24 outubro 2025

Palestra Espírita, Como Fazer (Notas de Livro)

Título: Palestra Espírita, Como Fazer

Autor: Louis Neilmoris 

Edição revisada em Agosto, 2011

Prólogo

A abrangência da palestra espírita chega mesmo a ser, não para poucos, um dos maiores problemas atuais do Espiritismo, pois o que se ouve num centro é questionado em outro e rechaçado em determinada casa espírita. Há palestras que nada explicam, outras que só confundem e algumas mais que revoltam. É que elas são proferidas conforme o entendimento de seu expositor e bem pouca triagem se faz, por parte dos dirigentes espíritas, de quem fará uso da palavra. Também nos circundam polêmicas clássicas acerca da doutrina, por exemplo, a velha questão de a Doutrina Espírita ser ou não uma religião.

Essa abrangência se deve de o Espiritismo ser tão complexo quanto fundamental, e, desta maneira, merecer toda a nossa dedicação. Por isso mesmo, faculta uma campo inesgotável a ser explorado, o que ajuda a explicar o quanto que há de bons palestrantes espíritas — e tantos que se proliferam.

1 — Palestra Espírita, o Que É  

Para definirmos o que ela é, podemos nos utilizar do recurso da exclusão, ponderando o que ela não é — ou não deve ser. Um louvor, por exemplo, ela não é, ainda que possa conter doses de louvação. Se fosse, iria se assemelhar à missa ou a um culto evangélico protestante, pois a proposta espírita não é o da eterna contemplação da magnitude da Divindade, mas sim a de progredirmos, aperfeiçoando-nos para alcançarmos a melhor compreensão da espiritualidade — eis o melhor louvor.

As reuniões públicas dos Centros Espíritas que abrem espaço para palestras esperam que elas se transformem, naturalmente, em convite aos assistidos para que façam os cursos doutrinários oferecidos pela casa. Um determinado tema é explorado e uma ligeira aula é passada para que se tenha uma visão panorâmica da posição espírita sobre aquele assunto. Os pormenores — que não foram abordados pelo palestrante — poderão ser tratados a partir do estudo sistemático, ou, por ventura, através de um atendimento pessoal de um trabalhador da casa (e não apenas daquele palestrante), ou mesmo por pesquisa própria do indivíduo que se achar apto a perscrutar os livros, revistas e demais mídias.

2 — O Palestrante Espírita  

O palestrante espírita deve ser espírita.

Para alguns, pode parecer pueril frisar tal sentença acima, mas um exame mais apurado mostrará que a questão é tão profunda quanto capital, não apenas por que tem muito palestrante de ofício se passando por espírita — para vender seus produtos (por exemplos, livros e discos) ou mesmo a própria palestra —, como ainda pelo fato de se esperar santidade daquele que se propõe a pregar um ensinamento fundamentado numa moral.

Portanto, não devemos cobrar perfeição de si ou do indivíduo que se propõe a palestrar, nem mesmo a perfeição técnica no ato de proferir a palestra. Ou seja, estamos sujeitos à falência tanto quanto ao caráter pessoal quanto à faculdade operacional do ofício. Mas devemos nos habilitar para a capacitação nesses dois campos: sermos espíritas de moral e bons palestrantes.  O bom é que a estrada é uma só: ao passo que nos reformamos moralmente e adquirimos vivência, nos tornamos aptos a dividir o que logramos com os demais.

 E quanto ao temor de ser reputado hipócrita? Há, sem dúvida, e bem possível é que qualquer bom orador espírita seja vez ou outra flagrado em contradição com o que aponta na sua palestra. Isso é passível de suceder em casa, no trabalho, com os amigos, etc., onde a correlação de pessoas é intensiva. Mas ele próprio, por ainda estar a caminho da Luz, é também aprendiz de si mesmo, das suas palestras. Por seus ouvidos serem os mais próximos do que sua boca pronuncia, ele é o primeiro ouvinte de sua própria tese.

3 — O Ouvinte  

Já se passou a era dos críticos de profissão. Hoje, todos somos críticos pertinazes e constantes de tudo e de todos — ainda bem!

Se existe a arte da oratória, a de ouvinte também está em curso. Então, a cada palavra que você, palestrante, exprime, incontáveis pensamentos e julgamentos emergem na cabeça daquele te escuta. Não se aceita mais o ditado, mas tudo é medido e pesado.

Vejamos, perscrutando nossos costumes, quando estamos no meio de um diálogo — uma conversa regular, um bate-papo comum —, se sabemos escutar; se aguardamos, oxalá, o final da frase para mastigarmos o sentido de cada palavra; se não interrompemos o interlocutor antes que ele complete seu raciocínio; se sabemos ouvir, numa palavra. Sabemos escutar?

O primordial da palestra é passar uma mensagem, ensinar conceitos, reformar comportamentos, revigorar ânimos, fazer prosélitos, evangelizar e afins. Todavia, dada a crescente qualificação, mais trabalhosa é a tarefa de convencimento, principalmente pela diversidade de dissertações e opiniões, hoje em dia. Para cada ideia que você apresentar, o assistido terá que confrontá-la com várias outras versões dessa mesma ideia, que ele escutou aqui e acolá. Qual a convencerá?

4 —Regras Gerais de Oratória  

 A ambientação bem cuidada favorece a boa palestra: um lugar aconchegante, sonoramente harmonioso e com a devida instrumentação (microfone e serviço de som, quando se tratar de um amplo salão e grande público).

 Por falar em microfone, nunca é o bastante alertarmos para o seu bom uso, desde o modo de como segurá-lo (sobretudo os de fio) até o ajuste do timbre. A intimidade com esse instrumento — “bicho-papão” para tanta gente — se com o devido treinamento, considerando ainda que, de acordo com a aparelhagem de som e as condições do ambiente, cada ocasião requer uma configuração própria. Por isso, se for possível, antes de começar a falar, experimente o microfone e veja a melhor distancia dele em relação à sua boca. A dica máxima é quebrar os bloqueios psicóticos e falar como se o microfone não existisse, compreendendo o seu espetacular valor (ampliar nossa voz). Atenção: não fique dobrando o fio do microfone (algumas pessoas fazem isso para diminuir a adrenalina).

Fuja dos sotaques, vícios de linguagens e manias.

 Sobre a linguagem, aproveitando o ensejo, devemos acrescentar e até advertir — sobretudo para os intelectualizados — que é extremamente importante que se ajuste ao nível dos ouvintes. Cuidemos para não cairmos na tentação de usar um jargão elevado, acima da capacidade de compreensão do povo, ainda mais que a nossa Doutrina está repleta de vocábulos e expressões próprios e costumeiros do meio espírita, que fogem da compreensão comum. Por essa razão, de vez em quando, não custa nada dar uma rápida definição do termo, porque senão, por causa de não se saber do significado de uma só palavra, toda uma palestra termina por incompreendida. “Perispírito”, por exemplo, soa tão comum ao espírita quanto “feijão”. Mas para o leigo, é um “monstro de palavra” — e nem todo mundo tem a curiosidade de aprender novos vocábulos. Assim, não custa nada dar uma rápida definição: “...o perispírito, quer dizer, o corpo espiritual...”

5 — Oratória Clássica e Retórica  

 Sendo a palestre espírita um gênero específico de discurso, faz-se necessário fazer sua diferenciação em relação à Oratória clássica.  

Tradicionalmente, diz-se que a Oratória — a Arte de Falar Bem — se desenvolveu inicialmente por volta do século IV a.C. em Siracusa, que era na antiguidade a maior e mais importante cidade da província siciliana, atual Itália.

O primeiro manual sobre a retórica teria surgido nesta cidade no século V antes de Cristo, supostamente escrito por Córax e seu discípulo Tísias. Córax escreveu a obra para orientar os advogados que se propunham a defender causas de pessoas que desejavam reaver seus bens e suas propriedades espoliados por tiranos.

Há até um interessante conto sobre o aprendizado de Tísias que diz que este se recusou a pagar as aulas ministradas pelo seu mestre Córax alegando que, se fora bem instruído pelo mestre, estava apto a convencê-lo de não cobrar o pagamento pelo estudo. Se este não ficasse convencido, era porque o discípulo ainda não estava devidamente preparado, fato que o desobrigava de qualquer ônus.  

Na Grécia Antiga, mais do que em qualquer outro lugar, a fala tinha indizível valor, chegando mesmo a ser parâmetro para pesar o valor pessoal. 

E no meio de tantas escolas filosóficas, surgiu a Retórica, a arte do convencimento pela eloquência, mas com uma diferença: o retórico propõe-se simplesmente a convencer, convencer e convencer, sem o escrúpulo de considerar a veracidade e integridade da alegação.

Os créditos da Retórica se devem aos sofistas. Estes formaram uma classe de filósofos — ou pseudofilósofos, segundo os seus opositores — que, mediante pagamento, viajavam de cidade em cidade ensinando técnicas de argumentação a fim de que mesmo os naturalmente menos desprovidos de intelectualidade, pudessem usar de artimanhas da linguagem e das ideias associadas para se promoverem na vida social e política. Os sistemas criados eram tão envolventes que qualquer mediano se passava por sábio.

 Atribui-se Demóstenes como o mais eloquente retórico de seu tempo — muito embora fosse gago.

6 — Interação  

 Normalmente, os que fazem indagações ao auditório são os oradores que deixam o público sonolento, com um argumento fraco. Mas, reza a prática, que há sim ocasiões bastante propícias para lançar uma questão no ar. Ei-las: 

Quando a resposta for óbvia: para dar um gás na atenção dos ouvintes e fazê-los se sentirem sabedores, pergunta-se coisas muito fáceis, que todos saibam, pois se você faz uma pergunta e alguém responde errado, fica chato ter que contrariar aquele ouvinte. Além do que, ele pode continuar se achando certo e começar a secar o palestrante.

Quando a resposta é desconhecida: você faz a pergunta com a certeza de que ninguém saberá responder e, portanto, poucos ou ninguém se atreverá a arriscar um palpite. Ao mesmo tempo, o clima de suspensa desperta interesse em saber a solução da questão proposta. Mas é preciso que seja algo realmente interessante. Do contrário, a frustração é garantida e as mentes ativas dos ouvintes elaboraram sentenças como essas: “todo esse drama só para isso?”, “e para que eu quero saber disso?”, etc.

Quando se quer colher opiniões diversas: a intenção aqui é mostrar a diversidade e complexidade da questão, que cada um tem um pouco de razão e ninguém é detentor da verdade absoluta. Assim, que respondam certo ou errado, não terá importância o conteúdo das intervenções do público, mas sim, a somatória da participação deles.

Quando se quer ganhar tempo mesmo: é quando o palestrante perdeu o rumo de que tratava e quer uma pausa para reelaborar os conceitos.

Uma dica interessante, quando se tem uma turma animada e participativa, é ensejar que a plateia complete palavras. Exemplo: “O mecanismo que a Divindade estabeleceu para a constante reformulação do indivíduo é a reen... (ao que o público completa: ...carnação!)”. Mas o recurso só é bem aplicável quando se trata de palavras grandes, as quais o orador fale um ou duas sílabas e já deixe evidente o restante a ser completado — para não ter erro.

7 — Vibração e Magnetismo  

 O próximo passo para a evolução na comunicação humana é a telepatia, quando não mais se falseará a verdadeira mensagem nem a essência do pregador.

 É sabido que o pensamento é a linguagem da espiritualidade e, portanto, a verdadeira mensagem é a que está no íntimo do ser, de onde brota o pensamento — tantas vezes manipulado pelo joguete de palavras.

 No plano espiritual, as entidades superiores podem se ocultar e se abster de revelar seus pensamentos diante dos menos evoluídos e o fazem comumente em determinadas situações, por razões sempre plausíveis, em que haja proveito para ambos. Contudo, o inverso não é possível: os Espíritos jamais se escondem de seus superiores e são conhecidos em todos os detalhes.

Os Espíritos adiantados, porém, estão sempre abertos uns para os outros porque não têm o que ocultar, e nos mundos cujo progresso está bem encaminhado, eles se convivem abertamente pela telepatia.

8 — Daí de Graça...  

 Já que falamos sobre comprometimento, tratemos agora de um assunto sempre polêmico: bônus material.

 Ressaltando o devido respeito aos que pensam contrário, somos francamente favoráveis à proposta de que o serviço espírita deve ser totalmente gratuito: animação musical, atendimento fraterno, terapia mediúnica e, idem, palestra. Como missão apostólica — evangelização mesmo —, não faz sentido o palestrante cobrar pela oratória espírita, pois o exemplo do Cristo é a abnegação. O espírita deve, a nosso ver, ter seu sustento material fora do âmbito espírita. Ele até pode muito bem ter lucros através com palestras de outras naturezas (treinamento para vendedores, impressionismo político, motivação empresarial, etc.), mas não dentro do âmbito espírita.

 Também não vale a cobrança camuflada: tem muita gente que se apresenta para fazer suas supostas palestras espíritas e no fim, vemos que o foco é mesmo o de exposição e feira de produtos como livros e discos. Não que seja errado o palestrante editar e promover obras literárias e outras mídias, mas que esse não seja o ponto primordial — desde que, também, esses produtos não sejam para benefício material do palestrante.  

9 — Fórmulas Modernas  

 Os gregos e sicilianos só tinham o recurso verbal para explanar suas ideias, mas a modernidade nos permite recursos riquíssimos e inovadores para formular uma oratória dinâmica.

Palestra musical

Anexos artísticos  

Aparato audiovisual

10 — Pedagogia Espírita  

Pedagogia de Jesus

Eis alguns apontamentos: 

Valorização do indivíduo: Jesus acredita na realização pessoal de cada indivíduo — “Vós sois a luz do mundo.” (Mateus, 5:14);

Aproximação: procura estabelecer laços com todos — “As minhas ovelhas ouvem a minha voz: eu as conheço e elas me seguem.” (João, 10:27);

Temporização: compreende que tudo tem o seu tempo, que a evolução progressivamente e o aprendizado é cumulativo — “Primeiro a erva, depois a espiga e por último o grão cheio na espiga.” (Marcos, 4:28);

Adequação linguística: Ele exemplifica seus ensinamentos através de parábolas simples e acessível, numa linguagem típica dos camponeses de Seu tempo — O semeador, o filho pródigo, parábola dos talentos, etc.

Convite à reflexão: induz o ouvinte a se questionar e buscar respostas por si mesmo — “Quem foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões?” (Lucas, 10:36);

Estímulo à autoavaliação: Jesus instrui-nos a sermos nossos próprios inquiridores — “Quem dentre vós estiver sem pecado, que atire a primeira pedra.” (João, 8:7);

Dinamização: Conversa, pergunta, narra contos, ensina, exemplifica e até debate sobre si mesmo — “Quem os homens dizem ser o Filho de Deus?” (Mateus, 16:13);

Contato: Vai ao encontro do povo, toca-os, abraça crianças, divide o pão com eles e não reclama das acomodações, da distância, do horário, etc.

Esperança e consolação: prega um melhor porvir, o companheirismo e a recompensa — “Vinda a mim, todos que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” (Mateus, 11:28);

Humildade e comprometimento: promoção da mensagem e não elevação pessoal — “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir...” (Mateus, 20:28). 

Pedagogia de Kardec

Foi discípulo de Johann Heinrich Pestalozzi — o pioneiro reformador dos métodos educacionais — e fiel ao método deste, que propunha um ensino à base da liberdade, da igualdade com singularidade (ver o igual valor entre todos os homens, apesar das diferenças) e do amor ao aprendiz, num sistema que agrega naturalmente a escola à família e vice-versa.

O palestrante espírita tem por dever ler e reler constantemente as Obras Básicas e se guiar por elas.

“A Educação Espírita será a nossa contribuição para o Novo Mundo de Amanhã, sendo ao mesmo tempo a nossa paga aos países que nos deram seus homens, sua cultura e seu gênio para que pudéssemos crescer sob as luzes do Cruzeiro do Sul”. José Herculano Pires

11 — Elaboração  

 Vamos então analisar algumas concentrações de como preparar uma palestra espírita.

O tema e o título

É, antes de tudo, preciso escolher um tema — o que para muitos é causa de aflição, quando se pretende determinar um que seja “forte”.

Esquematização

O esquema de uma palestra é similar à de uma redação: introdução, desenvolvimento e conclusão.

 Comece fazendo um esboço simples: os pontos principais que envolve o tema e o que exatamente se quer dizer sobre ele (objetivo da palestra), levando em conta o comum (o que todo mundo diz) e possíveis elementos novos (o Espiritismo continua evoluindo juntamente com a Ciência comum) e criatividade pessoal (novas formas de exemplificar os velhos conceitos).

Em seguida, rascunhe os procedimentos:

Introdução: breve descrição da palestra; hora de levantar questões, despertar curiosidade e ganhar a atenção do público;

Desenvolvimento: solucionar as questões propostas com um parecer claro e objetivo — de acordo com a Doutrina, evidentemente;

Conclusão: fazer o fechamento com uma argumentação em torno de duas ideias: solicitação (por exemplo: “vamos continuar pesquisando esse tem...”) e motivação (“cada um de nós tem as potencialidades necessárias para conseguir aprender mais sobre isso...”).

12 — Aplausos ou Não  

 Afinal, o palestrante pode ou não pode ser aplaudido?

 O servidor palestrante, voluntário que é, não pode almejar o aplauso, pois cumpre uma função qualquer. A aclamação das palmas não deve ser o seu prêmio e todo aquele que palestra pelo preço da ovação só receberá muito pouco — exatamente isso: no máximo, meio minuto de palmas.  

13 — O que Torna uma Palestra Inesquecível  

Tem um ditado popular que diz: “quem pouco viu, muito se admira”.

Em geral, o que torna uma palestra inesquecível para o expectador é:

Ter aprendido algo: seja uma informação inédita ou uma nova e criativa associação de ideias. Estamos nos referindo a algo realmente útil ao dia a dia, que seja capaz de melhorar a vida prática da pessoa, como uma dica para desenvolver hábitos positivos, melhorar o relacionamento com os outros, oferecer ideias para uma reavaliação de problemas comuns, etc.

Nesse quesito, o Espiritismo tem muito a oferecer, sendo corroborado cada vez mais pelas descobertas científicas atuais;

Ter se sensibilizado: se nada de novo foi aprendido, a palestra pode ser salva quando sensibilizar a pessoa; quando desperta sentimentos, como os de motivação para o perdão, para o autodescobrimento, para enfrentar os desafios do dia a dia. Muitas pessoas vivem num automatismo e precisam de impulsos conscienciais, ou seja, de um choque emotivo para tomarem atitudes mais racionais (sabem das leis, mas precisam se convencer que precisam cumpri-las). Uma palestra pode ser fundamental para o desabrochar de virtudes;

Para esse gênero, uma boa história ou citação (com um forte recado filosófico) é um bom pedido;

Ter se divertido: não queiram primar por essa linha, mas é fato que quando um assunto trivial é tratado — muito sabiamente — com delicadeza e divertimento, quebrando traumas ou bloqueios comuns, o espectador passa a considerá-lo, quando antes desdenhava. Assim, o aprendizado ou a sensibilização vem como mensagem subliminar, disfarçada. Por exemplo: imagine-se num salão espírita e entra o palestrando anunciando que o tema da noite é “pluralidade dos mundos habitados”. É provável que você imediatamente faça aquela cara de quem já não aguenta mais ouvir falar sobre pluralidade dos mundos habitados, seja por que já se cansou de ler sobre isso ou pelo fato de já ter assistido a incontáveis oratórias a respeito. De fato, é um tema bem batido e aparentemente sem muito atrativo, explicável em dois ou três minutos e que não ocuparia todo o tempo de uma palestra. Entretanto, se explanado de uma forma bem divertida e dinâmica, poderá causar grande impacto e abrir o leque para novos aprendizados mais complexos, como: importância de investimentos em pesquisas espaciais, diversidade de planos (planetas físicos, colônias espirituais, postos transitórios de socorro espirituais, etc.).

14 — Exemplo Prático  

Vamos ver na prática como se dá a elaboração de uma palestra. 

1) Para começar, vamos escolher o tema mediante o objetivo principal:

Tema: “O serviço”.

Objetivo principal: falar sobre nossas obrigações dentro do plano reencarnatório. 

2) Definir o título:

“A Arte de Servir”.  

3) Elaboremos ideias básicas que envolvem o tema:

Ajudar sem olhar a quem;

Servir sem ostentação;

Retribuir o mal com o bem;

Servir sem esperar recompensa;

Caridade (material e moral);

Ingratidão;

Voluntariado e o terceiro setor (ONGs).

15 — Conclusão  

 Reforçamos que não temos a pretensão de criar uma cartilha do que deve e o que não deve ser feito e dito e nem impor um padrão de palestra espírita. Queremos simplesmente dar nossa contribuição no sentido da requalificação do palestrante, afinal, tudo se renova e quem quer que creia já ter visto tudo em qualquer quesito, não terá vista nada.

Além disso, devemos tem em conta as novidades que se sucedem vertiginosamente nos tempos atuais. Na época de Kardec, o aprendizado sistematizado quase se resumia pelo recurso da literatura, mas hoje temos uma cesta de mídias dinâmicas (áudio, vídeo, softwares) muito mais eficientes e das quais devemos nos valer.

Colocamo-nos à disposição para críticas e sugestões para uma possível reedição deste trabalho, para que possamos fazer da palestra espírita — esse maravilhoso instrumento — uma das vias da transformação da humanidade.


Resumo das Notas (*)

O livro “Palestra Espírita, Como Fazer”, de Louis Neilmoris (edição revisada em 2011), busca orientar trabalhadores espíritas sobre a arte de comunicar os ensinamentos da Doutrina de forma clara, ética e inspiradora. No prólogo, o autor ressalta a grande variedade e, por vezes, a incoerência das palestras espíritas, que podem confundir ou desviar o público. Isso ocorre, segundo ele, pela falta de preparo e seleção adequada dos expositores. A palestra espírita, lembra o autor, é um instrumento de educação e esclarecimento, e não um espaço para louvores ou pregações dogmáticas. Seu objetivo é despertar o interesse pelo estudo e pela vivência do Espiritismo.

Na definição de palestra espírita, Neilmoris explica que ela deve ser um convite à reflexão e ao aprendizado, aproximando os ouvintes dos cursos doutrinários e do estudo sistemático. O palestrante deve, acima de tudo, ser espírita de convicção e moral, ainda que imperfeito, consciente de que também aprende enquanto ensina. A coerência entre a fala e a conduta é ideal, mas não absoluta, pois todos estão em processo de evolução. O autor ressalta a importância da humildade e da autenticidade: o expositor fala tanto para o público quanto para si mesmo, sendo o primeiro a ouvir e a se transformar pelas próprias palavras.

Quanto à oratória e à interação com o público, o livro orienta sobre a importância do domínio técnico e emocional do palestrante. O ambiente deve ser adequado, o uso do microfone consciente, e a linguagem simples e acessível. A clareza deve prevalecer sobre o exibicionismo intelectual. O palestrante precisa adequar o vocabulário e utilizar exemplos compreensíveis. O autor diferencia a palestra espírita da retórica clássica, destacando que esta buscava apenas convencer, enquanto a oratória espírita busca esclarecer, consolar e moralizar, guiada pela sinceridade e pelo amor.

Neilmoris também enfatiza a gratuidade e a vibração espiritual envolvidas na palestra. O serviço espírita, afirma, deve ser gratuito, inspirado no exemplo de Jesus e nos princípios da caridade desinteressada. A palestra é um ato de doação, e não um meio de lucro. O magnetismo do expositor, a vibração e a sinceridade de seus pensamentos são fundamentais para a transmissão espiritual da mensagem. O livro ainda aborda os recursos modernos da comunicação — música, arte, audiovisuais — que, bem usados, enriquecem a apresentação sem desviar o foco da mensagem.

Por fim, o autor ensina como elaborar e estruturar uma palestra, desde a escolha do tema e do título até a introdução, desenvolvimento e conclusão. Recomenda que o palestrante estude as Obras Básicas de Kardec e siga o exemplo pedagógico de Jesus, que ensinava com amor, clareza e simplicidade. Uma palestra inesquecível, diz Neilmoris, é aquela que ensina algo útil, emociona ou diverte com leveza, despertando reflexões e sentimentos elevados. O livro encerra destacando que não pretende impor regras, mas contribuir para a renovação e o aperfeiçoamento dos expositores espíritas, fazendo da palestra um verdadeiro instrumento de transformação moral e espiritual da humanidade

(*) Resumo feito pelo ChatGPT

 



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