28 novembro 2025

Uso de Tela

“A moral da história é a seguinte: deem telas a seus filhos, os fabricantes de telas continuarão dando livros aos deles.” Guillaume Erner, jornalista francês e doutor em sociologia.

Tela. Compreende a tela que usamos para a interação com o nosso computador, smartphone ou outros dispositivos eletrônicos. Na tela podemos visualizar informações, tais como, imagens, texto e vídeos. Algumas questões: quanto tempo devemos usar a tela? Temos consciência de seu uso? A idade tem importância no uso da tela? Quem mais ganha com o uso gratuito da tela?

A geração dos nativos digitais apresenta três traços marcantes: o zapping, a impaciência e o coletivo. Para eles, tudo deve ser rápido e, se possível, rapidíssimo. Aprenderam a trabalhar em equipe, possuindo uma cultura digital intuitiva. Muitos fogem do raciocínio demonstrativo, dedutivo, o passo a passo, preferindo o tateamento favorecido pelos links de hipertextos.

Estudos tem mostrado a influência do uso de telas no cérebro e na formação da personalidade. Muitos dizem que de 0 a 6 anos a criança não deveria de modo algum ter contato com a tela. Por quê? A rapidez dos itens passados dá a sensação à criança de que ela está aprendendo alguma coisa útil. Observe a reação de algumas crianças, quando mãe demora para atender ao seu pedido: choram e, impacientam-se.

Regras para o uso das telas

Antes dos 6 anos

Ausência de telas. Para crescerem de modo saudável, crianças pequenas não precisam de telas. Elas precisam que falemos com elas, que leiamos histórias para elas, que lhes demos livros.

Depois de 6 anos

Menos de trinta minutos a uma hora por dia (tudo incluído!). É neste ponto, sem dúvida, que se encontra “a” boa notícia deste texto! Em dose modesta, as telas não são nocivas (obviamente, desde que os conteúdos sejam adaptados e o sono preservado). Em particular, quando o consumo diário é inferior a 30 minutos, elas não parecem ter efeitos negativos detectáveis. Entre 30 minutos e uma hora, emergem os danos, mas estes parecem bem fracos e podem ser considerados toleráveis. A partir desses dados, uma abordagem prudente poderia propor uma graduação por idade: máximo de 30 minutos até os 12 anos e 60 minutos além disso.

Quartos sem telas digitais. As telas nos quartos têm um impacto especificamente desfavorável. Elas aumentam o tempo de uso (em particular tomando o lugar do sono) e favorecem o acesso a conteúdos inadequados. 

Ausência de conteúdos inadequados. Seja sob a forma de videoclipes, séries ou videogames, etc., os conteúdos de caráter violento, sexual, tabagista, alcoólico, etc., têm profundo efeito sobre a maneira como as crianças e adolescentes percebem o mundo.

Nunca antes de ir para a escola. Os conteúdos “estimulantes”, em especial, esgotam de forma duradoura as capacidades cognitivas da criança. De manhã, deixe-a sonhar, se entediar e tomar o café da manhã num ambiente sereno; escute-a, fale com ela, etc. Seu rendimento escolar será bem melhor.

Nunca à noite, antes de ir se deitar. As telas “noturnas” afetam intensamente a duração (deita-se mais tarde) e a qualidade (dorme-se mal) do sono. Os conteúdos “estimulantes” são, aí também, muito prejudiciais. Desligue tudo ao menos 1h30 antes da hora de ir para a cama.

Uma coisa de cada vez. Último ponto, mas de extrema importância; as telas devem ser utilizadas sozinhas (uma de cada vez). Devem ficar fora do alcance durante as refeições, os deveres e as conversas familiares. Quanto mais um cérebro em desenvolvimento é submetido a multitarefas, mais ele se torna permeável à distração. Além disso, quanto mais coisas ele faz ao mesmo tempo, pior é seu desempenho e pior é seu nível de aprendizado e memorização. Demonstração definitiva, como se isso ainda fosse necessário, de que nosso cérebro não é de fato feito para as práticas da nova modernidade digital.

Fonte de Consulta

DESMURGET, Michel. A Fábrica de Cretinos Digitais: Os Perigos das Telas para nossas Crianças. Tradução de Mauro Pinheiro. São Paulo: Vestígio, 2021.

Comentário 

Dessas recomendações, algumas são questionáveis. 

“Antes dos 6 anos: ausência total de telas”

Eis o que as diretrizes internacionais recomendam:

Idade

Diretriz mais aceita

0–2 anos

Evitar telas, exceto vídeo-chamada com familiares

2–5 anos

Até ~1h/dia, com supervisão e conteúdo educativo

+6 anos

Sem tempo rígido, mas com equilíbrio, rotina e mediação

Ou seja: o uso pode existir na infância, mas deve ser curto, acompanhado e com intenção pedagógica ou afetiva.

“Máximo de 30min até 12 anos e 1h depois”

Não há evidência forte para esse teto rígido. O impacto depende muito mais de:

qualidade do conteúdo

contexto de uso

equilíbrio com sono, movimento, leitura, socialização

supervisão e mediação dos pais

Uma criança pode se prejudicar com 30 min/dia mal usados — e ser saudável com 2h/dia bem orientadas. 

Sugestões Práticas e Realistas para Diminuição do Uso de Telas

1. Defina um tempo máximo diário de tela — Use apps de limite (em celular e tablet) como Bem-estar Digital/Screen Time. Comece reduzindo aos poucos — exemplo: 15–30 min a menos por dia.

2. Crie “zonas e horários sem tela” — Durante refeições. Primeira hora do dia. 1–2 horas antes de dormir. No quarto, se possível, deixe o celular fora do alcance.

3. Planeje atividades substitutasTelas são fáceis porque estão sempre disponíveis. Se tiver algo melhor para fazer, fica mais fácil evitar. Algumas ideias:

 

Alternativas sem telas

Para relaxar

Para aprender

Para passar o tempo

Caminhadas

Meditação

Livros físicos

Artesanato

Jardinagem

Música

Cursos presenciais

Jogos de tabuleiro

Exercícios físicos

Yoga

Grupos de conversa

Cozinhar

4. Use a regra 20-20-20 (para trabalho obrigatório em telas)A cada 20 min → olhe 20s para algo a 6 metros. Isso reduz cansaço visual e ajuda a lembrar de fazer pausas.

5. Deixe o uso das telas menos “atraente”Desative notificações não essenciais. Tire redes sociais da tela principal do celular. Ative escala de cinza no celular para diminuir estímulo visual. Coloque o aparelho longe ao trabalhar para evitar pegar por hábito.

6. Tenha consciência do usoPergunte-se antes de pegar uma tela: “Preciso realmente disso agora ou é só impulso?” Apenas essa pergunta já reduz bastante o uso automático.

7. Busque atividades sociais presenciaisConversas, encontros, clubes de leitura, esportes — qualquer interação real reduz o tempo em frente às telas e melhora o bem-estar. (ChatGPT)

 

 

Nenhum comentário: