A comunicação pode ser dividida em: 1) atos que comunicam certo
comportamento ou estados emocionais (comunicação do
comportamento); 2) atos que comunicam certo conhecimento ou estados
mentais (comunicação intelectual). Em toda comunicação há os ruídos,
ou seja, as interferências entre a emissão da mensagem e a decodificação por
parte do receptor. As avarias na percepção do signo vão desde a forma incorreta
de ouvir uma conferência até as dificuldades semânticas na comunicação
internacional.
Diz-se que as abelhas se comunicam através da "dança", as
formigas por intermédio dos "toques nas antenas", os pássaros pelos
"cantos" e os seres humanos pelos "gestos". Será isto
comunicação? Sim, mas pertencem ao grupo da comunicação dos estados
emocionais. Contudo, difere da comunicação essencialmente humana, que
transfere certos conhecimentos e certos estados mentais.
O ato de comunicação realiza-se da seguinte maneira:
uma pessoa faz uma declaração; a outra pessoa, ouvindo esta declaração, compreende-a,
isto é, experimenta estados mentais análogos (não os mesmos do declarante). Em
contraste com a comunicação emocional, a comunicação intelectual pressupõe a
compreensão da mensagem, pois as tarefas intelectuais de comunicação só podem
ser desempenhadas por uma linguagem de palavras, uma linguagem
fônica (ou sua forma escrita).
Anotações sobre as dificuldades de compreensão.
1) Uma criança está brincando numa sala de estar. Um observador diz:
"Que criança comportada!" Outro observador, que gosta de móveis mais
do que crianças, diz: "Que criança indisciplinada!" Pode-se notar que
nenhuma destas afirmações nos dá um "mapa" descritivo do
"território" do comportamento da criança.
2) Segundo um relato popular, George Westinghouse projetou um freio de
trem operado por ar comprimido. Após tê-lo patenteado, lutou para convencer os
administradores das ferrovias do valor da sua invenção. Afirma-se que Cornelius
Vanderbilt da Central de Nova York respondeu: "você pretende me dizer,
frente a frente, que um trem em movimento pode ser parado com vento?"
3) Padrões de pensamento entre povos. "O entendimento mútuo e as
relações pacíficas entre os povos têm sido obstaculizados não apenas pela
multiplicidade de línguas, mas também, em grau maior, pelas diferenças dos
padrões do pensamento, isto é, pelas diferenças dos métodos adotados para
definir as fontes do conhecimento e para organizar o pensamento coerente.
Nenhum cérebro pode funcionar livremente sem determinadas suposições quanto à
origem de seus conceitos básicos e sua capacidade de relacionar estes conceitos
com os de outros. Estas suposições têm sofrido mudanças significativas no
transcorrer do tempo e têm variado mais ou menos entre nações e grupos sociais
num dado tempo. Estas diferenças nos métodos de raciocinar têm gerado rancor e
mesmo ódio". (Karl Pribam)
Ainda: o maior bloqueio à comunicação é a
falta de capacidade do homem para ouvir outra pessoa de modo inteligente,
compreensivo e hábil.
Fonte de Consulta
HAYAKAWA, S. I. (Org.). Uso e Mau Uso da
Linguagem. Tradução de Anne Maria Jane Koenig e outros. São Paulo:
Pioneira, 1977 (Biblioteca Pioneira de Arte e Comunicação)
Nenhum comentário:
Postar um comentário