matéria, ou seja, de como
escrever melhor, com o intuito de estarmos sempre sendo lembrados desta nobre
tarefa, que é de veicular as nossas pesquisas e os nossos insights para todos
aqueles que fazem parte de nosso raio de ação. A palavra é o câmbio de nossa
personalidade. Usemo-la a peso de ouro, se assim quisermos ser avaliados.
O
discurso é a mensagem do coração. Saibamos colocá-lo com precisão, ou seja,
onde houver necessidade de uma palavra, não usemos duas, onde houver
necessidade de uma palavra curta não usemos uma comprida.
Fonte de Consulta
BARRASS,
Robert. Os Cientistas Precisam Escrever: Guia de Redação para Cientistas, Engenheiros e Estudantes.
Tradução por Leila Novaes e Leônidas Hegenberg. São Paulo: T. A. Queiros:
Edusp, 1979.
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