18 fevereiro 2025

Processo de Redação

Escrever bem não é tarefa fácil. Exige um esforço pela clareza, pela concisão, pelo uso correto das palavras, pela aversão aos jargões, pela superação dos bloqueios de escritor, pela organização das ideias. A poetisa, escritora e professora Betty Sue Flowers cunhou uma sigla que resume bem o trabalho de escritor: LACJ: em português seria Louco-Arquiteto-Carpinteiro-Juiz.

Louco — Nesta fase, há a procura de informações em livros, jornais, revistas, TV, rádios e demais fontes de informações. São ideias que vamos anotando sobre o tema, no sentido de obter o maior número de dados que, em princípio, estão desconectados. Aqui não há restrição moral, nem técnica, nem se são verdadeiros ou falsos. O trabalho é o de garimpagem, anotando tudo em uma folha de papel. Assemelha-se à “tempestade de ideais”, ao brainstorming.  

Arquiteto — Como bem sabemos, o arquiteto planeja casas, edifícios, distribuindo da melhor maneira os espaços disponíveis. No caso da escrita, organiza as informações e prepara um esboço mesmo que simples. O arquiteto vai elaborar um plano que se fundamenta na regra básica do discurso — começo, meio e fim. O objetivo, porém, não é atingir o ouvinte, mas o leitor. 

Carpinteiro — nessa fase, deve-se escrever o mais rápido possível — sem se preocupar em aperfeiçoar o texto. As correções virão depois. Não percamos tempo tentando corrigir e melhorar o texto. Se optarmos por essa ação poderemos ter o “bloqueio do escritor”. Mantenhamos o juiz bem longe de nossa vista.

Juiz — Por último vem o juiz, aquele que decide. É hora de pesar as palavras, preencher lacunas, ampliar algo e abreviar outro tanto. Lembremo-nos da frase atribuída a Blaise Pascal: "Se tivesse mais tempo, a minha resposta seria breve”. Ela reflete a ideia de que, muitas vezes, a clareza e a concisão exigem mais tempo e reflexão do que uma resposta longa. Por isso, um único rascunho pode não ser suficiente para a abordagem do tema.

Como vemos, há sempre um nova maneira de fazer o mesmo trabalho. Tenhamos sempre em mente o exercício da boa escrita.

Fonte de Consulta

GARNER, Bryan A. A Arte de Escrever bem no Trabalho. Tradução Paulo Afonso. Rio de Janeiro: Sextante, 2022. (Coleção Harvard: um guia acima da média)