A argumentação presta-se a muitas
interpretações. No silogismo, é a apresentação de premissas, cujos raciocínios
devem nos levar a uma conclusão. De um modo geral, é advogar em causa própria,
justificar comportamentos, condenar ou enaltecer pessoas. Pode ser também o
método pelo qual uma pessoa — ou um grupo — intenta um auditório a adotar uma
posição, um comportamento. Os argumentos são bons quando nos levam a uma
conclusão verdadeira; maus, quando nos afastam da verdade.
Aristóteles, nos Tópicos, tratou a
argumentação sob a ótica do raciocínio lógico; na Retórica, como um
modo de persuadir o auditório. Nos Tópicos, parte de premissas
(conhecimentos certos), que levam a conclusões verdadeiras. Na Retórica,
parte de opiniões admitidas, que levam ao raciocínio dialético. Em todo o caso,
é sempre em função de um auditório que devemos desenvolver qualquer
argumentação.
Embora a teoria da informação utilize a
argumentação, o seu objetivo difere fundamentalmente da argumentação
propriamente dita. Na teoria da informação, há um emissor, uma mensagem e um
receptor. Quer-se apenas transmitir uma mensagem (com lógica ou sem lógica). Na
argumentação, a comunicação exige um raciocínio (indutivo ou dedutivo) que
conduza a uma conclusão. Nesse caso, o emissor deve convencer o auditório pela
boa argumentação.
A argumentação é útil a todos os indivíduos, mas
muito mais ao expositor, porque terá que observar o elo de ligação de seu
raciocínio para não cair em contradições, ou seja, falar uma coisa e concluir
com o seu oposto, com a negação da tese. Observe que isso é muito comum de acontecer
na fala natural das pessoas. Elas pregam a fraternidade, o interesse do grupo,
mas suas ações caminham para o lado oposto, incitando a desunião.
A verdade é sempre verdade, quer queiramos
suportá-la, quer não. Por isso, estejamos sempre abertos para argumentar e contra
argumentar, no sentido de fazer emergir uma verdade que estava oculta,
submersa. A incompreensão de hoje pode ser a luz do dia seguinte. Lembremo-nos
de que todos devem ter tempo para absorver novas verdades. A imposição de
ideias não condiz com Espíritos superiores; eles deixam brechas, inspirações,
para que o ouvinte tome a sua própria decisão.
Construamos bons argumentos, mas não nos apeguemos
demasiadamente a eles. Há casos, em que a fluidez do raciocínio deve
prevalecer, para o bom andamento dos negócios.
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