Há épocas em que a cabeça do dirigente, seja de que organização for, fica apinhada de muitas exigências, desequilibrando-o momentaneamente e impelindo-o a tomar decisões mais drásticas. John Heider, no livro O Tao e a Realização Pessoal, fornece diversas orientações aos líderes judiciosos. Sua intenção é lançar luz sobre os acontecimentos, para que o líder possa tomar decisões mais acertadas e com menos estresse.
Algumas frases do livro: “o líder judicioso, estando ciente de como funcionam as polaridades, não pressiona para que as coisas aconteçam, mas deixa o processo se desenrolar por si mesmo”; “o líder não aceita uma pessoa e se recusa trabalhar com outra”; “o líder não é proprietário das pessoas nem controla a vida delas”; “uma vez que a criação é um todo, a separação é uma ilusão. Gostes ou não disto, somos os integrantes de uma equipe. O poder provém da cooperação; a independência, do serviço e o eu mais pleno provém do altruísmo”.
De acordo com os pressupostos do livro, entendemos que o líder judicioso é o indivíduo que deve esquecer de si mesmo e da sua própria posição. Ele não está ali para mandar, mas para coordenar os anseios, bons ou maus, do grupo. Não deve defender este, nem tomar o partido daquele. Em realidade, ele deve captar as vibrações do grupo e agir em função delas. Forçando para que o grupo caminhe para uma determinada direção, perde tempo e trabalho.
O líder judicioso deve estar aberto para o que vier. Suponhamos que ele queira impor as suas ideias. Mesmo que dê resultado, no longo prazo será prejudicial, porque o modo de proceder de alguém foi violentado. O que poderá acontecer? A pessoa, cujo comportamento foi violentado, pode tornar-se menos receptiva e mais retraída. Lembremo-nos de que todos os acontecimentos tomam forma, crescem, trazem as suas lições, declinam e caem no esquecimento.
“Estando presente aos acontecimentos, e consciente do que está acontecendo, o líder pode fazer menos e, ainda assim, realizar mais”. A chave para uma boa administração não é querer fazer muito, intervir a torto e a direito, passando por cima deste e daquele. A função primordial do líder é colocar-se como ouvinte, tanto dos que ofendem como dos ofendidos. Cada qual tem razão no seu interesse pessoal.
O líder judicioso não busca proteger as pessoas. A sua liderança é de serviço esclarecedor e não de egoísmo. Sua meta é lançar luz sobre todos os acontecimentos.