Repetição oral. É a
repetição feita pela fala, de forma espontânea ou deliberada, durante a comunicação
verbal. Suas características principais são: imediata e efêmera, espontânea, expressiva. Exemplo: “Ele vem, vem mesmo! Você vai ver!”
Repetição escrita. É a repetição feita por meio da escrita, de forma
consciente, planejada e visualmente registrada. Suas características são: duradoura,
revisável, intencional, visual e estrutural. Exemplo: “Nada muda, nada cresce, nada floresce.”
Na escrita com a possibilidade de revisão e
editoração, com apagamentos sucessivos, só se obtém a versão final diminuindo a
presença da repetição. Na fala, em que nada se apaga, a repetição faz parte do
processo formulativo. Sua presença na superfície do texto falado é alto, constatando-se
que, a cada cinco palavras, em média, uma é repetida. Há uma grande diferença
repetir elementos linguísticos e repetir o mesmo conteúdo. (1)
Na fala,
pensamos e falamos ao mesmo tempo; por isso, repetimos palavras ou expressões
para ganhar
tempo enquanto organizamos o pensamento: “Então...
então... eu acho que... sabe?” Na escrita,
ao contrário, temos tempo para rever
e editar. Podemos apagar repetições desnecessárias. Escolhemos
palavras com mais cuidado. Buscamos clareza
e economia. Assim, a
escrita é reflexiva
e condensada, enquanto a fala é espontânea e redundante.
Nos diálogos platônicos, a repetição oral aparece como
método de ensino e investigação. Sua função é reforçar uma ideia até que o
interlocutor compreenda o conceito. Exemplo: Sócrates repete perguntas de
diferentes formas — “O que é a virtude?”, “E o que é o bem?”, “E o justo, é o
mesmo que o bom?” A repetição aqui é dialógica, não estética: serve
para fazer
pensar. (2)
Nos evangelhos, Jesus frequentemente repete expressões como: “Em
verdade, em verdade vos digo…” “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” Essas
repetições orais reforçam a autoridade e
a memorização da
mensagem. A palavra falada tem poder espiritual — a repetição grava o sagrado
no coração do ouvinte. A repetição
oral tende ao rito —
palavra viva, ação transformadora. A repetição
escrita tende ao logos — palavra refletida, ideia
pensada. (2)
Repetir para memorizar. Para memorizar bem é preciso fazer o esforço de repetir. E é reativando regularmente as informações, para fazer uma revisão, por exemplo, que teremos mais chances de fixá-las na memória de longo prazo. Podemos aplicar o método da repetição espaçada, ou seja, rever o conteúdo em intervalos crescentes (1 dia, 3 dias, 7 dias, 15 dias...)
A Psicologia ensina-nos, também, que a repetição tem que ser moderada, pois com poucas repetições há grande aprendizado, enquanto com muitas o rendimento cai. Os psicólogos aconselham-nos a deixar espaço para o cérebro trabalhar por conta própria, principalmente durante o sono físico.
(1) JUBRAN, Clélia Cândida Abreu Spinardi e KOCH, Indegore Grunfeld Villaça (Org.). Gramática do Português Culto Falado no Brasil. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2006.
(2) ChatGPT
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