Demóstenes (384-322 a.C.).
Político e orador ateniense. Reconhecendo-se sem dotes precisos para o uso da
palavra, empreendeu rigoroso combate para a melhoria de sua voz. Dizem os
cronistas que "Demóstenes teve de empenhar contra si mesmo um combate
persistente para corrigir os seus defeitos naturais; declamava longos discursos
com a boca cheia de seixos; ia à beira do mar opor a sua declamação aos mugidos
das vacas para se acostumar às tempestades das assembleias populares; colocava-se
perto da ponta de uma espada nua para corrigir certos movimentos desconjuntados
do seu corpo; finalmente, mandava cortar o cabelo rente, para que não pudesse
sair do seu retiro."
A retórica de Demóstenes leva-nos
à Grécia antiga. Observe o apreço que os gregos antigos davam à lógica, à
palavra e à argumentação, pois não havia o advogado de defesa como temos hoje.
Era o próprio litigante que tinha de se defender diante dos juízes. Nessa
época, os sofistas adquirem fama, pois ensinavam, através de remuneração
financeira, as técnicas de convencimento e de persuasão, extremamente úteis
para vencer uma discussão, quer as pessoas estejam ou não com a verdade.
Lembremo-nos de que
Aristóteles distingue três elementos essenciais para a obtenção da persuasão.
A esses elementos ele chama písteis (provas) e os classifica
em subjetivos e objetivos (Retórica, 1356 a). As provas subjetivas são
o ethos e o pathos. As provas objetivas são
fornecidas pelo silogismo retórico (enthymema) e pelo exemplo, que
corresponde à indução dialética. O pathos aparece sobretudo no epílogo,
enquanto o entimema e os exemplos se encontram na argumentação, que constitui o
corpo do discurso.
A tese discursiva de
Aristóteles ainda vale nos dias de hoje. Há um proêmio, um
entimema, um exemplo e, por fim, o epílogo (conclusão).
Esta é a base de um discurso bem ordenado. Os gregos gostavam muito de usar a
memória. Tanto é que não escreviam os seus discursos. Talvez por medo de serem
chamados de sofistas. Conta-se que Demóstenes foi om primeiro orador
a publicar o seu discurso.
Demóstenes, em 355/4
a.C., dá início à sua atividade política, com o primeiro discurso Contra
a Lei de Léptines. Depois, sucederam outros discursos, tais
como, Contra Timócrates, Pelos Megalopolitas, Pela
Liberdade dos Ródios, Contra Aristócrates, Oração da Coroa etc.
A Terceira Filípica, datada de 341, é a peça oratória mais bem
elaborada. Nela o orador não se dirige apenas aos seus concidadãos, mas a todos
os gregos que desejavam conservar a liberdade.
O que podemos extrair
do seu exemplo? O primeiro ensinamento é que somente o trabalho é que enobrece
o ser humano. Mostra-nos que, mesmo tendo dificuldades naturais, consegue pelo
seu esforço, pela sua perseverança e pela sua constância vencer as suas inibições.
Quantos de nós à primeira dificuldade, deixamos para trás os nossos objetivos
mais caros, as nossas esperanças? Falar em público é uma tarefa que exige muita
dedicação. Não nos deixemos vencer pelas primeiras impressões de desânimo.
Falar todo mundo
fala. Falar com polidez é qualidade de poucos, porque exige treino,
determinação e perseverança.
Fonte de Consulta
Demóstenes. As
Três Filípicas: Oração sobre as Questões da Quersoneso. Introdução e
Tradução de Ísis Borges B. da Fonseca. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
(Clássicos)
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