Escrever bem não é tarefa fácil. Exige um esforço pela clareza, pela concisão,
pelo uso correto das palavras, pela aversão aos jargões, pela superação dos
bloqueios de escritor, pela organização das ideias. A poetisa,
escritora e professora Betty Sue Flowers cunhou uma sigla que resume bem o
trabalho de escritor: LACJ: em português seria
Louco-Arquiteto-Carpinteiro-Juiz.
Louco — Nesta fase, há a
procura de informações em livros, jornais, revistas, TV, rádios e demais fontes
de informações. São ideias que vamos anotando sobre o tema, no sentido de obter
o maior número de dados que, em princípio, estão desconectados. Aqui não há restrição
moral, nem técnica, nem se são verdadeiros ou falsos. O trabalho é o de
garimpagem, anotando tudo em uma folha de papel. Assemelha-se à “tempestade de
ideais”, ao brainstorming.
Arquiteto — Como bem sabemos, o arquiteto planeja casas, edifícios, distribuindo da melhor maneira os espaços disponíveis. No caso da escrita, organiza as informações e prepara um esboço mesmo que simples. O arquiteto vai elaborar um plano que se fundamenta na regra básica do discurso — começo, meio e fim. O objetivo, porém, não é atingir o ouvinte, mas o leitor.
Carpinteiro — nessa fase,
deve-se escrever o mais rápido possível — sem se preocupar em aperfeiçoar o
texto. As correções virão depois. Não percamos tempo tentando corrigir e
melhorar o texto. Se optarmos por essa ação poderemos ter o “bloqueio do
escritor”. Mantenhamos o juiz bem longe de nossa vista.
Juiz — Por último vem o
juiz, aquele que decide. É hora de pesar as palavras, preencher lacunas,
ampliar algo e abreviar outro tanto. Lembremo-nos da frase atribuída a Blaise
Pascal: "Se tivesse mais tempo, a minha resposta seria breve”. Ela
reflete a ideia de que, muitas vezes, a clareza e a concisão exigem mais tempo
e reflexão do que uma resposta longa. Por isso, um único rascunho pode não ser suficiente
para a abordagem do tema.
Como vemos, há sempre um nova maneira de fazer o mesmo trabalho. Tenhamos
sempre em mente o exercício da boa escrita.
Fonte de Consulta
GARNER, Bryan A. A Arte de Escrever bem no Trabalho. Tradução Paulo Afonso. Rio de Janeiro: Sextante, 2022. (Coleção Harvard: um guia acima da média)