Replicar. Responder a objeções, contestar,
refutar. Em se tratando da leitura, é a postura do leitor com relação ao autor
de um livro.
Numa leitura interpretativa, temos: 1) concordar com
o autor, pela interpretação de suas palavras básicas; 2) apreender as
principais proposições do autor, descobrindo suas sentenças importantes; 3)
conhecer os argumentos do autor, achando-os ou construindo-os, na sequência das
frases; 4) determinar que problemas o autor resolveu e que problemas não
resolveu, e ver à que ponto ele reconhece isso.
Ler um livro é como conversar. A conversa entre um livro e seu leitor devia ser metódica, cada parte falando por sua vez sem interrupções. Se, no entanto, o leitor for indisciplinado e impolido, é tudo, menos metódico.
O proveito de uma boa conversa é aprender alguma coisa. Nesse caso, o leitor tem o dever e o direito de replicar. Se o livro é, dos que transmitem conhecimentos, a finalidade do autor é instruir. Ele procurou ensinar? Procurou convencer ou persuadir seu leitor de alguma coisa? Mesmo que o leitor esteja convencido do aprendizado, deve, ainda, completar pelo trabalho da crítica, pelo trabalho de julgar, pois há uma tendência em pensar que um bom livro está acima da crítica do leitor médio. Temos de nos tornar iguais ao autor.
Estamos esquecendo que a palavra “dócil” se prende à
raiz latina que significa ensinar ou aprender. O leitor mais dócil é, portanto,
o mais crítico.
Retórica é comunicação entre os homens. Qual o propósito
da comunicação? É o desejo de convencer e persuadir. Assim sendo, devemos convencer a respeito de
assuntos teóricos e persuadir a respeito de assuntos que afetam a ação ou
sentimento.
Não se deve começar a réplica antes de ter ouvido, cuidadosamente, e de ter compreendido. Concordar, sem compreender, é vão. Discordar, sem compreender, é desonesto.
Notas do Capítulo XII — "A Arte de Replicar", do livro A Arte de Ler, de Mortimer J. Adler.
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