Não pensemos que argumentar é expor os nossos
preconceitos de forma diferente. Argumentar é apresentar razões que fundamentam
uma conclusão. Os argumentos, nesse caso, ajudam a pensar por nós mesmos, no
sentido de defendermos os nossos pontos de vista. O primeiro passo para se
compor um argumento é perguntar: O que queremos provar? Qual é a conclusão.
Para bem argumentar, devemos nos ater a algumas
regras. Eis algumas delas: apresentar as ideias numa ordem natural; partir
sempre de premissas confiáveis; reorganizar os argumentos até encontrar a ordem
mais natural; ser concreto e conciso; evitar termos abstratos, vagos ou
genéricos; evitar a linguagem apelativa; usar um termo sempre no mesmo sentido,
evitando a ambiguidade; para generalizar, usar mais de um exemplo.
As técnicas de argumentação são muito úteis para a
construção do pensamento próprio. Por meio delas podemos detectar uma falácia,
uma ambiguidade, uma má colocação de palavras, o logro político, a falta de
lógica nos raciocínios e as premissas frágeis. Aprendemos também a usar o
contraexemplo, no sentido de testar a solidez de nossos raciocínios ou mesmo
para nos defendermos das más colocações alheias.
Suponha que uma pessoa chega até nós e faça a
seguinte afirmação: toda a humanidade é egoísta. Nós, em contrapartida,
poderíamos lhe dizer que o nosso vizinho é dedicado ao seu filho. Ela poderia
retrucar que o nosso vizinho está fazendo o que quer fazer, e isso continua a
ser egoísmo. Observe que essa pretensa pessoa usou o termo egoísmo em dois
sentidos diferentes: no primeiro caso o egoísmo refere-se ao comportamento
interesseiro, egocêntrico; no segundo, ele estende o termo para ações
não-egoístas.
Para uma boa generalização, devemos reunir mais de
um exemplo. Mesmo assim, podemos representar mal o universo sobre o qual está
sendo feita a generalização. As pesquisas sobre eleições ilustram essa
afirmação. Podemos dizer: todo o mundo no meu bairro apoia fulano de tal;
consequentemente, ele vai ganhar as eleições. E os outros bairros e as outras
cidades? Devemos usar uma amostragem representativa de todo o universo dos
eleitores.
Como vemos, há muitos detalhes a serem tratados na
argumentação. O importante é estar atento ao que dizem as pessoas,
principalmente com os números e os aumentos percentuais.
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