17 março 2024

Uso da Crase, O

A crase indica a fusão da preposição a com artigo a: João voltou à (a preposição + a artigo) cidade natal. / Os documentos foram apresentados às (a prep. + as art.) autoridades. Dessa forma, não existe crase antes de palavra masculina: Vou a pé. / Andou a cavalo. Existe uma única exceção, explicada mais adiante.

Regras práticas

Primeira - Substitua a palavra antes da qual aparece o a ou as por um termo masculino. Se o a ou as se transformar em ao ou aos, existe crase; do contrário, não. Nos exemplos já citados: João voltou ao país natal. / Os documentos foram apresentados aos juízes. Outros exemplos: Atentas às modificações, as moças... (Atentos aos processos, os moços...) / Junto à parede (junto ao muro).

No caso de nome geográfico ou de lugar, substitua o a ou as por para. Se o certo for para a, use a crase: Foi à França (foi para a França). / Irão à Colômbia (irão para a Colômbia). / Voltou a Curitiba (voltou para Curitiba, sem crase). Pode-se igualmente usar a forma voltar de: se o de se transformar em da, há crase, inexistente se o de não se alterar: Retornou à Argentina (voltou da Argentina). / Foi a Roma (voltou de Roma).

Segunda - A combinação de outras preposições com a (para a, na, da, pela e com a, principalmente) indica se o a ou as deve levar crase. Não é necessário que a frase alternativa tenha o mesmo sentido da original nem que a regência seja correta. Exemplos: Emprestou o livro à amiga (para a amiga). / Chegou à Espanha (da Espanha). / As visitas virão às 6 horas (pelas 6 horas). / Estava às portas da morte (nas portas). / À saída (na saída). / À falta de (na falta de, com a falta de).

Usa-se a crase ainda

1 - Nas formas àquela, àquele, àquelas, àqueles, àquilo, àqueloutro (e derivados): Cheguei àquele (a + aquele) lugar. / Vou àquelas cidades. / Referiu-se àqueles livros. / Não deu importância àquilo.

2 - Nas indicações de horas, desde que determinadas: Chegou às 8 horas, às 10 horas, à 1 hora. Zero e meia incluem-se na regra: O aumento entra em vigor à zero hora. / Veio à meia-noite em ponto. A indeterminação afasta a crase: Irá a uma hora qualquer.

3 - Nas locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas como às pressas, às vezes, à risca, à noite, à direita, à esquerda, à frente, à maneira de, à moda de, à procura de, à mercê de, à custa de, à medida que, à proporção que, à força de, à espera de: Saiu às pressas. / Vive à custa do pai. / Estava à espera do irmão. / Sua tristeza aumentava à medida que os amigos partiam. / Serviu o filé à moda da casa.

4 - Nas locuções que indicam meio ou instrumento e em outras nas quais a tradição lingüística o exija, como à bala, à faca, à máquina, à chave, à vista, à venda, à toa, à tinta, à mão, à navalha, à espada, à baioneta calada, à queima-roupa, à fome (matar à fome): Morto à bala, à faca, à navalha. / Escrito à tinta, à mão, à máquina. / Pagamento à vista. / Produto à venda. / Andava à toa. Observação: Neste caso não se pode usar a regra prática de substituir a por ao.

5 - Antes dos relativos que, qual e quais, quando o a ou as puderem ser substituídos por ao ou aosEis a moça à qual você se referiu (equivalente: eis o rapaz ao qual você se referiu). / Fez alusão às pesquisas às quais nos dedicamos (fez alusão aos trabalhos aos quais...). / É uma situação semelhante à que enfrentamos ontem (é um problema semelhante ao que...).

Não se usa a crase antes de

1 - Palavra masculina: andar a pé, pagamento a prazo, caminhadas a esmo, cheirar a suor, viajar a cavalo, vestir-se a caráter. Exceção. Existe a crase quando se pode subentender uma palavra feminina, especialmente moda e maneira, ou qualquer outra que determine um nome de empresa ou coisa: Salto à Luís XV (à moda de Luís XV). / Estilo à Machado de Assis (à maneira de). / Referiu-se à Apollo (à nave Apollo). / Dirigiu-se à (fragata) Gustavo Barroso. / Vou à (editora) Melhoramentos. / Fez alusão à (revista) Projeto.

2 - Nome de cidade: Chegou a Brasília. / Irão a Roma este ano. Exceção. Há crase quando se atribui uma qualidade à cidade: Iremos à Roma dos Césares. / Referiu-se à bela Lisboa, à Brasília das mordomias, à Londres do século 19.

3 - Verbo: Passou a ver. / Começou a fazer. / Pôs-se a falar.

4 - Substantivos repetidos: Cara a cara, frente a frente, gota a gota, de ponta a ponta.

5 - Ela, esta e essaPediram a ela que saísse. / Cheguei a esta conclusão. / Dedicou o livro a essa moça.

6 - Outros pronomes que não admitem artigo, como ninguém, alguém, toda, cada, tudo, você, alguma, qual, etc.

7 - Formas de tratamento: Escreverei a Vossa Excelência. / Recomendamos a Vossa Senhoria... / Pediram a Vossa Majestade...

8 - Uma: Foi a uma festa. Exceções. Na locução à uma (ao mesmo tempo) e no caso em que uma designa hora (Sairá à uma hora).

9 - Palavra feminina tomada em sentido genérico: Não damos ouvidos a reclamações. / Em respeito a morte em família, faltou ao serviço. Repare: Em respeito a falecimento, e não ao falecimento. / Não me refiro a mulheres, mas a meninas.

Alguns casos são fáceis de identificar: se couber o indefinido uma antes da palavra feminina, não existirá crase. Assim: A pena pode ir de (uma) advertência a (uma) multa. / Igreja reage a (uma) ofensa de candidato em Guarulhos. / As reportagens não estão necessariamente ligadas a (uma) agenda. / Fraude leva a (uma) sonegação recorde. / Empresa atribui goteira a (uma) falha no sistema de refrigeração. / Partido se rende a (uma) política de alianças.

Havendo determinação, porém, a crase é indispensável: Morte de bebês leva à punição (ao castigo) de médico. / Superintendente admite ter cedido à pressão (ao desejo) dos superiores.

10 - Substantivos no plural que fazem parte de locuções de modo: Pegaram-se a dentadas. / Agrediram-se a bofetadas. / Progrediram a duras penas.

11 - Nomes de mulheres célebres: Ele a comparou a Ana Néri. / Preferia Ingrid Bergman a Greta Garbo.

12 - Dona e madameDeu o dinheiro a dona Maria . / Já se acostumou a madame Angélica. Exceção. Há crase se o dona ou o madame estiverem particularizados: Referia-se à Dona Flor dos dois maridos.

13 - Numerais considerados de forma indeterminada: O número de mortos chegou a dez. / Nasceu a 8 de janeiro. / Fez uma visita a cinco empresas.

14 - Distância, desde que não determinada: A polícia ficou a distância. / O navio estava a distância. Quando se define a distância, existe crase: O navio estava à distância de 500 metros do cais. / A polícia ficou à distância de seis metros dos manifestantes.

15 - Terra, quando a palavra significa terra firme: O navio estava chegando a terra. / O marinheiro foi a terra. (Não há artigo com outras preposições: Viajou por terrra. / Esteve em terra.) Nos demais significados da palavra, usa-se a crase: Voltou à terra natal. / Os astronautas regressaram à Terra.

16 - Casa, considerada como o lugar onde se mora: Voltou a casa. / Chegou cedo a casa. (Veio de casa, voltou para casa, sem artigo.) Se a palavra estiver determinada, existe crase: Voltou à casa dos pais. / Iremos à Casa da Moeda. / Fez uma visita à Casa Branca.

Uso facultativo

1 - Antes do possessivo: Levou a encomenda a sua (ou à sua) tia. / Não fez menção a nossa empresa (ou à nossa empresa). Na maior parte dos casos, a crase dá clareza a este tipo de oração.

2 - Antes de nomes de mulheres: Declarou-se a Joana (ou à Joana). Em geral, se a pessoa for íntima de quem fala, usa-se a crase; caso contrário, não.

3 - Com atéFoi até a porta (ou até à). / Até a volta (ou até à). No Estado, porém, escreva até a, sem crase.

Locuções com e sem crase

a álcool
à altura (de)
à americana
à argentina
à baiana
à baila
à baioneta calada
à bala
a bandeiras despregadas
à base de
à beça
à beira (de)
à beira-mar
à beira-rio
a bel-prazer
a boa distância de
à boca pequena
à bomba
a bordo
a bordoadas
a braçadas
à brasileira
à bruta
à busca (de)
a cabeçadas
à cabeceira (de)
à caça (de)
a cacetadas
a calhar
a cântaros
a caráter
à carga
a cargo de
à cata (de)
a cavalo
a cerca de
a certa distância
à chave
a chibatadas
a chicotadas
a começar de
à conta (de)
a contar de
à cunha
a curto prazo
à custa (de)
a dedo
à deriva
a desoras
a diesel
à direita
à disparada
à disposição
a distância
a duras penas
a elas(s), a ele(s)
a eletricidade
à entrada (de)
a escâncaras
à escolha (de)
à escovinha
à escuta
a esmo
à espada
à espera (de)
à espora
à espreita (de)
à esquerda
a esse(s), a essa(s)
a este(s), a esta(s)
a estibordo
à evidência
à exaustão
à exceção de
a expensas de
à faca
a facadas
à falta de
à fantasia
à farta
à feição (de)
a ferro
a ferro e fogo
à flor da pele
à flor de
à fome
à força (de)
à francesa
à frente (de)
à fresca
a frio
a fundo
a galope
a gás
a gasolina
à gaúcha
a gosto
à grande
a grande distância
a granel
à guisa de
à imitação de
à inglesa
a instâncias de
à italiana
à janela
a jato
a joelhadas
a juros
a jusante
a lápis
à larga
a lenha
à livre escolha
a longa distância
a longo prazo
a lufadas
à Luís XV
a lume
à luz
à Machado de Assis
a mais
a mando de
à maneira de
à mão
à mão armada
à mão direita
à mão esquerda
à máquina
à margem (de)
à marinheira
a marteladas
à matroca
à medida que
a medo
a meia altura
a meia distância
à meia-noite
a meio pau
a menos
à mercê (de)
à mesa
à mesma hora
a meu ver
à mexicana
à milanesa
à mineira
à míngua (de)

à minha disposição
à minha espera
à minuta
à moda (de)
à moderna
a montante
à morte
à mostra
a nado
à navalha
à noite
à noitinha
à nossa disposição
à nossa espera
ante as
à ocidental
a óleo
a olho nu
à ordem
à oriental
a ouro
à paisana
a pão e água
a par
à parte
a partir de
a passarinho
a passos largos
a pauladas
à paulista
a pé
a pedidos
a pequena distância
a pilha
a pino
à ponta de espada
à ponta de faca
a pontapés
a ponto de
a porretadas
à porta
a portas fechadas
à portuguesa
a postos
a pouca distância
à praia
a prazo
à pressa
à prestação
a prestações
à primeira vista
a princípio
à procura (de)
à proporção que
a propósito
à prova
à prova d'água
à prova de fogo
a público
a punhaladas
à pururuca
a quatro mãos
à que (=àquela que)
àquela altura
àquela hora
àquelas horas
àquele dia
àqueles dias
àquele tempo
àqueloutro(s)
àqueloutra(s)
à queima-roupa
a querosene
à raiz de
à razão (de)
à ré
à rédea curta
a respeito de
à retaguarda
à revelia (de)
a rigor
a rir
à risca
à roda (de)
a rodo
à saciedade
à saída
às apalpadelas
às armas !
à saúde de
às ave-marias
às avessas
às bandeiras despregadas
às barbas de
às boas
às cambalhotas
às carradas
às carreiras
às catorze (horas)
às cegas
às centenas
às cinco (horas)
às claras
às costas
às de vila-diogo
às dez (horas)
às dezenas
às direitas
a distância
à distância de
às doze horas
às duas (horas)
às dúzias
a seco
a seguir
à semelhança de
às encobertas
a sério
a serviço
às escâncaras
às escondidas
às escuras
às esquerdas
a sete chaves
às expensas de
às falas
às favas
às gargalhadas
às lágrimas
às léguas
às mancheias
às margens de
às marteladas
às mil maravilhas
às moscas
às nove (horas)
às nuvens
à sobremesa
à socapa
às ocultas
às oito (horas)
à solta
à sombra (de)
a sono solto
às onze (horas)
às ordens (de)
a socos

à sorrelfa
à sorte
a sós
às portas de
às pressas
às quais
às que (=àquelas que)
às quartas-feiras
às quatro (horas)
às quintas-feiras
às quinze (horas)
às segundas-feiras
às seis (horas)
às sete horas
às sextas-feiras
às sete (horas)
às soltas
às suas ordens
às tantas
às terças-feiras
às tontas
às três (horas)
às turras
à sua disposição
à sua escolha
à sua espera
à sua maneira
à sua moda
à sua saúde
às últimas
à superfície (de)
às vésperas (de)
às vezes
às vinte (horas)
às vistas de
às voltas com
à tarde
à tardinha
a termo
à testa (de)
à tinta
a tiracolo
a tiro
à toa
à-toa
a toda
a toda a brida
a toda força
a toda hora
à tona (de)
a toque de caixa
à traição
a três por dois
à tripa forra
a trote
à última hora
à uma (hora)
à unha
à vaca-fria
a valer
à valentona
a vapor
a vela
a velas pandas
à venda
avião a jato
à Virgem
à vista (de)
à vista desarmada
à vista disso
à volta (de)
à vontade
à-vontade
à vossa disposição
a zero
à zero hora
bater à porta
beber à saúde de
cara a cara
cheirar a perfume
cheirar a rosas
condenado à morte
dar à estampa
dar à luz
dar a mão à palmatória
dar tratos à bola
dar vazão à
de alto a baixo
de cabo a rabo
de fora a fora
de mais a mais
de mal a pior
de parte a parte
de ponta a ponta
descer à sepultura
de sol a sol
de uma ponta à outra
dia a dia
em que pese a
exceção à regra
face a face
falar à razão
faltar à aula
fazer as vezes de
folha a folha
frente a frente
gota a gota
graças às
hora a hora
ir à bancarrota
ir à forra
ir às compras
ir às do cabo
ir às nuvens
ir às urnas
jogar às feras
lado a lado
mandar às favas
mãos à obra
marcha à ré
meio a meio
nem tanto ao mar, nem tanto à terra
palmo a palmo
para a frente
passar à frente
passo a passo
perante as
pôr à mostra
pôr à prova
pôr as mãos à cabeça
pôr fim à vida
quanto às
recorrer à polícia
reduzir à expressão mais simples
reduzir a zero
sair à rua
saltar à vista
terra a terra
tirar à sorte
todas as vezes
uma à outra
umas às outras
valer a pena
voltar à carga
voltar à cena
voltar às boas

 


Fonte: Manual de Redação e Estilo, Agência Estado

 

Trava-Língua

Ninho de mafagafos

Num ninho de mafagafos

há cinco mafagafinhos.

Quem os desmafagalizar

bom desmafagalizador será.

O sapo no saco

Olha o sapo dentro do saco.

O saco com o sapo dentro.

O sapo batendo papo

e o papo soltando vento.  

Tempo

O tempo perguntou pro tempo

quanto tempo o tempo tem.

O tempo respondeu pro tempo

que o tempo tem tanto tempo

quanto tempo o tempo tem.

Arara de Iara 

Iara amarra

a arara rara

a rara arara

de Araraquara.

Fonte de Consulta

ARIDA, Priscila. O Original Almanaque Dúvida Cruel. Rio de Janeiro: Record, 2004.

 

Sete Quês, Os

O cientista político Harold Lasswell propõe um paradigma destinado a orientar o exame científico dos variados aspectos da comunicação de massa. Segundo Lasswell o estudo de cada uma dessas questões (conhecidas como os setes quês) implica modalidades específicas de análise do processo comunicacional.

 
Quem disse o quê a quem?

Em que canal?

Com que intenções, em que condições, com que efeitos?

1) Quem (fatores que iniciam e guiam o ato da comunicação).

2) Diz o quê – implica uma análise de conteúdo.

3) Em que canal (meios interpessoais ou de massa) – implica uma análise de meios.

4) A quem (pessoa atingida por esses meios) – implica uma análise de audiência.

5) Com que efeitos (impacto produzido pela mensagem sobre a audiência) – implica uma análise de efeito.

Podemos ainda acrescentar ao modelo original de Lasswell uma questão referente às causas, aos antecedentes ou intenções da mensagem (questão sugerida por O. Holsti), e outra referente às condições em que foi recebida.  

BARBOSA, Gustavo e RABAÇA, Carlos Alberto. Dicionário de Comunicação. 2.ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2001 – 6ª Reimpressão.

 

Roteiro de Palestra Usando o Mapa da Mente (MM)

1. Tony Buzan, na década de 70, desenvolveu uma técnica de anotação que usa tanto o lado direito quanto o lado esquerdo do cérebro.

2. Assim, ao invés de colocarmos o título no topo da página, seguido pela introdução, conceito, tópicos a serem abordados e conclusão, ele sugere que coloquemos o título da palestra no centro da folha, fazendo ramificações para os tópicos, como mostra a figura abaixo.

 


3. O método MM é mais simples que os métodos tradicionais para se fazer anotações, pois ativa ambos os lados do cérebro, além do que pode gerar ideias originais que permitem lembrar mais facilmente das coisas.

4. As principais sugestões para se fazer um bom uso do método MM para anotar são as seguintes:

- No meio ou no centro da folha, coloque a ideia principal.

- Acrescente uma ramificação partindo do centro para cada ponto-chave, usando cores diferentes.

- Escreva uma palavra-chave ou uma frase sobre cada ramificação, possibilitando dessa forma o acréscimo de detalhes.

- Acrescente símbolos e ilustrações.

- Use letras de forma bem feitas.

- Represente as ideias mais importantes com letras maiores e feitas com mais sofisticação.

- Sublinhe ou represente, com algum contorno, as palavras importantes e, onde for necessário, use o negrito, ou seja, uma "caracterização" mais forte para as letras.

- Seja criativo e até extravagante.

- Use formas aleatórias para destacar as idéias ou itens. Quanto mais figuras puder colocar no seu MM, tanto melhor.

Fonte de Consulta

GUILLON, Antonio, Bias Bueno e MIRSHAWKA, Victor. Reeducação: Qualidade, Produtividade e Criatividade: Caminho para a Escola Excelente do Século XXI. São Paulo, Makron Books, 1994, página 83-91.

São Paulo, julho de 2007.

 

Recursos Audiovisuais

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Histórico. 4. Cartazes e Slides: 4.1. Confecção de Slides (Cartazes); 4.2. O Conteúdo Eficaz dos Slides; 4.3. Lembretes sobre o Uso de Slides. 5. O Retroprojetor: 5.1. Instruções Gerais; 5.2. Vantagens do Retroprojetor; 5.3. Desvantagens do Retroprojetor. 6. Outros tipos de Material de Apoio e a Postura do Expositor: 6.1. Mais Recursos Didáticos; 6.2. Princípios que Facilitam a Utilização da Multimídia; 6.3. Treinando a Exposição em Multimídia. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

Presentemente, a veiculação do conhecimento é muito facilitada pelo uso dos recursos audiovisuais, ou seja, retroprojetor, datashow, computador etc. Procuraremos, neste trabalho, anotar algumas instruções para a preparação eficaz de slides.

2. CONCEITO

Imagem – É algo comum à exposição lexvisual (texto ilustrado) e à audiovisual (inclui sons e ruídos, bem como a narração do orador).

Multimídia — Qualquer combinação de texto, figuras, sons, animação e vídeo transmitida pelo computador.

Slide — Qualquer material visual que seja apresentado, incluindo as apresentações de computador, slides de 35mm e transparências.

Apresentação — É a transformação de uma informação em uma mensagem simples e concisa.

3. HISTÓRICO

A pedra lascada, no período de nossa pré-história, pode ser considerada um dos primeiros instrumentos de comunicação (e apresentação) das informações. Depois vieram a pintura das cavernas em 17.000 a.C.; a invenção do alfabeto sumeriano em 4.000 a.C.; o papel em 105; o tipo móvel em 1476; o quadro de giz em 1700; a fotografia em 1822; o telefone em 1876; o projetor de filme em 1887; a televisão (imagens em movimento) em 1926; o projetor de transparências em 1944; o videotaipe em 1956; o projetor de slide em 1961.

A partir de 1980 tivemos a invenção da planilha e do processador de texto, o banco de dados baseado em texto, a editoração eletrônica, o gráfico em computador em alta resolução e a multimídia em 1990. Presentemente, o computador tem tido um avanço sem limites, pois a eletrônica descobre a cada dia uma nova forma de veicular o conhecimento.

4. CARTAZES E SLIDES

4.1. CONFECÇÃO DE SLIDES (CARTAZES)

O cartaz (slide) caracteriza-se por apresentar, através de ilustrações, textos reduzidos e cores, uma mensagem clara e direta do tema escolhido. As ilustrações assemelham-se ao slogan, que exprime numa frase a idéia central do que se quer transmitir.

Ele deve ser motivador, instrutivo e divulgador.

Eles podem ser confeccionados usando figuras geométricas (quadrado, triângulo e circunferência) ou desenhos de traços (figuras de palito).

Deve ser simples, ou seja, eliminar tudo o que é supérfluo no cartaz e que possa desviar a atenção do observador.

4.2. O CONTEÚDO EFICAZ DOS SLIDES

Para criar um conteúdo eficaz, lembre-se das seguintes regras:

MOS (mantenha-o simples);

Use desenhos ou gráficos sempre que puder e reduza o número de palavras e números;

Deixe bastante espaço entre os itens para facilitar a visualização; - Use fontes grandes para melhorar a visualização;

- Os desenhos não precisam ser perfeitos, mas devem ser claros e ter sentido;

Mantenha sempre a mesma aparência durante toda a apresentação, utilizando sempre a mesma cor de fundo, tipo de fonte etc. Quebre a consistência somente se desejar usar um elemento surpresa. (Hasbani, 2001)

4.3. LEMBRETES SOBRE O USO DE SLIDES

01) Coloque o mínimo possível de informação em seu slide e mantenha o foco;

02) O conteúdo dos slides deve estar diretamente relacionado ao que você está dizendo. Não deixe o seu discurso se desviar do conteúdo imediato do slide que está mostrando;

03) Considere formas alternativas de apresentar gráficos. Por exemplo, um gráfico de crescimento populacional pode ser construído com barras de formato humano no lugar de barras convencionais;

04) Não faça cópias xerocadas de livros ou relatórios. Faça sempre ilustrações produzidas com um estilo consistente em toda a apresentação;

05) Os materiais de apoio oferecem ao auditório uma representação visual de seus pensamentos. Eles ajudam a guiá-los aos pontos importantes com mais eficiência. É mais fácil se expressar com o uso de gravurasgráficos e modelos. Pense no quanto é difícil descreve o desenho de um prédio, por exemplo;

06) Use figuras para transmitir uma idéia. Imagine sinais de trânsito sem desenhos. Quanto tempo demoraria a ler "cuidado, risco de pista escorregadia?" Tempo suficiente para acontecer o acidente;

07) Um slide consiste em um título e em um corpo. O título é normalmente escrito em fontes grandes e descreve, sucintamente, o que será apresentado no slide. O corpo é reservado para o material que você quer apresentar. No corpo, é possível combinar desenhos, diagramas e palavras. (Hasbani, 2001)

5. O RETROPROJETOR

5.1. INSTRUÇÕES GERAIS

01) O uso de retroprojetor deve ser bem planejado, pois devemos tê-lo como um recurso de apoio à comunicação do pensamento, e não o próprio pensamento;

02) Posicioná-lo num lugar estratégico, para que não atrapalhe a visão do público;

03) Cuidar para que todos os slides tenham a mesma aparência;

04) Evitar a cópia de livros e sua leitura através dos slides;

05) Valer-se de uma folha de papel para cobrir o material do slide que não quer mostrar ao público.

5.2. VANTAGENS DO RETROPROJETOR

- Possibilidade de uso com sala iluminada;

- Adaptação em qualquer ambiente;

- Projeções coloridas;

- Facilidade de comunicação visual;

- Facilidade de transporte;

- Possibilidade de uso sem tela;

- Possibilidade de substituição imediata da lâmpada;

- Facilidade de ligar e desligar sem provocar distrações.

5.3. DESVANTAGENS DO RETROPROJETOR

As principais desvantagens desse recurso visual são:

- Custo elevado;

- Dificuldade de substituição. (Polito, 1997)

6. OUTROS TIPOS DE MATERIAL DE APOIO E A POSTURA DO EXPOSITOR

6.1. MAIS RECURSOS DIDÁTICOS

O quadro de giz, o flipchart, a Televisão, o projetor de slides, o episcópio, o computador, o datashow, o gravador e o vídeo são outros bons recursos que o orador pode utilizar na veiculação das suas idéias. Cabe-lhe verificar as características (interesse e cultura) do público e utilizar o melhor material de apoio que se ajuste às necessidades do mesmo.

6.2. PRINCÍPIOS QUE FACILITAM A UTILIZAÇÃO DA MULTIMÍDIA

Gestos: gestos nervosos e movimentos de mão desajeitados podem arruinar uma apresentação importante. Acostume-se à posição do mouse e do teclado, mas não se apoie sobre eles.

Sorrisos e expressões faciais: transmita que você gosta da tecnologia da multimídia. Se o computador ou monitor forem por água abaixo, não deixe seu sorriso ir com eles.

Comunicação visual: não diga ao público que você está preocupado com o seu equipamento olhando para ele em vez de olhar para o público. Não leia o texto da tela.

Postura e movimento: não há necessidade de subir em um pedestal e nem agachar/esconder-se atrás do monitor do computador. Use um controle remoto.

Uso da voz: não fale ao mesmo tempo em que o vídeo esteja produzindo sons. Não descreva ao que o público assistirá, a menos que isso necessite de explicação.

Palavras e não-palavras: Hums, ers, e uhs comumente escapam dos lábios de apresentadores nervosos nos espaços entre os elementos da mídia ou quando um lapso inesperado ocorre. Aceite a pausa. (Lindstrom, 1995)

6.3. TREINANDO A EXPOSIÇÃO EM MULTIMÍDIA

- Não ensaie demais; não menos do que três vezes e não mais do seis vezes é recomendável;

- Não faça alterações de última hora sem uma cópia de reserva completa e disponível;

- Nunca perca a sua compostura. Como diz o ditado: "Nunca deixe perceber que você está transpirando.

7. CONCLUSÃO

Quer estejamos usando um computador, um retroprojetor, ou mesmo uma lousa, o que importa é o conteúdo a ser transmitido e não o recurso em si mesmo. Para melhor expressarmos as nossas idéias, sejamos breves, concisos e objetivos, colocando-nos sempre na situação daquele que nos ouve.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

HASBANI, Ghassan. Fazendo Excelentes Apresentações: Coisas que Realmente São Importantes. Tradução de Marina Massaranduba. São Paulo: Market Books, 2001.

LINDSTROM, Robert L. Guia Business Week para Apresentações em Multimídia. Tradução de Eliane Bueno Freire. São Paulo: Makron Books, 1995.

POLITO, Reinaldo. Recursos Audiovisuais nas Apresentações de Sucesso. 3. ed., São Paulo: Saraiva, 1997.

São Paulo, julho de 2004.

 

Persuasão e Retórica

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Histórico. 4. Persuasão: 4.1. Os Três Gêneros da Persuasão; 4.2. Diretriz Geral da Persuasão; 4.3. As Repetições. 5. Retórica: 5.1. A Premissa Básica da Retórica; 5.2. A Elaboração de um Discurso Pode Ser Dividida em Cinco Partes; 5.3. A Retórica Platônica Evidenciava a Verdade. 6. Forma e Conteúdo: 6.1. O Sentido Pejorativo da Retórica; 6.2. Os Pressupostos Espíritas; 6.3. A Missão do Espiritismo. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho oferece-nos subsídios para uma análise da nossa capacidade de expressão verbal e a influência que o nosso discurso possa exercer sobre os ouvintes. Os sub-temas são: a persuasão, a retórica e a questão da forma e do conteúdo.

2. CONCEITO

Persuasão – Etimologicamente vem de "persuadere", "per + suadere". O prefixo "per" significa de modo completo, "suadere" = aconselhar (não impor). É o emprego de argumentos, legítimos e não legítimos, com o propósito de se conseguir que outros indivíduos adotem certas linhas de conduta, teorias ou crenças. Diz-se também que é a arte de "captar as mentes dos homens através das palavras". (Polis – Enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado)

Retórica  Em sentido amplo, designava a teoria ou ciência da arte de usar a linguagem com vistas a persuadir ou influenciar. Ainda podia significar a própria técnica de persuasão. Em sentido restrito, alude ao emprego ornamental ou eloqüente da linguagem.

Do grego rhetor = orador numa assembléia. É a arte de bem falar, mediante o uso de todos os recursos da linguagem para atrair e manter a atenção e o interesse do auditório para informá-lo, instruí-lo e principalmente persuadi-lo das teses ou dos pontos de vista que o orador pretende transmitir. (Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo)

3. HISTÓRICO

A arte da retórica nasceu na Sicília, em meados dos séc. V a.C., quando a política dos tiranos cedeu lugar à democracia. No mundo grego, a oratória veio a ser uma necessidade fundamental do cidadão, que teria de defender seus direitos nas assembléias. Pouco a pouco, começaram a surgir profissionais da retórica – os primeiros advogados (gr. synegoros ou syndikos) –, que ainda não representavam seus clientes na tribuna, mas orientavam os seus discursos, quando não os escreviam totalmente, obrigando os clientes a decorá-los, para realizar uma exposição correta e obter ganho de causa.

Naturalmente, o ensino da dialética e os trabalhos dos sofistas no uso consciente da linguagem para convencer sempre o opositor de suas idéias prepararam o campo de desenvolvimento da retórica.

A arte da retórica foi sistematizada por Aristóteles (384-322 a.C.) no tratado Tekne rhetorike (Arte retórica), em que recomenda como qualidades máximas para o estilo a clareza e a adequação dos meios de expressão ao assunto e ao momento do discurso.

Em Roma, houve também muitos estudiosos da arte de falar em público. Citam-se Catão, Cícero e Júlio César. (Enciclopédia Mirador Internacional)

Na primeira metade do século XX, em razão do abuso tradicional das regras da Retórica, esta ganhou o sentido pejorativo de arte de falar bem mas sem conteúdo, ou com o intuito escusos. Nos últimos anos, mercê do progresso experimentado pelos estudos lingüísticos, a Retórica voltou à ordem do dia, porém numa nova acepção: a pesquisa do discurso literário, tendo em vista não a arte da eloqüência, senão as leis, normas e "desvios" que regem a expressão do pensamento estético através da palavra escrita.

4. PERSUASÃO

4.1. OS TRÊS GÊNEROS DA PERSUASÃO

Persuadir é gênero e compreende três espécies, três modos de persuadir, a saber, convencercomoveragradar. Cícero chama de "Tria officia". A primeira se diz lógica, a segunda afetiva, a terceira estética.

Convencer vem de "cum + vincere" = vencer o opositor com sua participação. E tecnicamente denota persuadir a mente através de provas lógicas: indutivas (exemplos) ou dedutivas (argumentos). Assemelha-se ao docere (ensinar), que é a tentativa de persuasão partidária no domínio intelectual.

Comover vem de cum + movere persuadir através do coração. Pela excitação da afetividade, a vontade arrasta o intelecto a aderir ao ponto de vista do orador. Ethos (moral) é usar um grau de intensidade mais suave. Movere (mover) é intensidade mais violenta, correspondendo ao pathos (paixão).

Agradar corresponde na terminologia latina a "placere" = agradar. Delectare (deleitar) é a persuasão no domínio afetivo. (Tringale, 1988)

4.2. DIRETRIZ GERAL DA PERSUASÃO

O pressuposto básico da persuasão é o amplificatio (amplificação). O nosso discurso deve ampliar-se nas pessoas que nos ouvem. É como "captar as suas mentes" para aquilo que queremos modificar. A veiculação de nossas palavras é uma tentativa de mostrar que temos o conhecimento da verdade e queremos outros partidários. Isto não significa fazer proselitismo, mas simplesmente expor sem impor. Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, aplicava esta técnica quando tinha que dar explicações aos seus contraditores.

4.3. AS REPETIÇÕES

De acordo com as teorias de comunicação de massa, a repetição tem a incumbência de estimular o desejo de compra no consumidor. Para tanto, os técnicos em propaganda servem-se da teoria do reflexo condicionado, descoberta por Pavlov. Cria-se um slogan (idéia força) e, repete-se intensivamente, a fim de penetrar na mente do consumidor, no sentido de direcioná-lo para a compra do seu produto.

O orador, consciente e lúcido, deve evitar essa técnica, conhecida como lavagem cerebral. O correto é termos ligação com a verdade dos fatos, mesmo porque, para haver persuasão, é preciso haver credibilidade, pois a liderança social é essencialmente dinâmica e criadora, sendo condição vital do líder o prestígio, que se alicerça nas qualidades da persuasão.

5. RETÓRICA

5.1. A PREMISSA BÁSICA DA RETÓRICA

Para haver persuasão, qualquer que seja o discurso, é preciso haver credibilidade. Deve-se, entretanto, distinguir a credibilidade da matéria em si da credibilidade atingida graças à habilidade do orador.

"Tornar crível" vem a ser, portanto, uma tarefa partidária do discurso.

5.2. A ELABORAÇÃO DE UM DISCURSO PODE SER DIVIDIDA EM CINCO PARTES

1. Inventio (invenção) é o ato de encontrar pensamentos adequados à matéria, conforme o interesse do partido representado.

2. Dispositio (disposição) é a escolha e a ordenação dos pensamentos, das formulações lingüísticas e das formas artísticas para o discurso, sempre visando a favorecer a persuasão partidária. Há liberdade, mas não completa arbitrariedade.

dispositio divide-se em:

a) a bipartição, que opõe uma parte à outra, acentuando a tensão da totalidade;

b) a tripartição, que acentua a linearidade, como estado completo, com princípio, meio e fim.

O meio refere-se à matéria propriamente dita. Subdivide-se em:

a) numa parte instrutiva, propositio (proposição) ou narratio (narração);

b) numa parte probatória, a argumantatio (argumentação).

A argumentação pode ser subdividida em:

a) numa probatio (provação) em que se prova o ponto de vista partidário;

b) numa refutatio (refutação), em que se refuta o ponto de vista do partido adversário.

3. Elocutio (elocução) é a expressão lingüística dos pensamentos encontrados pela inventio. Traz em seu bojo o estilo e a gramática.

Puritas refere-se à gramática correta e exige que a sintaxe seja idiomaticamente correta.

hipérbole é a substituição de um verbum proprium por outro que exagere para além dos limites da credibilidade a idéia que se deseja realçar

4. Memoria (memória) é a memorização de um discurso, o que também apresenta uma teoria, para facilitar o trabalho do orador.

5. Pronunciatio (pronunciação) é o ato de enunciação do discurso que engloba, além dos recursos vocais, a métrica necessária. (Enciclopédia Mirador Internacional)

5.3. A RETÓRICA PLATÔNICA EVIDENCIAVA A VERDADE

A "verdadeira retórica", para Platão, nada mais é que o modo de levar e de transmitir a verdade aos homens.

"Em especial, Platão, no Fedro, quer tirar a retórica do nível das regras do falar com o único objetivo de convencer o interlocutor jogando em ampla medida com a mera opinião (o "considerar verdadeiro") para transformá-la na arte de dizer a verdade. E justamente por isso quer fundamentá-la na dialética, que é o único método capaz de chegar à verdade e exprimi-la de modo adequado.

A arte dizer, portanto, deve, segundo Platão, basear-se nestes três pontos fundamentais:

1) deve conhecer a verdade acerca do que se deseja falar;

2) deve conhecer a natureza da alma em geral e especialmente das almas às quais se dirige para poder convencê-las de modo adequado;

3) deve ter a consciência da natureza e do alcance dos meios de comunicação, especialmente a diferença entre escrita e oralidade." (Reale, 1999, p. 251)

6. FORMA E CONTEÚDO

6.1. O SENTIDO PEJORATIVO DA RETÓRICA

Como vimos anteriormente, na Antiguidade clássica, a palavra retórica era usada exclusivamente para a disseminação da verdade. No decurso do tempo, acabamos exercitando mais a forma do que o conteúdo, o que nos propiciou maior preocupação com o malabarismo da voz e dos gestos do que com o tema em si mesmo.

Observe a propaganda política dos nossos dias: promete-se além daquilo que se pode cumprir; enfatiza-se o lado emotivo; cria-se um salvador da pátria. Mas, quando estão no poder, acabam fazendo o que os seus antecessores faziam.

6.2. OS PRESSUPOSTOS ESPÍRITAS

O orador espírita deve ter, em primeiro lugar, a preocupação de conhecer o Espiritismo, donde extrairá o conteúdo doutrinal das suas exposições. Muitos oradores tornam-se "falsos profetas", porque se deixaram guiar pela vaidade e pelo orgulho. Querem a todo o momento estar fazendo preleções nos diversos Centros Espíritas, mas sem a devida pesquisa e estudo do tema.

Para que tenhamos conteúdo em nossas apresentações, é preciso debruçar o pensamento sobre as obras espíritas, principalmente aquelas trazidas por Allan Kardec. Como transmitir uma doutrina se não a estudamos? Como ter o partido do nosso lado, se não sabemos o que este partido defende?

Lembrete: a absorção da Doutrina Espírita não pode ser obra de um dia. É um trabalho árduo que, quando começado, não tem mais volta, pois sempre teremos uma nova maneira de ver e de abordar o mesmo assunto.

6.3. A MISSÃO DO ESPIRITISMO

A missão do Espiritismo é consolar, esclarecer, levar esperança aos que sofrem e erram. Não é aguçar o sofrimento de quem já vive em verdadeiro drama de consciência.

A maneira (forma) de comunicar a Doutrina Espírita é também sumamente importante, mas não o essencial.

Allan Kardec, o bom senso encarnado, tinha o máximo cuidado de não ofender as almas ainda ignorantes do mundo espiritual. Por isso, pregava sempre a liberdade de ação, deixando que o seu interlocutor tomasse a sua própria decisão.

7. CONCLUSÃO

Esforcemo-nos por adquirir novas técnicas de comunicação. Contudo, não nos esqueçamos de concentrar as nossas forças e as nossas energias na propagação correta do que seja o Espiritismo.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ÁVILA, F. B. de S.J. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de Janeiro: M.E.C., 1967.
ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL. São Paulo: Encyclopaedia Britannica, 1987.
POLIS - ENCICLOPÉDIA VERBO DA SOCIEDADE E DO ESTADO. São Paulo: Verbo, 1986.
REALE, Giovanni. O Saber dos Antigos: Terapia para os Dias Atuais. Tradução de Silvana Cobucci Leite. São Paulo: Loyola, 1999.
TRINGALE, D. Introdução à Retórica: A Retórica como Crítica Literária. São Paulo: Duas Cidades, 1988.

São Paulo, dezembro de 2003