13 abril 2016

Notas do Livro "Oratória Descomplicada"

Notas extraídas do livro Oratória Descomplicada, de Adriane Werner.

Introdução

Desde a Antiguidade, as habilidades de comunicação são admiradas nas pessoas. Para que alguém seja comunicativo, ele não precisa ter nascido com dom especial. Basta um pouco de boa vontade e muito treino. 

A tradição oral era a tônica na Grécia Antiga. Na época, os gregos só liam em voz alta. 

Demóstenes, considerado o maior orador grego, era feio, franzino, gago e cheio de cacoetes. Com muito treino e muito sofrimento físico, como por exemplo, colocar pedras na boca para melhorar a dicção, tornou-se um grande orador. 

Lembrete: em todas as áreas de atuação, os profissionais mais comunicativos tendem a obter melhores resultados. 


Quando falamos, geralmente, falamos para um público heterogêneo. Evitemos, portanto, os jargões próprios de cada área: direito, medicina, economia. 

Jesus Cristo foi o líder que entrou para a história falando com simplicidade. As "parábolas" foram o recurso didático empregado por Jesus, no sentido de atingir tanto os doutores da lei quanto os pescadores iletrados. 

1) Então, é hora de comunicar!

Saber ouvir é mais que simplesmente ouvir. É escutar. Escutar implica prestar atenção, acompanhar o raciocínio do outro e perceber sentido no que se está ouvindo. 

Compartilhando

Paulo chegou em casa e começou a contar a Fernanda, sua esposa, a notícia que acabara de ouvir no rádio: 
— Você soube que a equipe de ciclismo da cidade ficou em segundo lugar na competição estadual?

Fernanda, que também ouvira a notícia, replicou:
— Bem... não vejo tantos motivos para comemorarmos. Apenas duas cidades estavam na competição. Todas as outras se retiraram do campeonato em protesto contra a falta de segurança nas estradas em que acontecem as provas. Você não soube?

Paulo não ouviu toda a notícia. Daí, tirar conclusões precipitadas é também uma forma comum nos dias de hoje de ser um mau ouvinte. 

De Acordo com Stephen Lucas, A Arte de Falar em Público, tradução de Pinheiro Lemos, publicado em 2003 pela LTC do Rio de Janeiro, temos quatro tipos de escuta: apreciativa, empática, abrangente e crítica. 

Escuta apreciativa. É aquela em que se escuta por prazer ou por diversão. É o caso de apresentações musicais ou de shows de humor.

Escuta empática. É aquela em que o ouvinte está preocupado em emitir sinais de confiança, de apoio emocional, para o emissor. É o que acontece em consultas psicológicas, psiquiátricas, ou mesmo quando estamos na plateia observando um colega discursar e, pelo olhar ou por um sorriso, emitimos sinais de aprovação para dar mais autoconfiança ao colega. 

Escuta abrangente. É aquela em que o ouvinte se preocupa em compreender a mensagem. Como exemplos da escuta abrangente, temos as diversas situações de sala de aula ou mesmo a escuta atenta para acompanhar o passo a passo de uma receita. 

Escuta crítica. É aquela em que o ouvinte se preocupa em avaliar a mensagem, para aceitá-la ou rejeitá-la. 

Detalhe: Comunicar-se é muito mais do que falar bem.  

2) Eu e a linguagem: o conteúdo

Tudo comunica. Todos os elementos, desde a linguagem corporal, as roupas, a tonalidade da voz, até a fala e o próprio silêncio, emitem mensagens que são importantes no contexto da comunicação. 

Como ministro da propaganda, Goebbels era também uma espécie de ghost-writer e assessor de imprensa de Hitler. Todos os discursos e os gestos de Hitler e dos outros líderes, bem como todas as estratégias de comunicação do regime eram traçados por Goebbels. 

Winston Churchill, um dos maiores críticos ao nazismo alemão, foi também um orador extraordinário. Eis algumas frases célebres deste pensador e estadista:

"Só tenho para oferecer sangue, sofrimento, lágrimas e suor." 
"Engolir as más palavras que não se dizem nunca fez mal a ninguém."
"Política é quase tão excitante quanto a guerra, e quase tão perigosa. Na guerra, você é morto uma vez, mas em política várias vezes."
"Problemas que vêm com a vitória são mais agradáveis do que os da derrota, mas igualmente difíceis."
"Um otimista vê uma oportunidade em cada calamidade. Um pessimista vê uma calamidade em cada oportunidade."

Quais os objetivos da sua fala?

O primeiro passo para iniciarmos o planejamento é sabermos o que desejamos com nossa apresentação: informar, persuadir ou entreter. 

Como estruturar uma fala: início, meio e fim. 

A introdução: "A primeira impressão é a que fica." Normalmente, as pessoas prestam mais atenção a quem lhes parece simpático e firme em suas colocações. 

Dica: para "quebrar o gelo" sem ofender ninguém e, assim, provocar a empatia com o grupo, podemos utilizar o chamado senso de ocasião. É o que acontece quando elogiamos o lugar, uma pessoa ou fazemos uma alusão à data ou à época em que estamos. 

Certa vez, George W. Bush, que era famoso por suas gafes, levando um livro dessas pérolas, disse: "Hoje estou sem criatividade. Vou repetir uma gafe antiga". 

Desenvolvimento. Antigamente, considerava-se que o tempo médio de concentração era de até 50 minutos (o tempo de uma aula nas escolas e nas universidades). Hoje, com o desenvolvimento da chamada Sociedade da Informação, o tempo é bem menor. 

Na conclusão, é a oportunidade de deixar marcas, de ser lembrado pelo público. A importância de um bom desfecho: objetividade e concisão. A última frase deve ecoar. 

Resumindo: a introdução é o primeiro momento e dever ser impactante para despertar a atenção do ouvinte. No desenvolvimento, são apresentados os argumentos propriamente ditos, com citações, números, exemplos, histórias etc. Já na conclusão, deve-se apresentar uma amarração, um desfecho de todo o conteúdo. A última frase deve também ser bastante impactante, para que fique registrada na mente do ouvinte. Portanto, uma frase de efeito bem elaborada dá força ao discurso. 

3) Eu comigo mesmo: a linguagem corporal

No tocante à linguagem corporal, devemos lembrar que tudo comunica uma mensagem. Assim como um ambiente desorganizado transmite uma imagem de que a empresa toda é desorganizada, também a pessoa que não tem cuidados com sua imagem transmite a ideia de que é descuidada com tudo. 

O objetivo do gesto é ilustrar a fala. O gesto não pode ser redundante nem contraditório em relação às palavras que expressamos. 

Gesticule pouco, mas de forma significativa. 

Devemos, sim, olhar nos olhos dos nossos interlocutores, mas com suavidade para que nosso olhar não as intimide. 

Pesquisas mostram que mais da metade da percepção das pessoas está na maneira de falar do orador, e não no seu conteúdo. 

Um bom exercício é ler em voz alta, prestando atenção à entonação que se dá a cada frase. Estamos fazendo a pontuação de forma correta? Lemos a vírgula com vírgula, o ponto como ponto e a exclamação como exclamação? 

Quem tem o hábito de falar rápido deve lembrar-se de desacelerar um pouco a velocidade e abrir bem a boca para falar. 

Resumindo

No contexto da comunicação, não são apenas as palavras que comunicam mensagens. Tudo é informação. Por isso, os gestos, as expressões faciais, a voz, a movimentação do corpo e a postura devem também ser bem trabalhados para que o conjunto todo seja harmônico. 

Os gestos, por exemplo, devem transmitir segurança e naturalidade. As expressões faciais devem reforçar o conteúdo verbal, sem artificialismos ou afetações. A voz deve ser natural, mas passar assertividade e força. E a postura, por fim, deve transmitir a altives de todo o conjunto comunicativo. 


4) Eu e o outro: portar-se bem

Não devemos julgar os outros, mas os outros podem nos julgar pela nossa vestimenta. 

Para nos comunicarmos bem em determinado ambiente, temos de saber como nos portar nele. 

Harmonizar-se com o ambiente. 

Os exageros sempre potencializam as possibilidades de erros. A ousadia deve estar nos detalhes. 

Quanto mais discreto for nosso visual, menos "poluídas" serão nossas informações. 

Conclusão

Não se intimide pelo medo de errar, todos nós cometemos erros de português — alguns "cacos" humm, é..., né — e só aos poucos conseguimos eliminá-los. A prática é a melhor escola. Por isso, não perca as oportunidades que a vida lhe der de colocar em prática essa arte tão fascinante da oratória. 

Não deixe de planejar a sua fala. Nunca pense "na hora dá tudo certo...". Sim, planejar é um ato de humildade. Porque quem acha que não precisa de um plano para fazer um discurso comete os "pecados" do excesso e da autoconfiança — o primeiro passo para a decadência. 

WERNER, Adriane. Oratória Descomplicada. Curitiba, Paraná: Editora Ibpex, 2013








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