Título: Palestra Espírita, Como Fazer
Autor: Louis Neilmoris
Edição revisada em Agosto, 2011
Prólogo
A abrangência da palestra espírita chega mesmo a ser, não para poucos, um dos maiores problemas atuais do Espiritismo, pois o que se ouve num centro é questionado em outro e rechaçado em determinada casa espírita. Há palestras que nada explicam, outras que só confundem e algumas mais que revoltam. É que elas são proferidas conforme o entendimento de seu expositor e bem pouca triagem se faz, por parte dos dirigentes espíritas, de quem fará uso da palavra. Também nos circundam polêmicas clássicas acerca da doutrina, por exemplo, a velha questão de a Doutrina Espírita ser ou não uma religião.
Essa
abrangência se deve de o Espiritismo ser tão complexo quanto fundamental, e,
desta maneira, merecer toda a nossa dedicação. Por isso mesmo, faculta uma
campo inesgotável a ser explorado, o que ajuda a explicar o quanto que há de
bons palestrantes espíritas — e tantos que se proliferam.
1 — Palestra Espírita, o Que É
Para
definirmos o que ela é, podemos nos utilizar do recurso da exclusão, ponderando
o que ela não é — ou não deve ser. Um louvor,
por exemplo, ela não é, ainda que possa conter doses de louvação. Se fosse,
iria se assemelhar à missa ou a um culto evangélico protestante, pois a
proposta espírita não é o da eterna contemplação da magnitude da Divindade, mas
sim a de progredirmos, aperfeiçoando-nos para alcançarmos a melhor compreensão
da espiritualidade — eis o melhor louvor.
As
reuniões públicas dos Centros Espíritas que abrem espaço para palestras esperam
que elas se transformem, naturalmente, em convite aos assistidos para que façam
os cursos doutrinários oferecidos pela casa. Um determinado tema é explorado e
uma ligeira aula é passada para que se tenha uma visão
panorâmica da posição espírita sobre aquele assunto. Os pormenores — que não
foram abordados pelo palestrante — poderão ser tratados a partir do estudo
sistemático, ou, por ventura, através de um atendimento pessoal de um
trabalhador da casa (e não apenas daquele palestrante), ou mesmo por pesquisa
própria do indivíduo que se achar apto a perscrutar os livros, revistas e
demais mídias.
2 — O Palestrante Espírita
O
palestrante espírita deve ser espírita.
Para
alguns, pode parecer pueril frisar tal sentença acima, mas um exame mais
apurado mostrará que a questão é tão profunda quanto capital, não apenas por
que tem muito palestrante de ofício se passando por espírita
— para vender seus produtos (por exemplos, livros e discos) ou mesmo a própria
palestra —, como ainda pelo fato de se esperar santidade daquele que se propõe
a pregar um ensinamento fundamentado numa moral.
Portanto,
não devemos cobrar perfeição de si ou do indivíduo que se propõe a palestrar,
nem mesmo a perfeição técnica no ato de proferir a palestra. Ou seja, estamos
sujeitos à falência tanto quanto ao caráter pessoal quanto à faculdade
operacional do ofício. Mas devemos nos habilitar para a capacitação nesses dois
campos: sermos espíritas de moral e bons palestrantes. O bom é que a estrada é uma só: ao passo que
nos reformamos moralmente e adquirimos vivência, nos tornamos aptos a
dividir o que logramos com os demais.
E quanto ao temor de ser reputado hipócrita?
Há, sem dúvida, e bem possível é que qualquer bom orador espírita seja vez ou
outra flagrado em contradição com o que aponta na sua palestra. Isso é passível
de suceder em casa, no trabalho, com os amigos, etc., onde a correlação de
pessoas é intensiva. Mas ele próprio, por ainda estar a caminho
da Luz, é também aprendiz de si mesmo, das suas palestras. Por seus
ouvidos serem os mais próximos do que sua boca pronuncia, ele é o primeiro
ouvinte de sua própria tese.
3 — O Ouvinte
Já
se passou a era dos críticos de profissão. Hoje, todos somos
críticos pertinazes e constantes de tudo e de todos — ainda bem!
Se
existe a arte da oratória, a de ouvinte também está em curso. Então, a cada
palavra que você, palestrante, exprime, incontáveis pensamentos e julgamentos
emergem na cabeça daquele te escuta. Não se aceita mais o ditado, mas tudo é
medido e pesado.
Vejamos,
perscrutando nossos costumes, quando estamos no meio de um diálogo — uma
conversa regular, um bate-papo comum —, se sabemos escutar; se
aguardamos, oxalá, o final da frase para mastigarmos o sentido de cada palavra;
se não interrompemos o interlocutor antes que ele complete seu raciocínio; se
sabemos ouvir, numa palavra. Sabemos escutar?
O
primordial da palestra é passar uma mensagem, ensinar conceitos, reformar
comportamentos, revigorar ânimos, fazer prosélitos, evangelizar e afins.
Todavia, dada a crescente qualificação, mais trabalhosa é a tarefa de
convencimento, principalmente pela diversidade de dissertações e opiniões, hoje
em dia. Para cada ideia que você apresentar, o assistido terá que confrontá-la
com várias outras versões dessa mesma ideia, que ele escutou aqui e acolá. Qual
a convencerá?
4 —Regras Gerais de Oratória
A ambientação bem cuidada favorece a boa
palestra: um lugar aconchegante, sonoramente harmonioso e com a devida
instrumentação (microfone e serviço de som, quando se tratar de um amplo salão
e grande público).
Por falar em microfone, nunca é o bastante alertarmos
para o seu bom uso, desde o modo de como segurá-lo (sobretudo os de fio) até o
ajuste do timbre. A intimidade com esse instrumento — “bicho-papão” para tanta
gente — se com o devido treinamento, considerando ainda que, de acordo com a
aparelhagem de som e as condições do ambiente, cada ocasião requer uma
configuração própria. Por isso, se for possível, antes de começar a falar,
experimente o microfone e veja a melhor distancia dele em relação à sua boca. A dica máxima é quebrar os bloqueios psicóticos e falar como se o
microfone não existisse, compreendendo o seu espetacular valor (ampliar
nossa voz). Atenção: não fique dobrando o fio do microfone
(algumas pessoas fazem isso para diminuir a adrenalina).
Fuja
dos sotaques, vícios de linguagens e manias.
Sobre a linguagem, aproveitando o ensejo,
devemos acrescentar e até advertir — sobretudo para os intelectualizados — que
é extremamente importante que se ajuste ao nível dos ouvintes.
Cuidemos para não cairmos na tentação de usar um jargão elevado, acima da
capacidade de compreensão do povo, ainda mais que a nossa Doutrina está repleta
de vocábulos e expressões próprios e costumeiros do meio espírita, que fogem da
compreensão comum. Por essa razão, de vez em quando, não custa nada dar uma
rápida definição do termo, porque senão, por causa de não se saber do
significado de uma só palavra, toda uma palestra termina por incompreendida. “Perispírito”, por exemplo, soa tão comum ao espírita quanto “feijão”. Mas
para o leigo, é um “monstro de palavra” — e nem todo mundo tem a
curiosidade de aprender novos vocábulos. Assim, não custa nada dar uma rápida
definição: “...o perispírito, quer dizer, o corpo espiritual...”
5 — Oratória Clássica e Retórica
Sendo a palestre espírita um gênero específico
de discurso, faz-se necessário fazer sua diferenciação em relação à Oratória
clássica.
Tradicionalmente,
diz-se que a Oratória — a Arte de Falar Bem — se desenvolveu inicialmente por
volta do século IV a.C. em Siracusa, que era na antiguidade a maior e mais
importante cidade da província siciliana, atual Itália.
O
primeiro manual sobre a retórica teria surgido nesta cidade no século V antes
de Cristo, supostamente escrito por Córax e seu discípulo
Tísias. Córax escreveu a obra para orientar os advogados que se
propunham a defender causas de pessoas que desejavam reaver seus bens e suas
propriedades espoliados por tiranos.
Há
até um interessante conto sobre o aprendizado de Tísias que diz que este se
recusou a pagar as aulas ministradas pelo seu mestre Córax alegando que, se fora bem instruído pelo mestre, estava apto a convencê-lo
de não cobrar o pagamento pelo estudo. Se este não ficasse convencido,
era porque o discípulo ainda não estava devidamente preparado, fato que o
desobrigava de qualquer ônus.
Na
Grécia Antiga, mais do que em qualquer outro lugar, a fala tinha indizível
valor, chegando mesmo a ser parâmetro para pesar o valor pessoal.
E
no meio de tantas escolas filosóficas, surgiu a Retórica, a arte do convencimento pela eloquência, mas com uma diferença: o
retórico propõe-se simplesmente a convencer, convencer e convencer, sem o
escrúpulo de considerar a veracidade e integridade da alegação.
Os
créditos da Retórica se devem aos sofistas. Estes formaram uma classe de
filósofos — ou pseudofilósofos, segundo os seus opositores — que, mediante
pagamento, viajavam de cidade em cidade ensinando técnicas de argumentação a
fim de que mesmo os naturalmente menos desprovidos de intelectualidade, pudessem
usar de artimanhas da linguagem e das ideias associadas para se promoverem na
vida social e política. Os sistemas criados eram tão envolventes que qualquer
mediano se passava por sábio.
Atribui-se Demóstenes como o
mais eloquente retórico de seu tempo — muito embora fosse gago.
6 — Interação
Normalmente, os que fazem indagações ao
auditório são os oradores que deixam o público sonolento, com um argumento
fraco. Mas, reza a prática, que há sim ocasiões bastante propícias para lançar
uma questão no ar. Ei-las:
Quando a resposta for óbvia: para dar um gás na atenção dos
ouvintes e fazê-los se sentirem sabedores, pergunta-se coisas muito fáceis, que
todos saibam, pois se você faz uma pergunta e alguém responde errado, fica
chato ter que contrariar aquele ouvinte. Além do que, ele pode continuar se
achando certo e começar a secar o palestrante.
Quando a resposta é
desconhecida: você
faz a pergunta com a certeza de que ninguém saberá responder e, portanto,
poucos ou ninguém se atreverá a arriscar um palpite. Ao mesmo tempo, o clima de
suspensa desperta interesse em saber a solução da questão proposta. Mas é
preciso que seja algo realmente interessante. Do contrário, a frustração é
garantida e as mentes ativas dos ouvintes elaboraram sentenças como essas:
“todo esse drama só para isso?”, “e para que eu quero saber disso?”, etc.
Quando se quer colher opiniões
diversas:
a intenção aqui é mostrar a diversidade e complexidade da questão, que cada um
tem um pouco de razão e ninguém é detentor da verdade absoluta. Assim, que
respondam certo ou errado, não terá importância o conteúdo das intervenções do
público, mas sim, a somatória da participação deles.
Quando se quer ganhar tempo
mesmo:
é quando o palestrante perdeu o rumo de que tratava e quer uma pausa para
reelaborar os conceitos.
Uma
dica interessante, quando se tem uma turma animada e participativa, é ensejar
que a plateia complete palavras. Exemplo: “O mecanismo que a Divindade
estabeleceu para a constante reformulação do indivíduo é a reen... (ao que o público completa: ...carnação!)”. Mas o recurso só é bem aplicável quando se trata de
palavras grandes, as quais o orador fale um ou duas sílabas e já deixe evidente
o restante a ser completado — para não ter erro.
7 — Vibração e Magnetismo
O próximo passo para a evolução na comunicação
humana é a telepatia, quando não mais se falseará a verdadeira mensagem nem a
essência do pregador.
É sabido que o pensamento é a linguagem da
espiritualidade e, portanto, a verdadeira mensagem é a que está no íntimo do
ser, de onde brota o pensamento — tantas vezes manipulado pelo joguete de
palavras.
No plano espiritual, as entidades superiores
podem se ocultar e se abster de revelar seus pensamentos diante dos menos
evoluídos e o fazem comumente em determinadas situações, por razões sempre
plausíveis, em que haja proveito para ambos. Contudo, o inverso não é possível:
os Espíritos jamais se escondem de seus superiores e são conhecidos em todos os
detalhes.
Os
Espíritos adiantados, porém, estão sempre abertos uns para os outros porque não
têm o que ocultar, e nos mundos cujo progresso está bem encaminhado, eles se
convivem abertamente pela telepatia.
8 — Daí de Graça...
Já que falamos sobre comprometimento, tratemos
agora de um assunto sempre polêmico: bônus material.
Ressaltando o devido respeito aos que pensam
contrário, somos francamente favoráveis à proposta de que o serviço espírita
deve ser totalmente gratuito: animação
musical, atendimento fraterno, terapia mediúnica e, idem, palestra. Como
missão apostólica — evangelização mesmo —, não faz sentido o palestrante cobrar
pela oratória espírita, pois o exemplo do Cristo é a abnegação. O espírita
deve, a nosso ver, ter seu sustento material fora do âmbito espírita. Ele até
pode muito bem ter lucros através com palestras de outras naturezas
(treinamento para vendedores, impressionismo político, motivação empresarial,
etc.), mas não dentro do âmbito espírita.
Também não vale a cobrança
camuflada: tem muita gente que se apresenta para fazer suas supostas
palestras espíritas e no fim, vemos que o foco é mesmo o de exposição e feira
de produtos como livros e discos. Não que seja errado o palestrante editar e
promover obras literárias e outras mídias, mas que esse não seja o ponto
primordial — desde que, também, esses produtos não sejam para benefício
material do palestrante.
9 — Fórmulas Modernas
Os gregos e sicilianos só tinham o recurso
verbal para explanar suas ideias, mas a modernidade nos permite recursos
riquíssimos e inovadores para formular uma oratória dinâmica.
Palestra musical
Anexos artísticos
Aparato audiovisual
10 — Pedagogia Espírita
Pedagogia de Jesus
Eis
alguns apontamentos:
Valorização do indivíduo: Jesus acredita na realização
pessoal de cada indivíduo — “Vós sois a
luz do mundo.” (Mateus, 5:14);
Aproximação: procura estabelecer laços com
todos — “As minhas ovelhas ouvem a minha
voz: eu as conheço e elas me seguem.” (João, 10:27);
Temporização: compreende que tudo tem o seu
tempo, que a evolução progressivamente e o aprendizado é cumulativo — “Primeiro a erva, depois a espiga e por
último o grão cheio na espiga.” (Marcos, 4:28);
Adequação linguística: Ele exemplifica seus
ensinamentos através de parábolas simples e acessível, numa linguagem típica
dos camponeses de Seu tempo — O semeador, o filho pródigo, parábola dos
talentos, etc.
Convite à reflexão: induz o ouvinte a se questionar
e buscar respostas por si mesmo — “Quem
foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões?” (Lucas, 10:36);
Estímulo à autoavaliação: Jesus instrui-nos a sermos
nossos próprios inquiridores — “Quem dentre vós estiver sem pecado, que atire a
primeira pedra.” (João, 8:7);
Dinamização: Conversa, pergunta, narra contos,
ensina, exemplifica e até debate sobre si mesmo — “Quem os homens dizem ser o Filho de Deus?” (Mateus, 16:13);
Contato: Vai ao encontro do povo,
toca-os, abraça crianças, divide o pão com eles e não reclama das acomodações,
da distância, do horário, etc.
Esperança e consolação: prega um melhor porvir, o
companheirismo e a recompensa — “Vinda a
mim, todos que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” (Mateus,
11:28);
Humildade e comprometimento: promoção da mensagem e não
elevação pessoal — “O Filho do Homem não
veio para ser servido, mas para servir...” (Mateus, 20:28).
Pedagogia de Kardec
Foi
discípulo de Johann Heinrich Pestalozzi — o pioneiro reformador dos métodos
educacionais — e fiel ao método deste, que propunha um ensino à base da
liberdade, da igualdade com singularidade (ver o igual valor entre todos os
homens, apesar das diferenças) e do amor ao aprendiz, num sistema que agrega
naturalmente a escola à família e vice-versa.
O
palestrante espírita tem por dever ler e reler constantemente as Obras Básicas
e se guiar por elas.
“A Educação Espírita
será a nossa contribuição para o Novo Mundo de Amanhã, sendo ao mesmo tempo a
nossa paga aos países que nos deram seus homens, sua cultura e seu gênio para
que pudéssemos crescer sob as luzes do Cruzeiro do Sul”. José Herculano Pires
11 — Elaboração
Vamos então analisar algumas concentrações de
como preparar uma palestra espírita.
O tema e o título
É,
antes de tudo, preciso escolher um tema — o que para muitos é causa de aflição,
quando se pretende determinar um que seja “forte”.
Esquematização
O
esquema de uma palestra é similar à de uma redação: introdução, desenvolvimento
e conclusão.
Comece fazendo um esboço simples: os pontos
principais que envolve o tema e o que exatamente se quer dizer sobre ele
(objetivo da palestra), levando em conta o comum (o que todo mundo diz) e
possíveis elementos novos (o Espiritismo continua evoluindo juntamente com a
Ciência comum) e criatividade pessoal (novas formas de exemplificar os velhos
conceitos).
Em
seguida, rascunhe os procedimentos:
Introdução: breve descrição da palestra;
hora de levantar questões, despertar curiosidade e ganhar a atenção do público;
Desenvolvimento: solucionar as questões
propostas com um parecer claro e objetivo — de acordo com a Doutrina,
evidentemente;
Conclusão: fazer o fechamento com uma
argumentação em torno de duas ideias: solicitação (por exemplo: “vamos
continuar pesquisando esse tem...”) e motivação (“cada um de nós tem as
potencialidades necessárias para conseguir aprender mais sobre isso...”).
12 — Aplausos ou Não
Afinal, o palestrante pode ou não pode ser
aplaudido?
O servidor palestrante, voluntário que é, não
pode almejar o aplauso, pois cumpre uma função qualquer. A aclamação das
palmas não deve ser o seu prêmio e todo aquele que palestra pelo preço da
ovação só receberá muito pouco — exatamente isso: no máximo, meio minuto de
palmas.
13 — O que Torna uma Palestra Inesquecível
Tem
um ditado popular que diz: “quem pouco viu, muito se admira”.
Em
geral, o que torna uma palestra inesquecível para o expectador é:
Ter aprendido algo: seja uma informação inédita ou
uma nova e criativa associação de ideias. Estamos nos referindo a algo
realmente útil ao dia a dia, que seja capaz de melhorar a vida prática da
pessoa, como uma dica para desenvolver hábitos positivos, melhorar o
relacionamento com os outros, oferecer ideias para uma reavaliação de problemas
comuns, etc.
Nesse
quesito, o Espiritismo tem muito a oferecer, sendo corroborado cada vez mais
pelas descobertas científicas atuais;
Ter se sensibilizado: se nada de novo foi aprendido,
a palestra pode ser salva quando sensibilizar a pessoa; quando desperta
sentimentos, como os de motivação para o perdão, para o autodescobrimento, para
enfrentar os desafios do dia a dia. Muitas pessoas vivem num automatismo e
precisam de impulsos conscienciais, ou seja, de um choque emotivo para tomarem
atitudes mais racionais (sabem das leis, mas precisam se convencer que precisam
cumpri-las). Uma palestra pode ser fundamental para o desabrochar de virtudes;
Para
esse gênero, uma boa história ou citação (com um forte recado filosófico) é um
bom pedido;
Ter se divertido: não queiram primar por essa
linha, mas é fato que quando um assunto trivial é tratado — muito sabiamente —
com delicadeza e divertimento, quebrando traumas ou bloqueios comuns, o
espectador passa a considerá-lo, quando antes desdenhava. Assim, o aprendizado
ou a sensibilização vem como mensagem subliminar, disfarçada. Por exemplo:
imagine-se num salão espírita e entra o palestrando anunciando que o tema da noite
é “pluralidade dos mundos habitados”. É provável que você imediatamente faça
aquela cara de quem já não aguenta mais ouvir falar sobre pluralidade dos
mundos habitados, seja por que já se cansou de ler sobre isso ou pelo fato de
já ter assistido a incontáveis oratórias a respeito. De fato, é um tema bem
batido e aparentemente sem muito atrativo, explicável em dois ou três minutos e
que não ocuparia todo o tempo de uma palestra. Entretanto, se explanado de uma
forma bem divertida e dinâmica, poderá causar grande impacto e abrir o leque
para novos aprendizados mais complexos, como: importância de investimentos em
pesquisas espaciais, diversidade de planos (planetas físicos, colônias
espirituais, postos transitórios de socorro espirituais, etc.).
14 — Exemplo Prático
Vamos
ver na prática como se dá a elaboração de uma palestra.
1)
Para começar, vamos escolher o tema mediante o objetivo principal:
Tema:
“O serviço”.
Objetivo
principal: falar sobre nossas obrigações dentro do plano reencarnatório.
2)
Definir o título:
“A Arte de Servir”.
3)
Elaboremos ideias básicas que envolvem o tema:
Ajudar
sem olhar a quem;
Servir
sem ostentação;
Retribuir
o mal com o bem;
Servir
sem esperar recompensa;
Caridade
(material e moral);
Ingratidão;
Voluntariado
e o terceiro setor (ONGs).
15
— Conclusão
Reforçamos que não temos a pretensão de criar
uma cartilha do que deve e o que não deve ser feito e dito e nem impor um
padrão de palestra espírita. Queremos simplesmente dar nossa contribuição no
sentido da requalificação do palestrante, afinal, tudo se renova e quem quer
que creia já ter visto tudo em qualquer quesito, não terá vista nada.
Além
disso, devemos tem em conta as novidades que se sucedem vertiginosamente nos
tempos atuais. Na época de Kardec, o aprendizado sistematizado quase se resumia
pelo recurso da literatura, mas hoje temos uma cesta de mídias dinâmicas
(áudio, vídeo, softwares) muito mais eficientes e das quais devemos nos valer.
Colocamo-nos à disposição para críticas e sugestões para uma possível reedição deste trabalho, para que possamos fazer da palestra espírita — esse maravilhoso instrumento — uma das vias da transformação da humanidade.
Resumo das Notas (*)
O livro “Palestra Espírita, Como Fazer”, de Louis Neilmoris (edição revisada em 2011),
busca orientar trabalhadores espíritas sobre a arte de comunicar os
ensinamentos da Doutrina de forma clara, ética e inspiradora. No prólogo, o autor ressalta a grande
variedade e, por vezes, a incoerência das palestras espíritas, que podem
confundir ou desviar o público. Isso ocorre, segundo ele, pela falta de preparo
e seleção adequada dos expositores. A palestra espírita, lembra o autor, é um
instrumento de educação e esclarecimento, e não um espaço para louvores ou
pregações dogmáticas. Seu objetivo é despertar o interesse pelo estudo e pela
vivência do Espiritismo.
Na definição de palestra espírita, Neilmoris explica que ela deve ser um
convite à reflexão e ao aprendizado, aproximando os ouvintes dos cursos
doutrinários e do estudo sistemático. O palestrante deve, acima de tudo, ser espírita de convicção e moral, ainda que
imperfeito, consciente de que também aprende enquanto ensina. A coerência entre
a fala e a conduta é ideal, mas não absoluta, pois todos estão em processo de
evolução. O autor ressalta a importância da humildade e da autenticidade: o
expositor fala tanto para o público quanto para si mesmo, sendo o primeiro a
ouvir e a se transformar pelas próprias palavras.
Quanto à oratória
e à interação com o público, o livro orienta sobre a importância do
domínio técnico e emocional do palestrante. O ambiente deve ser adequado, o uso
do microfone consciente, e a linguagem simples e acessível. A clareza deve
prevalecer sobre o exibicionismo intelectual. O palestrante precisa adequar o
vocabulário e utilizar exemplos compreensíveis. O autor diferencia a palestra
espírita da retórica clássica,
destacando que esta buscava apenas convencer, enquanto a oratória espírita
busca esclarecer, consolar e moralizar,
guiada pela sinceridade e pelo amor.
Neilmoris também enfatiza a gratuidade e a vibração espiritual
envolvidas na palestra. O serviço espírita, afirma, deve ser gratuito,
inspirado no exemplo de Jesus e nos princípios da caridade desinteressada. A
palestra é um ato de doação, e não um meio de lucro. O magnetismo do expositor,
a vibração e a sinceridade de seus pensamentos são fundamentais para a
transmissão espiritual da mensagem. O livro ainda aborda os recursos modernos da comunicação —
música, arte, audiovisuais — que, bem usados, enriquecem a apresentação sem
desviar o foco da mensagem.
Por
fim, o autor ensina como elaborar e
estruturar uma palestra, desde a escolha do tema e do título até a
introdução, desenvolvimento e conclusão. Recomenda que o palestrante estude as Obras Básicas de Kardec e siga o exemplo
pedagógico de Jesus, que
ensinava com amor, clareza e simplicidade. Uma palestra inesquecível, diz
Neilmoris, é aquela que ensina algo útil, emociona ou diverte com leveza,
despertando reflexões e sentimentos elevados. O livro encerra destacando que
não pretende impor regras, mas contribuir para a renovação e o aperfeiçoamento
dos expositores espíritas, fazendo da palestra um verdadeiro instrumento de transformação moral e espiritual da humanidade.
(*) Resumo feito pelo ChatGPT

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