“A moral da história é a seguinte: deem telas a seus
filhos, os fabricantes de telas continuarão dando livros aos deles.” Guillaume
Erner, jornalista francês e doutor em sociologia.
Tela.
Compreende a tela que usamos para a interação com o nosso computador, smartphone ou outros
dispositivos eletrônicos. Na tela podemos visualizar informações, tais
como, imagens, texto e vídeos. Algumas questões: quanto tempo devemos usar a tela? Temos consciência de seu uso? A idade
tem importância no uso da tela? Quem mais ganha com o uso gratuito da tela?
A geração dos nativos digitais apresenta três traços
marcantes: o zapping, a
impaciência e o coletivo. Para eles, tudo deve ser rápido e, se possível, rapidíssimo.
Aprenderam a trabalhar em equipe, possuindo uma cultura digital intuitiva. Muitos
fogem do raciocínio demonstrativo, dedutivo, o passo a passo, preferindo o
tateamento favorecido pelos links de hipertextos.
Estudos tem mostrado a influência do uso de telas no cérebro
e na formação da personalidade. Muitos dizem que de 0 a 6 anos a criança não deveria
de modo algum ter contato com a tela. Por quê? A rapidez dos itens passados dá a
sensação à criança de que ela está aprendendo alguma coisa útil. Observe a reação
de algumas crianças, quando mãe demora para atender ao seu pedido: choram e,
impacientam-se.
Regras para o uso das telas
Antes dos 6 anos
Ausência de telas.
Para crescerem de modo saudável, crianças pequenas não precisam de telas. Elas
precisam que falemos com elas, que leiamos histórias para elas, que lhes demos
livros.
Depois de 6 anos
Menos de trinta
minutos a uma hora por dia (tudo incluído!). É neste ponto, sem dúvida, que
se encontra “a” boa notícia deste texto! Em dose modesta, as telas não são
nocivas (obviamente, desde que os conteúdos sejam adaptados e o sono
preservado). Em particular, quando o consumo diário é inferior a 30 minutos,
elas não parecem ter efeitos negativos detectáveis. Entre 30 minutos e uma
hora, emergem os danos, mas estes parecem bem fracos e podem ser considerados
toleráveis. A partir desses dados, uma abordagem prudente poderia propor uma
graduação por idade: máximo de 30 minutos até os 12 anos e 60 minutos além
disso.
Quartos sem telas digitais. As telas nos quartos têm um impacto especificamente desfavorável. Elas aumentam o tempo de uso (em particular tomando o lugar do sono) e favorecem o acesso a conteúdos inadequados.
Ausência de
conteúdos inadequados. Seja sob a forma de videoclipes, séries ou videogames,
etc., os conteúdos de caráter violento, sexual, tabagista, alcoólico, etc., têm
profundo efeito sobre a maneira como as crianças e adolescentes percebem o
mundo.
Nunca antes de ir
para a escola. Os conteúdos “estimulantes”, em especial, esgotam de forma
duradoura as capacidades cognitivas da criança. De manhã, deixe-a sonhar, se
entediar e tomar o café da manhã num ambiente sereno; escute-a, fale com ela,
etc. Seu rendimento escolar será bem melhor.
Nunca à noite, antes
de ir se deitar. As telas “noturnas” afetam intensamente a duração (deita-se
mais tarde) e a qualidade (dorme-se mal) do sono. Os conteúdos “estimulantes”
são, aí também, muito prejudiciais. Desligue tudo ao menos 1h30 antes da hora
de ir para a cama.
Uma coisa de cada
vez. Último ponto, mas de extrema importância; as telas devem ser
utilizadas sozinhas (uma de cada vez). Devem ficar fora do alcance durante as
refeições, os deveres e as conversas familiares. Quanto mais um cérebro em
desenvolvimento é submetido a multitarefas,
mais ele se torna permeável à distração. Além disso, quanto mais coisas ele faz
ao mesmo tempo, pior é seu desempenho e pior é seu nível de aprendizado e
memorização. Demonstração definitiva, como se isso ainda fosse necessário, de
que nosso cérebro não é de fato feito para as práticas da nova modernidade
digital.
Fonte de Consulta
DESMURGET, Michel. A
Fábrica de Cretinos Digitais: Os Perigos das Telas para nossas Crianças.
Tradução de Mauro Pinheiro. São Paulo: Vestígio, 2021.
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